11_ Qual o seu nome?

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Ao contrário da reação tão desesperada quanto a minha que eu esperava do garoto, ele não esboçou nenhuma. Exatamente isso. Ele não esboçou reação alguma quando eu disse que estávamos trancados naquela biblioteca. 

Ele olhou para mim, não disse nada e apenas abaixou o olhar para voltar a ler. 

Franzi as sobrancelhas e quase gritei perguntando qual era o problema dele, mas me contive e apenas comecei a voltar na direção da saída. Tentei novamente sacudir as enormes portas daquele lugar, mas era como se eu nem estivesse tentando, elas nem se moviam. 

Corri na direção de todas as janelas que pude encontrar, mas nenhuma delas abriam. 

ㅡ Meu Deus... ㅡ O ato de respirar começou a se tornar algo muito pesado, o lugar parecia ficar pequeno a cada segundo e meu coração começou a acelerar muito. Apertei minha cintura olhando de um lado para outro e sem perceber me ajoelhei no chão. A última vez que eu havia sofrido uma crise de claustrofobia foi aos 9 anos quando fiquei presa sozinha num elevador. Eu lembro que chorei tanto que meus olhos incharam muito. Sentir aquela mesma sensação depois de tanto tempo me fez voltar a sentir aquele medo terrível que eu queria esquecer. 

Abracei meu próprio corpo abaixada no chão e apertei os meus olhos. Senti passos apressados se aproximarem de mim e abri meus olhos encontrando aquele olhar de  cor castanho mais escuros e brilhantes que eu já havia visto. 

Minha respiração aos poucos foi se aclamando enquanto eu me sentia enfeitiçada por um par de olhos. Encarei-o pelo máximo de tempo que pude enquanto me perguntava o mlotivo por minha fixação. 

O rapaz tocou em uma de minhas mãos e me puxou para que eu me levantasse. Ele me diregiu de volta a escada a me fez andar até o terceiro andar. Eu não tive voz e nem tempo para perguntar o que ele estava fazendo, pois assim que andamos mais um pouco pelo terceiro andar, uma brisa leve acariciou o meu rosto atraindo meu olhar para uma janela aberta.

Corri na direção dela e respirei sentindo o maior alívio de toda a minha. Me inclinei para fora segurando a borda da janela com minhas mãos e até me permiti sorrir. O som das ruas estava de volta assim como o ar puro. Foi como se minha alma voltasse para dentro do meu corpo.

Estava me inclinando um pouco mais quando senti as mãos do rapaz na minha cintura me puxarem para trás. 

Olhei para ele com uma careta.

ㅡ Cuidado. ㅡ Falou de forma breve me permitindo ouvir sua voz pela primeira  vez. Não vou dizer que eu não espera que ela fosse assim, ele realmente tinha um jeito diferente, mas é que eu estava tão acostumada com a voz dos nerds e dos garotos idiotas da minha escola que a dele me surpreendeu. Era, digamos, mais grave. Do tipo, mais madura e tinha um toque leve de roquidão. 

Virei-me para ele que se sentou no chão apoiando as costas em uma das estantes. 

ㅡ Então, você fala? ㅡ Perguntei atraindo o olhar dele para mim novamente. 

ㅡ É o que parece. ㅡ O rapaz apoiou sua cabeça na estante revelando que parte de seu pescoço era tatuado. Ele fechou os olhos e eu, sem alguma outra alternativa, me sentei de frente para ele apoiando-me na outra estante. 

Aproveitei que ele estava com os olhos fechados e continuei o analisando. Seu maxilar era tão rígido. Sua pele bem clara e eu também notai que em suas mãos haviam tatuagens que pareciam seguir por seu braço. 

Respirei de forma pesada. Ele era tão intimidador e ao mesmo tempo tão atraente.

ㅡ Que? ㅡ Ele abriu os olhos e percebeu que eu o estava encarando.

ㅡ Nada. ㅡ Engoli em seco. ㅡ Digo, obrigada. ㅡ Ele continuou me encarando. ㅡ Po-por me ajudar. ㅡ Gaguejei. Olhei para a janela que me dava a visão do céu estrelado. ㅡ Como sabia que aqui tinha uma janela aberta? 

Um Clichê de Última Hora - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora