Capítulo 8

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Quando a porta do quarto se fechou atrás deles, Christian tirou os sapatos e foi andando até a janela. Abriu as cortinas e contemplou a vista do prédio ao lado, a Fundação Médica de Palo Alto. O que o fez lembrar de sua mãe, das contas, das responsabilidades e do cachê de acompanhante. E não era bem isso o que ele queria ter na mente naquele momento.

Ele fechou as cortinas e se virou para Ana, que estava de pé ao lado da cama.Ela desviou os olhos e ficou mexendo nas folhas dobradas que trazia nas mãos.Os planos de aula.

Christian se imaginou rasgando tudo e transformando em confete. Apesar de
não saber precisar um motivo, detestara as listas. Em vez de agir de acordo com sua fantasia, ele se aproximou, pegou os papéis e colocou-os cuidadosamente sobre o criado-mudo, então encontrou uma caneta na gaveta e pôs em cima da AULA 1. Se Ana conseguisse se lembrar de marcar os quadradinhos, ele precisaria rever suas técnicas. Christian diminuiu a intensidade das luzes.

__Como eu... o que eu... talvez eu... - Ana levou a mão ao colarinho. __Quer que eu tire a roupa?

__Não sei. Não está no plano de aula. - Ele logo se arrependeu de dizer aquilo. As listas o irritavam, mas ele não precisava tratá-la daquele modo. __Descul...

__Tem razão. Não pensei em incluir isso. - Ela passou por ele e foi até o criado-mudo. Depois de observar a lista por um tempo, se inclinou e pegou a caneta, demonstrando a verdadeira função de uma saia justa para um homem: mostrar a curvatura perfeita de uma bela bunda.

Talvez tenha sido por isso que ele demorou tanto tempo para se dar conta de que ela não sabia o que estava fazendo. Ana não entendia grosseria ou sarcasmo. Talvez tivesse passado a vida mergulhada nos livros e não estivesse acostumada a socializar. Se fosse o caso, Christian estava pegando pesado demais com ela.

__Se eu dissesse que seus planos de aula são ofensivos, como você reagiria? - ele perguntou baixinho.

Ela o olhou por cima do ombro, alarmada.

__Tem alguma parte que preciso reescrever? Posso fazer mudanças. - Ana se virou para o plano de aula e passou os dedos pelo texto, pensativa.

A irritação que oprimia o peito dele se aliviou. Era impossível se irritar se ela não entendia o motivo.

Ana mordeu o lábio e batucou os dedos na mesa cada vez mais depressa, até se virar para ele com um olhar ansioso.

__Eu deveria ter escrito outra coisa que não 'avaliação de desempenho'? Estava me referindo ao meu desempenho, claro. Não tem nada de errado com o seu. Mesmo se houvesse, eu não saberia. Não sou qualificada para julgar...

Antes que ela tivesse um ataque de pânico, ele falou:

__Era uma pergunta hipotética. Esquece.
- Ela pareceu confusa por um instante, mas piscou rapidamente e soltou um suspiro de alívio.

__Ah, tudo bem. - Depois de ajeitar os óculos, se voltou para os papéis e escreveu "de Ana" depois de cada "avaliação de desempenho".

Era um bom lembrete. A questão ali era ajudar no desempenho dela. E só. E daí se ela não via a situação como a realização de suas fantasias secretas, como outras clientes? Christian precisava seguir seu próprio conselho e parar de pensar tanto.

Enquanto ela passava para a segunda folha, ele tirou o paletó, colocou-o sobre o braço de uma poltrona e desabotoou a camisa. Depois de puxá-la para fora da calça, sentou na cama ao lado de Ana. Ela lançou um rápido olhar em sua direção, com a atenção capturada pela porção de pele exposta pela camisa aberta. A caneta parou no meio da anotação e caiu sobre o criado-mudo.

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