Capítulo 20

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Ao longo da semana seguinte, Christian foi aprendendo o ritmo de Ana.

Na cama, ela reagia melhor quando ele ia devagar e murmurava safadezas no ouvido dela. Se quisesse algo mais intenso — fosse o que fosse —, ela se mostrava disposta e ansiosa para agradar. Ele não podia querer uma amante melhor. A ironia da situação não passava despercebida.

Fora da cama, ela se dava bem com a rotina. Acordava todos os dias no mesmo horário, tomava um banho para se livrar dos resíduos do sexo matinal — ele adorava começar o dia com o pé direito —, tomava um iogurte e ficava no trabalho até as seis da tarde. As noites eram de Christian. Mas não ficavam se pegando como dois adolescentes cheios de hormônios — eles preenchiam o tempo com jantares, conversas e silêncios cúmplices que Christian nunca havia experimentado.

No sábado à noite, depois de passar o dia em um museu em San Francisco se revezando em comentários absurdos sobre arte, viram mais um episódio de Laughing in the Wind. Na verdade, ela viu. Christian ficou olhando para ela, penteando seus longos cabelos com os dedos.

Ana apoiou a cabeça no ombro dele, com os olhos voltados para a TV de tela grande pendurada na parede do quarto. De tempos em tempos, suspirava ou ficava tensa, reagindo à história, e suas pernas descobertas se mexiam sob a bainha da mesma camiseta comprida que usava na primeira noite que haviam passado juntos.

Christian não sabia descrever como se sentia ao vê-la com as roupas dele, ou ao tomar conhecimento de que ela guardara a camiseta e sempre a usava para dormir, mas era uma sensação boa. Ele vinha se sentindo bem nos últimos tempos — toda vez que Ana sorria, pedia um beijo ou chegava perto dele, mas também quando nem estavam juntos. Ele passara a semana inteira num estado de euforia, sorrindo ao pensar nela.

Não havia dúvida.

Estava perdidamente apaixonado.

Ele sabia que era só uma coisa temporária, que não era de verdade, que não havia como terminar bem, mas tinha feito algo proibido para um acompanhante profissional: ficara caidinho por uma cliente.

__Então ela salvou a vida dele, mas agora está escondida atrás da cortina fingindo ser uma velhinha. Ele vai ver a cara dela em algum momento? - Ana perguntou, atraindo a atenção dele. __Ele vai se apaixonar por ela?

__Quer mesmo que eu conte?

Ana ficou pensativa por alguns instantes, então fez que sim com a cabeça.

__Quero. Me conta.

Ele deu risada e a puxou para mais perto, beijando sua testa. Ela era séria e pensativa, mas também cheia de caprichos. Christian adorava aquilo.

__Não. Você vai ter que ver para descobrir. - Sem conseguir se segurar, ele beijou seu queixo e mordeu sua orelha. Era muito bom tê-la tão perto. Ele tinha sido feito para amá-la.

Ana cruzou os braços.

__Por que ela não se deixa ver? Está na cara que gosta dele.

__Porque ela sabe que os dois nunca vão poder ficar juntos.

__Por que não?

__O pai dela é um vilão. - Aquilo fez Christian pensar em si mesmo e em seu pai, o que o destroçou por dentro.

__Mas ela não é, - Ana insistiu. __Eles podem dar um jeito.

Christian não disse nada. A heroína da série não era má pessoa, mas Christian ainda estava sub judice. Procurava andar na linha, mas quando as coisas ficavam feias e ele sentia que a vida o sufocava, pensamentos ruins passavam por sua cabeça. Um atalho, uma forma mais fácil de se libertar, uma trapaça. Ele conhecia as pessoas. Seria fácil aproveitar-se delas. Não havia muita coisa que o impedisse de fazer aquilo além de um código de ética um tanto vacilante e o desejo de não seguir o mesmo caminho do pai.

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