Doce amargura

Prólogo

– SOCORRO!
Mais uma vez, acordo de um pesadelo que, na verdade, é uma lembrança de 8 anos atrás e que ainda me atormenta. Ao olhar para o despertador, percebo que falta apenas alguns minutos para ele tocar; por isso, me levanto, faço a minha higiene matinal e, depois, começo a me vestir. Coloco uma saia preta e uma camisa de manga curta vermelha e, para completar, um blazer da mesma cor que a saia e um sapato de cano alto vermelho para combinar com a camisa. Passo uma maquiagem leve, baseada em um rímel e um gloss que destacam os meus lábios cheios.

Depois de me vestir, simplesmente prendo o meu cabelo em um coque alto e me dirijo à cozinha. Pego uma fruta qualquer, pois estou super atrasada e ainda tenho que preparar tudo para o novo chefe. Pego a minha bolsa e saio correndo, pois o Uber já deve estar prestes a chegar. Nem sempre vou para o trabalho de Uber; afinal, tenho de economizar para poder enviar dinheiro para a minha mãe, mas hoje, como eu preciso chegar antes no trabalho, não posso esperar o ônibus, pois ele só passa daqui a 1 hora.

Chegando na empresa, eu pude ver que ela estava um pouco vazia; só se encontravam os seguranças e mais alguns funcionários. Subo para o décimo quarto andar, onde fica a minha sala e a sala do Chefe.

Hoje, muitos funcionários tiveram que vir mais cedo, pois com a morte repentina do antigo chefe, o seu filho vai vir começar a trabalhar por aqui, e precisamos organizar tudo para a sua chegada.

Já são 8h e o senhor Dark já deve chegar; ele vai vir direto para a empresa, pois já fazia dois meses e meio em que o pai havia morrido, e estávamos sem um CEO legítimo. Eu já conversei com o senhor Dark algumas vezes pelo telefone e, em todas as vezes, eu pude reparar em que o homem era um GROSSO, sério, tudo com letra maiúscula; não dava para ter uma conversa civilizada com o homem sem receber uma patada. Mas eu estou me controlando para não o mandar ir (para aquele lugar), pois ele acabou de perder o pai; então, pode ser apenas uma fase.

Já são 8h e 40, e o homem ainda não chegou. Confesso que não estou tão ansiosa com a sua chegada, porém, eu sei que se algo der errado, é capaz dele demitir todos nós que estamos envolvidos com a sua volta ao país.

Estava arrumando algumas pastas quando ouvi o barulho do elevador se abrindo e, levantando os olhos, encontrei um par de olhos azuis vibrantes acompanhados por um lábio carnudo e uma barba rala.

Ele tem a maior cara de pervertido.

Vou descendo o olhar e AH, MEU DEUS, QUE CORPO; ele vestia um terno sob medida de cor azul que mostra todo o seu corpo musculoso. Volto a subir os olhos para o seu rosto e o encontro com um sorriso sensual nos lábios; meu Deus, que homem.

– E então, gostas do que vês – diz ele com uma arrogância que tira todos os pontos que tinha ganho com a sua beleza.

– Confesso que és bonito sim, mas nada que eu não tenha visto antes – falo com um atrevimento que nem mesmo eu sabia que tinha. Logo vejo o mesmo abrir um sorriso sacana.

– Se quiseres, te mostro a diferença do meu corpo com os que já vistes antes – diz ele com um sorriso convidativo.

– Não, mas obrigada; caras como você não me atraem – digo para ferir o seu ego, e também porque sei que não teria coragem de me envolver. – E o senhor é muito velho, com todo o respeito aos idosos. – Logo vejo o seu sorriso se transformar em uma expressão dura.

É ponto para mim, consegui tirar o sorriso audacioso do rosto deste morenão gato.

– Bom, agora vamos ao que interessa, senhor – dou um ênfase na palavra senhor e vejo ele me olhar com raiva. – Quem é o senhor e o que faz aqui? – Dessa vez, eu pude ver um sorriso se formar em seu rosto perfeito, e então, ele estica a mão e fala, me fazendo querer que o chão se abra para eu poder entrar.

– Prazer, Aiden Dark – faz uma pausa – Seu CHEFE.