Capítulo 13

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Quando acordo fico meio assustada ao perceber que não estou no meu apartamento como havia deixado claro ao Aslan, levanto-me e vou até a porta, quando abro dou de cara com Aslan que aparenta estar mais preocupado do que antes, ele passa a mão pela minha testa e depois olha-me fixamente até que finalmente quebra o silêncio:

- Como te sentes? - pergunta com um leve sorriso para disfarçar a preocupação.

- Estou mergulhada num mar de sentimentos. - digo.

- Como assim? - franze a testa.

- Eu deixei bem claro que íamos ficar no meu apartamento e quando acordo estou sei lá aonde!

- Calma Naz, eu vou explicar tudo direitinho mas primeiro quero que venhas comer algo.

Acho que não consegui disfarçar a minha cara de espanto ao ouvir ele a chamar-me de Naz, que intimidade é essa afinal, eu simplesmente odeio quando alguém que não sou próxima chama-me de Naz mas tenho que admitir que não fiquei assim tão incomodada com o facto dele ter me chamado assim, digamos que fiquei apenas surpresa não só por ele ter me chamado assim mas também pela maneira suave que ele proferiu carinhosamente o meu nome. Aslan leva-me para a cozinha, muito modesta por acaso, com uma mesa cheia de bolos, salgados, sandes, um verdadeiro banquete sem duvidas, é nesse momento que reparo que na verdade estamos numa espécie de cabana no meio do nada, vou até a janela e vejo um grande rio em frente da cabana, um paraíso na terra.
Sentamo-nos na mesa e Aslan oferece-me uma chávena de café, quando pego nela reparo no quão descuidado ele está, o Aslan a minha frente não era o mesmo do evento de umas noites atrás, este tem um ar mais agradável e o cabelo todo desarrumado deixa-o mais atraente, afasto esses pensamentos da minha cabeça e tento focar-me na missão que é fazer ele se apaixonar por mim custe o que custar.

- Estás muito aérea. - diz Aslan e eu volto a realidade.

- Só estava a pensar em como este sítio é tão agradável. - pego numa das sandes e dou uma grande mordida.

- Come nas calmas Naz, aqui tens todo tempo do mundo. - rimo-nos.

- Agora podes explicar-me o porquê de estarmos aqui?

- Não preferes acabar de comer primeiro? - abano negativamente a cabeça e ele então continua - de uma forma resumida podemos dizer que devido a influência do meu pai para a sociedade Espanhola, nós temos muitas pessoas que querem nos causar mal.

- Percebi o resumo mas quero detalhes, como disseste temos todo tempo do mundo aqui. - digo olhando fixamente para ele.

- As coisas não são assim tão simples Nazlin! - levanta-se da mesa e sai da cabana.

Fico a processar o que acabou de acontecer por alguns minutos e decido procurar a minha bolsa, levanto e vou até o quarto, reviro o armário e não encontro absolutamente nada, estava tudo vazio, caraças, eu precisava mesmo da minha carteira e foi nesse momento que lembrei-me que deixei tudo em casa, MERDA, só me faltava essa, sem que eu me apercebesse Aslan entra no quarto e vê-me irritada, pergunta o que se passa e eu decido fazer um drama bem básico, começo a dizer que não quero estar perto dele, quero continuar com a minha vida, que estava farta desse mistério todo e para a minha surpresa ele pega no meu braço e me puxa para perto dele, me envolve com os seus braços e tenta acalmar-me. Pergunta se quero ir dar uma volta pelo jardim e eu digo que sim, sinto que vai ser uma boa oportunidade para avaliar os recursos que tenho para começar atacar, logo que saímos somos envolvidos por um ar frio mas bem aconchegante para o normal, em Madrid o frio costuma ser de rachar os ossos mas naquele momento o frio estava agradável para o normal, a medida que nos afastamos da casa vejo alguns dos seu homens posicionados, Aslan repara nisso e logo afirma que é só por precaução e que eram apenas quatro homens, ótimo agora já sei por onde começar. Caminhamos por entre diferentes plantas onde a maioria é venenosa mas as pessoas que as tem em casa não tem noção disso e como já era de se esperar o Aslan também não tinha noção disso, continuamos a caminhar por mais uns dois minutos até que avistei perto de uma roseira enorme a planta mais venenosa e fatal, a espirradeira, em quase todas casas tem e o azar de muitos é não ter noção do quão fatal ela é, apesar de ser tão bonita, são nesses momentos que vejo que o tempo que vivi no Japão e apreendi sobre plantas foi muito útil, agora tenho que arranjar uma maneira de durante a noite sair para levar um pouquinho dessa planta, continuamos a caminhada até o lago e Aslan pergunta se não quero dar um mergulho mas eu recuso.

- Vamos lá Naz, tenho certeza que vais gostar e quando estiveres dentro da água já nem vais sentir frio.

- Mas eu nem tenho outra roupa que não seja essa que estou a usar. - digo enquanto pego na borda da camisola.

- Eu mandei comprar algumas roupas para nós. - disse com um sorriso de ponta a ponta.

- Aff, está bem então. - finjo não querer entrar.

Aslan vem a correr na minha direção e sem que eu pudesse reagir pega nas minhas pernas e me coloca nos seus ombros, sai a correr até o rio e atira-se comigo nos seus ombros, ao cairmos na água ele solta-me e eu mergulho até ao fundo, sinto uma paz incrível e quando nado para superfície Aslan estava com um sorriso enorme, o cabelo dele todo caído e molhado era algo maravilhoso de se ver, ele nada até mim a sorrir, pega nos meus ombros e me puxa para dentro da água, ficamos ali a brincar como duas crianças até que começou a escurecer e o frio aumentou, saímos da água e começamos a caminhar em direção à cabana.

- Gostaste? - perguntou com um sorriso.

- Sim gostei muito.

- Então porque não querias entrar antes?

- Sei lá... não costumo fazer esse tipo de coisas normalmente. - faço uma pausa e continuo - tu és diferente do que eu esperava.

- As pessoas têm muito para esconder Nazlin. - diz e baixa a cabeça.

- Sei bem disso e como sei. - digo baixinho.

- Mas deixa-me dar-te um conselho tá bem? - espera uma reação minha e continua - as melhores experiências da nossa vida acontecem quando não pensamos muito, então não te impeças de viver boas memórias porque o mundo lá fora é pesado demais Nazlin, tu nem fazes ideia.

- Podes ter certeza que faço. - digo.

O PESO DA CRUZ QUE CARREGO Onde histórias criam vida. Descubra agora