Capítulo 18

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Acabamos por passar o resto da tarde na Rosi La Loca entre um cocktail e outro, fomos dar uma volta de carro sem nenhum destino, apenas aproveitando a boa conversa que fluía entre nós, nem sei explicar o quão diferente eu me sentia ao lado dele, sentia-me uma Nazlin completamente diferente, confesso que esse sentimento começou a deixar-me confusa porque eu já não estava a conseguir saber se era a fingir ou se realmente me sentia assim, eu tenho que me controlar mais porque isso pode acabar interferindo na missão e a vida dos meus pais e milhares de americanos está nas minhas mãos, preciso agir o mais rápido possível. Enquanto conversávamos Aslan recebeu uma mensagem de uma de suas funcionárias e então olhou-me e disse que tem uma surpresa para mim, fomos para casa do Javier e quando lá chegámos mais da metade dos guarda-costas não estavam presentes, quando perguntei o Aslan acabou me dizendo que o pai teve que fazer uma viagem e quando isso acontece os guardas também vão, sinto aqui uma boa oportunidade para fomentar mais desconfiança entre eles.
Quando entramos na casa somos recebidos pela governanta que nos leva até a mesa que fica no jardim para podermos almoçar embora já tenha passado da hora do almoço, abrimos as travessas para ver o que era o almoço e logo fomos invadidos por um aroma agradável vindo da feijoada com feijão preto, o cheirinho da picanha estava de dar água na boca, ainda bem que não almoçamos lá onde estávamos porque seria um desperdício perder essa feijoada gostosa.
O meu telefone toca enquanto ainda estávamos comer, olho e vejo que é o número da Alexis e digo-lhe que irei retornar, assim logo que acabei de comer afastei-me o suficiente do Aslan para poder falar com Alexis e então liguei-lhe.

- Finalmente Nazlin, demoraste uma vida. - reclamou.

- Olha desembucha porque não tenho o dia todo, também tenho as minhas próprias encomendas.

- Juro que se eu pudesse eu já teria me livrado de ti.

- Podes ter certeza que é recíproco, agora desembucha.

- Preciso de ti daqui a uma hora, tive que dar cabo de um dos nossos homens enquanto estavas de férias. - disse ironicamente - e agora nós as duas somos responsáveis por mandar as encomendas para a Rússia até o teu pai arranjar alguém de confiança.

- Verei o que faço. - escuto Aslan me chamando - que tipo de encomendas?

- As clássicas, substâncias para fazer bombas.

- Vemo-nos no quarteirão a seguir ao meu antigo apartamento. - digo.

- Não te atrases. - diz antes de desligar.

Vou ter com o Aslan e digo-lhe que tenho que ir ter com uma amiga porque ela não está bem e ele mostra-se preocupado mas digo-lhe que não é nada grave, que ela apenas precisa desabafar e que logo que der eu voltaria para casa dele. Ligo para um táxi e passados alguns minutos ele chega, já na estrada mando mensagem para Alexis para ela ir ficar no local combinado, dou a localização ao motorista, alguns minutos depois já lá estava e também a Alexis, entro no carro da Alexis e ela mostra-se feliz por me ver mas da maneira dela, fizemos todo o caminho em silêncio criando abertura assim para que eu voltasse a mergulhar nos meus pensamentos, preciso livrar-me dos guardas, preciso livrar-me do Javier e preciso descobrir o que realmente aconteceu com a sua esposa, esse pensamento fez-me recordar da reação dele quando viu que o Aslan mostrou-me a foto dela, foi sem duvidas uma reação muito estranha e despertou em mim ainda mais curiosidade, preciso ter acesso ao escritório da casa dele ainda hoje.
Ao fim de uns trinta minutos já tínhamos chegado no local combinado e foi então que trocamos de carro para podermos conseguir carregar todas as caixas térmicas, assim que acabaram de meter as caixas e arrancamos para o aeroporto perguntei a Alexis do que se tratava a encomenda, respondeu que nas caixas tinham gás de cianeto e que numa das caixas tinha um frasco a mais, logo que ela disse isso já sabia como iria me livrar dos guarda-costas.
Quando chegamos ao aeroporto os homens do Sergei descarregaram as caixas para do carro e eu pedi para que me entregassem um frasco e assim o fizeram, saímos do aeroporto e Alexis foi deixar-me num ponto de táxis, guardei o frasco na minha carteira e enquanto o taxista conduzia até a casa do Aslan conectei o meu telefone ao frasco porque ele só abre quando a pessoa autoriza, por ser um gás muito perigoso e mortal criou-se um frasco seguro para armazenar caso contrário todos estaríamos mortos. Chego em casa do Aslan e ele vem receber-me logo na porta com um abraço, entramos na casa e fomos até a cozinha preparar uns petiscos, porque as trabalhadoras já estavam nos seus compartimentos, acabamos de preparar os petiscos e subimos para o quarto do Aslan, fiquei a reparar discretamente se não tinham câmeras pela casa e não vi nada mas é preciso ter a certeza antes de fazer as coisas.

- Aslan. - chamo-o enquanto ele abre a porta.

- Sim querida? - vira-se para mim.

- Aqui não tem câmeras pois não? - finjo estar meio incomodada.

- Claro que não, porque perguntas?

- Acho que o teu pai não gostou de mim, seria estranho ele descobrir que passei a noite aqui enquanto ele não está. - baixo os ombros.

- Podes ficar tranquila, aqui podes entrar em qualquer sítio a vontade, até no escritório do meu pai. - disse a rir.

- Não brinques com a situação Aslan a sério. - dou-lhe um empurrão na brincadeira.

- Ok, mas falando a sério agora. - abre a porta para eu passar - só não podes entrar numa sala lá em baixo porque é lá onde o meu pai faz as reuniões importantes.

- Não vou nem passar perto da porta. - rimo-nos

Deitamo-nos e Aslan colocou uma comédia das antigas para assistirmos enquanto petiscávamos, não chegou nem na metade da comédia e Aslan já tinha caído no sono, a respiração dele estava bem pesada, levanto-me sem fazer barulho e saio do quarto, fecho a porta bem devagar, desço as escadas e logo vou para a sala levar a minha bolça, cuidadosamente tento abrir a porta da sala das reuniões do Javier e para a minha sorte não estava trancada, empurro a porta devagar e quando entro deparo-me com uma mesa de reuniões enorme, tiro o frasco do cianeto e fixo por baixo da mesa, vejo que tem um computador em frente da cadeira que acredito ser do Javier e quando o ligo confirmo as minhas suspeitas, era mesmo dele, coloco um aparelho para sugar as informações do computador sem deixar rastros, lembro-me de colocar uma escuta fixa em baixo da mesa e assim o faço, ao fim de dez minutos já tinha tudo feito, saio da sala e volto a colocar a minha carteira na sala, vou até a cozinha e sirvo um copo de água, sento-me na bancada para apreciar o jardim e logo escuto os passos do Aslan a descer as escadas.

- Fiquei assustado ao ver que não estavas ao meu lado. - diz ao entrar na cozinha.

- Desculpa, não queria te acordar mas acabei perdendo o sono.

- Queres ir dar um mergulho? - pergunta sorridente.

- Aonde? - olho pela janela - não vejo nenhuma piscina no quintal.

- A piscina está aqui dentro.

- Uuu interessante.

Aslan pega a minha mão e conduz-me até uma grande parede meio isolada dos outros compartimentos e quando empurra o que parecia ser a parede dou de cara com uma piscina maravilhosa, entramos e ele volta a fechar a porta, era um espaço relaxante, tinha cadeiras para relaxar, redes de descanso e tal, quando dou por mim Aslan já estava na água e de lá dentro gritava o meu nome para que eu também entrasse, ignorei todos os meus pensamentos que diziam para não o fazer e saltei para a água, o sorriso do Aslan era de ponta a ponta, voltei a mergulhar e fui ao encontro dele, enquanto limpava a água dos meus olhos olhos senti umas mãos molhadas porém quentes a pegarem as maçãs do meu rosto e sem que eu pudesse reagir Aslan beija-me e naquele preciso momento era como se o mundo inteiro tivesse parado por nossa causa, os seus lábios estavam quentes e era como se encaixassem perfeitamente nos meus, por mais que eu tentasse não retribuir o beijo com a mesma intensidade foi impossível porque a verdade é que gostei imenso e no fundo era o que eu realmente queria.

O PESO DA CRUZ QUE CARREGO Onde histórias criam vida. Descubra agora