Capítulo 21

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Uma semana depois, Ana ainda não sabia em que pé estava seu projeto de seduzir Christian. Ele parecia feliz — e ela sabia que estava —, mas o primeiro mês chegava ao fim, e ela não tinha certeza de que o acordo seria renovado.

Naquela noite, jantaria de novo na casa da mãe dele. Ela vasculhou seu cérebro em busca de maneiras inteligentes de pedir conselhos à família dele. Se havia alguém que o conhecia, eram aquelas mulheres. Mas como não levantar suspeitas de que havia alguma coisa errada em seu relacionamento? Todos achavam que o namoro era real.

Ana entrou sem tocar a campainha, conforme as instruções de Christian, e tirou os sapatos de salto, deixando-os junto à parede. Pareciam minúsculos ao lado dos sapatos de couro dele, mas ela gostou de vê-los juntos. Aquilo a agradava num nível quase irracional.

Colocou uma caixa com peras na mesinha, perto do buda de bronze, então grunhidos e respirações ofegantes chamaram a sua atenção para a sala de visitas. Ana foi até lá e ficou olhando para o emaranhado de troncos e membros no carpete ao lado do piano. Parecia ser Christian com uma garota. Ana normalmente ficaria com ciúmes, mas eles não pareciam nada felizes.

__Desiste logo, - Christian grunhiu.

__Não, minha chave de braço estava encaixada. Você só conseguiu sair porque toma bomba.

__Eu não tomo bomba, e você só conseguiu me pegar porque eu não queria esmagar seus peitos.

__Da próxima vez vou mirar no seu saco.

Olhando mais de perto, Ana viu que lutavam. Como sucuris em um embate mortal, ambos se recusavam a soltar.

__Que tal declarar um empate? - Ana sugeriu.

__Oi, Ana. - O rosto da irmã de Christian estava coberto por uma cortina de cabelos escuros, então ela não fazia ideia de qual delas era. Havia muitas. __Sua namorada está aqui, Christian. Desiste.

__O jantar fica pronto em dez minutos. - A vermelhidão no rosto dele era preocupante, mas totalmente culpa dele, pelo que Ana podia ver. __Falo com você em um segundinho.

__Só se você desistir. Quem é que manda aqui? - a irmã perguntou enquanto apertava a gravata em torno do pescoço dele.

__Não uma pirralha como você.

Os dois rolaram no carpete, chutando e esperneando.

__Vou cumprimentar sua mãe e sua avó, - Ana falou. Ela preferia ter a companhia de Christian ao falar com as duas, mas parecia que aquilo ainda ia demorar um bom tempo.

Nenhum dos dois respondeu. Provavelmente não tinham oxigênio para desperdiçar falando.

Ela adentrou a casa, que era bem maior do que aparentava do lado de fora. A mãe e a avó de Christian estavam sentadas na sala de estar, descascando e picando toranjas enquanto conversavam no ritmo musical do idioma vietnamita. Dois homens vestidos de macaco e porco voavam na tela da TV sem som.

__Oi... Wai? - Ela fez uma mesura desajeitada com a cabeça. Não conseguia fazer o movimento necessário com a língua para pronunciar a palavra vietnamita para avó, ngoa.i.

A mulher sorriu e acenou para que ela se sentasse no sofá de couro gasto. Como sempre, tinha um lenço na cabeça, amarrado sob o queixo. Era adorável.

Ana acenou para a mãe dele.

__Oi, Grace. -  Ela se sentou no local indicado, sentindo o estômago vazio e os músculos tensos. Apesar de já terem se encontrado algumas vezes, ela ainda ficava nervosíssima diante da mãe de Christian. Cada palavra precisava ser bem medida antes de sair de sua boca, cada gesto precisava ser pensado. Ela não queria estragar tudo de novo. Grace era a mulher mais importante da vida de Christian. A ideia de pedir conselhos sobre ele desapareceu de imediato diante da ansiedade.

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