O PESO DA CRUZ QUE CARREGO

Capítulo 1

Acordo uns minutos antes do meu alarme das seis tocar e opto por cancelar o alarme já que estou acordada, saio da cama e caminho na direção das janelas para abrir as cortinas e logo que faço isso sinto uma brisa sobre as minhas maçãs me fazendo corar levemente.
Decido ir tomar um banho rápido para mais logo ver o que o dia me trará, entro na casa de banho e ligo o chuveiro, enquanto a água aquece prendo os meus fios ruivos num rabo-de-cavalo despachado e pego no colgate e na escova de dentes, escovo os dentes e os meus pensamentos acabam me levando para a minha infância quando tudo era mais simples e eu aproveitava mais Madrid, adorava tanto ir ao parque del retiro mas infelizmente a vida que escolhi não me dá tempo para relembrar esse tipo de sítios.
Acabo de escovar os dentes e entro no chuveiro para um banho rápido, cinco minutos depois já estou a enfiar as minhas calças de ganga pretas meio rasgadas, uma camisola de malha preta e escolho um par de botas coturno de salto.
Vou até a cozinha para preparar o meu café quando escuto o meu telefone vibrar na bancada, nem sequer me lembrava de tê-lo deixado na cozinha, quando desbloqueio vejo que é uma mensagem da Bella a pedir para nos encontrarmos para almoçar Café del Río que fica bem perto da minha casa, respondo-lhe que lá estarei e volto a focar-me em preparar o café. Vou até a sala e sento no sofá, pego no meu pc e ligo, decido que para ocupar o meu tempo até a hora do almoço irei fazer relatórios sobre as minhas últimas pesquisas, realmente fiquei ocupada tempo suficiente para a hora do almoço com a Bella, pego na camisola e na carteira e saio de casa.
Decido fazer o trajeto a pé já que o Café é bem perto e o tempo está muito agradável para uma caminhada. Quando chego entro e logo é-me indicada a mesa de fora, vejo logo Bella e ela levanta-se para me receber.

- Naz, como estás? - perguntou enquanto estendia os seus curtos braços por cima dos meus ombros para me dar um abraço.

- Estou ótima e tu?- pergunto e acrescento - Pareces-me muito feliz.

- Aiiii, estou muito feliz mesmo e também estou bem. - respondeu com um sorriso e retribui-o enquanto nos sentávamos.

Creio que sou a pessoa mais suspeita para falar deste sítio porque adoro demais a paz e o conforto que sinto quando estou aqui, e sem falar da comida que é maravilhosa. Costumava cá vir com a minha mãe quase todos os dias para almoçar e uma vez a outra o meu pai fazia-nos compania, infelizmente eles tiveram que viajar sem me dizer para onde iam mas que seria por uma boa razão.
O garçom vem até a nossa mesa entregar os menus e depois retira-se para podermos nos decidir, ao fim de alguns minutos entre dúvidas sobre o que iríamos comer, decidimos pedir Paella valenciana que é um prato super bom e que dá para duas pessoas, eles trazem numa panela aberta um arroz recheado com frango e diversos legumes, para beber escolhemos ambas sumo natural de manga.
Chamo o garçom e ele anota os pedidos, voltando com as bebidas cinco minutos depois.

- Então Nazlin, tens tido muitas encomendas? - pergunta e desvia o seu olhar do meu.

- O mesmo ritmo de sempre. - prefiro não dar detalhes para o bem dela, embora o ritmo dos meus trabalhos não tenha alterado.

Antes que ela possa perguntar mais alguma coisa o meu telefone toca, quando abro a carteira vejo que é o telefone que uso para os meus servicinhos, um número não identificado está a ligar-me e atendo meio receosa:

-Alô?

-Nazlin querida, não vens dar-me as boas vindas? - pergunta em tom de brincadeira a voz do outro lado da linha.

- Hank? - pergunto e logo que escuto a gargalhada sei que é mesmo ele por isso continuo - estás de férias cá na Espanha?

- Férias? - ri-se e continua - não me lembro qual foi a última vez que tive férias minha querida, bom... o assunto é outro, preciso que venhas a Barcelona amanhã cedo para conversarmos.