Capítulo 27

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Uma campainha tocou baixinho, alertando Christian de que a porta da frente da loja havia sido aberta. Quando ergueu os olhos da costura, ele viu Janie entrando como um furacão na oficina.

__Recebi uma proposta de estágio!

Ele deixou a costura de lado.

__Ei, isso é ótimo!

Grace gritou e foi correndo abraçá-la.

__Estou muito orgulhosa. Parabéns.

__Nem sabia que você tinha uma entrevista, - Christian comentou. __Onde?

Os olhos de Janie brilharam. A mãe deu um tapinha na cabeça dela e voltou para a máquina de costura.

__Na empresa da Ana.

O silêncio retumbou nos ouvidos de Christian.

__Quê?

__Pedi a ajuda dela para conseguir um estágio, e deu certo. Começo daqui a duas semanas. Estou muito empolgada. - Janie começou a dançar sozinha, com um sorriso de orelha a orelha.

__Ela arrumou um emprego para você? - Não era possível. Ana não faria aquilo pela irmã dele.

__Você nunca me falou que ela trabalha na AEA. Todo mundo vai ficar impressionado. Eles pagam seus estudos se você mostrar que tem potencial. Estou feita! Quer dizer, se não pisar na bola.

__Você precisa ligar para agradecer Ana, Christian, - a mãe falou num tom bem sério.
__Isso não é pouca coisa.

As pessoas faziam isso quando um ex arrumava emprego para um parente delas? Haveria um precedente para aquilo? Só Ana seria capaz de coisa do tipo. Como podia não a amar?

Janie estufou o peito e soprou as unhas.

__Em minha defesa, arrasei nas entrevistas. Conversei com os seis econometristas seniores, e eles decidiram por unanimidade que a vaga era minha.

Foi então que ele se deu conta de que Janie tinha falado com Ana. Pouco tempo antes. Seu coração disparou. Ele precisava saber.

__Como é que ela estava?

Os olhos da irmã se endureceram ao ouvir a pergunta.

__Bem. Pareceu ótima,para dizer a verdade.

__Ah... que bom. - Mas a sensação não era aquela. Christian se sentia um merda. Devia ficar contente, mas não conseguia. Queria que Ana estivesse triste sem ele, assim como ele estava triste sem ela.

Ela havia seguido em frente. Uma facada nas costelas seria melhor.

__Pois é. Que bom, - Janie falou.

A mãe lançou um olhar de advertência para ela, que simplesmente cruzou os braços e ergueu o queixo.

Christian se afastou da máquina de costura.

__Já que chegou, vou encerrar mais cedo hoje.

Ele entrou no carro sem nenhum destino em mente. Só sabia que precisava sair dali.

Janie começaria no primeiro emprego em breve. A saúde da mãe andava boa.
Ana estava seguindo em frente.

Todo mundo progredia, menos ele.

E o que o impedia? As despesas médicas tinham acabado, e ele não precisaria mais trabalhar como acompanhante. A mãe queria que ele parasse de trabalhar na loja. As grades de sua jaula tinham sido eliminadas, mas Christian continuava no mesmo lugar, com medo de se mover.

Talvez fosse o momento de mudar aquilo.

Ele parou o carro diante do restaurante da família de Steve. A campainha tocou quando ele entrou. Seu primo recolhia a louça suja em um carrinho e limpava as mesas com um pano. A hora do almoço tinha acabado, e ele estava sozinho no salão — a não ser pelos peixes de água doce que viviam no aquário que ocupava uma parede inteira.

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