Capítulo 16

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Os dias foram passando e a minha relação com o Aslan foi se intensificando cada vez mais, isso fez com que a cada dia que passasse o sentimento de querer descobrir o que realmente aconteceu com a mãe dele crescesse dentro de mim, afinal de contas essa estória está para lá de esquisita porque não é possível ele dizer que a mãe morreu de câncer e a avó dizer que o Javier e a sua família estão envolvidos na morte da filha dela, honestamente algo me diz que a avó está a falar a verdade, agora resta saber se o Aslan sabe e mentiu ou se mentiram para ele esse tempo todo.
Desço as escadas e quando vou para cozinha encontro Aslan sozinho a comer uma sandes, pergunto da avó e ele diz que ela saiu com um dos funcionários para fazer compras já que faltavam dois dias para o fim de semana e geralmente ela sempre tem hóspedes, sento-me ao lado dele e ele olha fixamente para mim, deve ter sentido que tenho algo importante para falar porque não passou muito tempo e perguntou se estava tudo bem, obviamente eu disse que sim e achei melhor não dar muitas voltas, disse-lhe que queria voltar para cidade porque havia deixado muitos assuntos por resolver e já se passou uma semana e meia, a princípio ele não concordou com isso devido o risco de vida que estaríamos a correr e eu o tranquilizei, porque no fundo eu sabia que na verdade o perigo aqui sou eu. Esperamos a avó voltar e logo que chegou contamos-lhe a nossa decisão, ela não mostrou-se nem a favor e nem contra a decisão que tomamos, limitou-se apenas a preparar o almoço para nós e depois de devorar a comida com muito gosto nos pusemos na estrada. Por incrível que pareça eu não fazia a menor ideia de onde estávamos e o quão longe poderia estar de Madrid visto que passei a maior parte da viagem depois de sair do laboratório inconsciente, pergunto ao Aslan e ele responde que estamos Malaga Estepona que fica a cinco horas de Madrid, nunca tinha visitado esta cidade, confesso estar surpresa e feliz por ter vivido nesta cidade os melhores dias da minha vida.
Chegamos em Madrid e já estava a escurecer, peço ao Aslan para deixar-me num ponto de táxi e ele recusa, diz que quer deixar-me em casa mas insisto que tenho assuntos para tratar, que precisava ir sozinha e ele acaba cedendo, deixa-me no primeiro ponto de táxi e para a minha sorte ainda tinha um táxi disponível, entro no táxi e peço para que me deixe no endereço do meu antigo apartamento. Quando lá chego toco a campainha e logo depois Danno abre-me a porta com um ar surpreso, vou direto ao meu quarto para tomar um duche bem rápido e quando acabo volto para sala e vejo que Luke estava com Danno.

- Ora viva Nazlin. - diz Luke com um sorriso - como foram as tuas férias?

- Não comecem a me irritar por favor. - tento conter o meu sorriso mais é inevitável.

- Conta-nos com detalhes, isto nem foram férias e sim uma lua de mel bem prolongada. - brinca Danno e eu lanço uma almofada para a cara dele.

- Malta foco... peço para que liguem ao Hank, precisamos fazer com urgência uma reunião.

Após dizer isto Luke e Danno trocam olhares e caem numa gargalhada, reviro os olhos na brincadeira e vou sentar-me no sofá, Danno conecta o computador à televisão e liga para Hank através de uma aplicação de vídeo chamada exclusiva do FBI, quando Hank atende tem a mesma reação que Luke e Danno tiveram, pronto agora tenho três patetas para aturar, ao fim de uma eternidade a gozarem com a minha cara conto-lhes tudo o que aconteceu e incluindo sobre a suspeita morte da mãe do Aslan e o que a avó disse, Hank não mostra-se interessado com a morte da mãe de Aslan e muda de assunto perguntando como consegui dar cabo de dois guardas no meio do nada, para o azar dele eu não revelo os meus truques, a reunião continua a fluir as mil maravilhas mas algo dentro de mim quer descobrir a verdade sobre a mãe do Aslan.

- Desculpa mas vou ter que voltar a repisar no assunto da morte da senhora Javier, sinto que aí tem algo importante. - digo.

- Nazlin, o que tu farás depois de descobrir o que aconteceu com ela? - faz uma pausa - vais contar ao Aslan? E depois?

- Hank...

- Nazlin a tua missão é recuperares a informação roubada do FBI e eliminar todos, não te esqueças disso. - diz Hank antes de desligar a chamada.

Logo depois do Hank desligar a chama levanto-me e despeço-me dos rapazes, Danno tenta falar comigo mas não lhe dou corda para tal, desço as escadas e já na estrada caminho em direção ao ponto de táxis mais próximo, a noite estava muito fria e a roupa que trago no meu corpo não é assim tão quente, continuo a caminhar por uns cinco minutos até que vejo um táxi a deixar uma senhora idosa, acelero o passo e quando finalmente alcanço o táxi vou falar com o taxista para saber se dali ele tinha que ir buscar alguém e ele diz que poderia subir, peço para que vá ao endereço do bar de Bella e para a minha sorte as ruas estavam pouco movimentadas por isso não demoramos muito para chegar no bar da Bella, quando o taxista estaciona peço para que me espere e então entro no bar para ir ter com Bella. O bar não estava muito movimentado talvez por ser meio de semana, vou direto a sala de Bella e encontro ela sentada numa poltrona a ler, quando ela ergue os olhos consigo notar um ar de surpresa ao me ver, digo que preciso conversar com ela em minha casa e sem dar muitas voltas ela diz que precisa informar a um dos funcionários para fechar o bar, saímos da sala e logo Bella vai dar as instruções, cerca de cinco minutos depois estávamos já no táxi a caminho da minha casa.
Quando chegamos subimos logo e Bella ficou bem admirada com o luxo do prédio, começando pelo elevador, quando entramos no apartamento ela ficou simplesmente boquiaberta e não conseguiu conter o comentário:

- O FBI não poupou nos gastos. - comentou enquanto apreciava a decoração.

- Ainda não viste nada. - digo e bato palmas três vezes - desligar às câmeras e os micros!

- Câmeras e micros desligados. - avisa a voz da casa.

- Uau... isto foi bem incrível. - comenta Bella com um ar chocado.

- Tecnologia de ponta.

- Oh podes crer.

- Bella...preciso dos teus conselhos. - faço sinal para nos sentarmos - acho que posso estar a gostar do Aslan de verdade.

- Tens a certeza disso?

- Bom... eu disse que acho né, então é porque não tenho certeza Bella. - rimo-nos.

- Estava distraída perdão. - encosta-se no sofá e continua - mas porquê dizes isso?

- Sei lá... deve ser porque passamos muito tempo juntos e durante esse tempo ele fez-me experimentar sensações tão simples mas que eu nunca tinha sentido, percebes?!

- Percebo sim Naz, mas não podes te esquecer que estás numa missão. - olha fixamente para mim - não achas que esse sentimento pode interferir na missão?

- Ah Bella, eu realmente não sei de mais nada, talvez o que estou a sentir é algo passageiro e não um gostar verdadeiro.

- Eu cá acho que estás a começar a ficar apaixonada. - diz com um sorriso.

- Porquê dizes isso? - pergunto curiosa.

- Eu não sei aonde tu estavas e nem o que aconteceu lá mas uma coisa podes ter a certeza, voltaste mais leve e quando dizes o nome dele os teus olhos brilham.

- O que eu faço Bella?! - sinto os meus olhos a encherem-se de lágrimas.

- Tem uma frase de um filósofo que acho que conheces, chama-se Pitágoras, e ele diz purifica o teu coração antes que o amor entre nele, porque até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.

- Não percebi muito bem Bella. - digo confusa.

- O tempo irá te fazer perceber.

O PESO DA CRUZ QUE CARREGO Onde histórias criam vida. Descubra agora