O PESO DA CRUZ QUE CARREGO

Capítulo 2

Acordo e o quarto ainda está escuro, deve ser madrugada ainda, tento levantar sem fazer muito barulho, Bella está a dormir profundamente e o seu semblante está tão angelical, ela é bonita mesmo a dormir. Vou até a sala a procura do telefone para confirmar as horas e encontro na mesinha de centro, são quatro horas, ligo para um táxi que por coincidência estava por perto por isso desço rapidamente.
Entro no táxi e logo perco-me nos meus pensamentos, na vontade que tenho de estar nas mantas nesse friozinho gostoso da madrugada mas infelizmente ainda tenho seis longas horas de estrada pela frente até Barcelona, sem me aperceber chego em casa e o taxista chama-me fazendo com que volte a realidade, pago e desço, sinto-me tão cansada talvez por ter bebido e dormido tão pouco por isso decido preparar uma caneca de café puro logo que entro em casa para ver se afasto essa vontade de dormir. Enquanto bebo o meu café vou até o quarto para preparar uma pequena mala, tiro duas calças de ganga pretas e uma jeans azul escuro, umas camisolas de malha e jaqueta, meto tudo na mala e vou até a sala, abro a pequena parte cortada no meio do tapete da mesa de jantar e levanto o pedaço de chão artificial que o tapete cobria, lá está o meu cofre que abro com o pouquinho da minha saliva, tecnologia de ponta, retiro duas armas nove milímetros e uma AK-47 preta e coloco em uma sacola, bebo todo resto do meu café e decido tomar um banho bem rápido, visto uma saia preta de couro que desenha muito bem a minha cintura, coloco um par de botas coturno pretas e uma camisola de malha verde esmeralda, prendo o cabelo num rabo-de-cavalo e pego nas minhas malas.
Vou até a garagem e decido que irei do meu BMW M8 preto, abro a porta e entro, meto as malas nos pés do banco ao lado, ligo carro e logo o som maravilhoso do motor ecoa por toda garagem, logo que saio da garagem me deparo com uma silhueta a vir na minha direção e quando presto atenção vejo que é Bella e honestamente não consigo evitar uma certa irritação porque afinal que merda é essa dela estar na minha casa as cinco horas, visto que, ela sabe que tenho uma viagem, baixo o vidro do carro e ela inclina-se.

- Bella afinal que merda é essa? - pergunto já bem puta da vida.

- Eiii calma aí, só fiquei preocupada quando acordei e já não estavas lá. - diz com um olhar triste.

- Eu tenho uma longa viagem Bella e é por isso que sai. - confesso que saiu num tom mais frio do que esperava.

- Tu és mesmo uma insensível e cruel, eu só me preocupo contigo e nem demonstras um pouquinho de empatia!! - diz Bella bem irritada.

- Então por favor volta para casa e vai dormir porque eu e a minha falta de empatia temos seis horas de estrada. - não espero uma resposta e subo o vidro.

Sem vontade de prolongar ainda mais a conversa arranco e quando olho pelo retrovisor vejo de relance Bella a limpar o rosto, confesso que não queria lhe magoar mas as vezes é necessário ser dura com ela porque se não o for então estarei a pôr a vida dela em risco, acelero e passo a uma velocidade constante de cem, ao longo do caminho diversos pensamentos sobre a noite anterior me consomem e para piorar foi o que Bella disse antes de cair no sono, isso nunca deveria ter acontecido e agora não sei o que fazer porque tudo que faço para me afastar dela parece ser em vão porque a senhorita sempre arranja uma maneira de voltar a entrar na minha vida. Os meus pais tinham lhe mandado para Itália e repentinamente numa bela noite escuto a minha campainha tocar e lá estava ela em MADRID, fiquei tão surpresa em lhe ver que não consegui proferir nenhuma palavra, mas o pior ainda estava por vir, eu pensava que ela vinha de férias e do nada ela me diz que COMPROU uma casa, sem sombra de dúvidas Bella já estava a perder a noção do perigo porque ela sabe muito bem o tipo de vida que levo até porque foi assim que nos conhecemos.
A fome já estava a tomar conta de mim e decido parar numas bombas para abastecer e comprar algumas coisas para comer ao longo da viagem, compro algumas bolachas, chocolates, um sumo, água e volto a pôr o pé na estrada, ainda tinha um longo caminho pela frente, volto a perder-me nos meus pensamentos mas dessa vez não tinha haver com Bella e sim com a minha vida no geral principalmente nas escolhas que fiz, o pensamento é interrompido por uma ligação vinda do meu telefone de serviço, olho para a tela e o número não estava identificado, conecto com o carro e atendo.