— EU VOU MATAR VOCÊ! — Thais quase arranca a porta do batente, gritando comigo. Sei disso por toda a expressão em seu rosto de “vou acabar com você” — TREZE DIAS, LUÍSA, TREZE DIAS!
Ela para a menos de quinze centímetros de mim. Vejo seus olhos brilharem, a linha d'água quase transbordando. Seus lábios tremem quando ela ergue o indicador para mim, em uma tentativa de intimidação.
— Nunca mais faça isso de novo, está ouvindo? Nunca mais... — seus pensamentos quebram.
Eu a agarro, antes que ela termine, em um abraço apertado e trêmulo.
— Me desculpa. — sussurro, acariciando sua cabeça, enterrada em meu pescoço. — Eu precisava disso. Desculpa. — repito.
Eu a seguro por todo o tempo que ela precisa para se recompor. Culpa sufoca minha garganta. Entendo o que ela está sentindo. Sei exatamente como eu ficaria em uma situação inversa.
— Você não vive sozinha.
— Eu sei — concordo — Eu sei.
Tatá puxa ar pelo nariz, fungando, e se afasta, fingindo uma quase indiferença ensaiada.
— Qual é o tipo deturpado de preconceito que você tem contra atender o celular? Olhar suas mensagens? Até e-mail eu te mandei, Luísa!
Eu não sei como ela consegue ser ainda mais expressiva gesticulando do que é falando, mas ela consegue.
— Vicente mandou cartas. — aponto.
Ela observa a pilha de papel na minha mesa de cabeceira com uma careta.
— Uh, que brega. Eu deveria ter feito isso.
Jogo-me de costas na cama, rindo.
— O método dele também não deu muito certo.
Com um suspiro, Thais cai ao meu lado, envolvendo minha mão na sua.
— Você vai ter que me contar o que fez enfurnada nesse quarto por treze dias, Lulu.
E eu conto.
Com todos os detalhes, eu conto. E é como viver tudo de novo, mas agora há uma paz no meu peito que não estava lá antes.
Thais sorri e chora, me abraça e segura minha mão em todos os momentos certos.
Nós continuamos grudadas quando termino de falar. Até que ela se afaste um pouco para que eu possa vê-la sinalizar.
— Mas não foi só por isso que você me chamou, foi, sua pequena traidora?
Não consigo evitar uma risada.
— Não.
Ela bufa com indignação.
— Eu sabia! É claro que conversar comigo não seria o objetivo principal.
Dou um tapa em seu ombro, sem força.
— Pare de fazer drama.
Ela estreita os olhos pra mim, pronta para protestar, mas não deixo espaço.
— Preciso que faça algo para mim.
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Último Som
Romance"A vida inteira, meu mundo foi feito de sons. Cores se convertiam em notas, formas tornavam-se acordes. E tudo convergia em uma melodia infindável, incomparável. Minha alma. A música me reivindicou, me tomou pra si, me escolheu. Tudo o que vejo é m...