Dias nublados de um futuro perdido...

Capítulo 11

Até mesmo para ser livre, o ser humano precisa estar preparado? Ou ele já nasceu sabendo ser livre? A liberdade pode se tornar outro tipo de prisão? Ou será que, apenas o medo de ser livre, é o que, de fato, realmente nos aprisiona? Bem, respostas assim, para tais perguntas, só o tempo e o amor, que muitas vezes são inimigos, ao invés de aliados, podem responder. Isso quando o tempo e o amor resolvem se aliar por um bem, que, por ventura é, e consegue ser, muito maior do que eles mesmos...

Sem a marca de Caim, Martin finalmente pôde salvar os seis jovens da profecia, com a ajuda de Josy e Thomas, mas mesmo livres, alguns dos escolhidos não pareciam muito felizes com a sua liberdade. Mia ainda estava confusa em relação aos seus sentimentos por Miguel, que por sua vez, também estava muito confuso em relação ao que sentia pela garota, que odiou por tanto tempo. E não eram apenas seus sentimentos confusos que deixavam Mia meio melancólica, o sumiço de seu pai também a deixava muito pteocupada, principalmente agora que ela sabia que ele estava com uma pessoa má, sua própria mãe. Roberta e Diego, apesar de tudo, estavam felizes, pois mesmo com o futuro deles cada vez mais incerto devido a profecia, que teimava em mudar a cada instante, eles ainda estavam juntos.

Lupita sentia muita falta de Rafael, seu anjo, que há meses não lhe aparecia, nem mesmo em sonhos, como se tivesse evitando qualquer tipo de contato com ela. Parecia até que ele, de alguma maneira, acabou intuindo que ela estava perdidamente apaiconada por ele, mesmo sem nunca ter visto o seu rosto direito. Lupita se sentia vazia por dentro, todas as pessoas que ela amava acabavam indo embora, até mesmo o seu anjo da guarda, que sempre deveria estar ao seu lado, a protegendo de tudo e todos. Ela se sentia mais do que abandonada, sem poder se esquecer daquele que foi o seu primeiro amor, o seu anjo da guarda, o que fazia com que Lupita se sentisse ainda pior do que ela já estava, de fato. Roberta estava preocupada com sua mãe, Mia também se preovupava bastante com seu pai, considerando que os dois estavam em perigo, e Lupita, bem, ela se sentia mal, porque ao invés de se preocupar com o que realmente era importante, ela estava preocupada com algo que não deveria nem pensar, num amor impossível entre o anjo e uma quase humana. Ela se lembrava de já ter sentido os lábios dele nos seus, entretanto não conseguia se lembrar do beijo em si, quase como se essa memória, em específico tivesse sido arrancada de suas lembranças mais profundas.

Giovani se sentia estranho, estando livre pela primeira vez, desde um tempo em quem nem se lembrava sequer o que era a liberdade. Sentimentos e pensamentos confusos tomavam conta de sua mente, e também do seu coração, a medida em que observava Roberta conhecendo o seu verdadeiro pai, e o abraçando pela primeira vez em sua vida. Pois Giovani não se lembrava sequer da sensação que o abraço de um pai ou de uma mãe tinha, pois tudo que ele conseguia se lembrar era de que a vida inteira esteve preso, como se fosse um louco ou um bandido da pior espécie. Sentimentos de amor, ternura, amizade nunca lhe foram apresentados até agora, e ele não conseguia entende - los muito bem, por mais que tentasse bastante.

Era natal, todos pareciam estar querendo comemorar esta data tão especial, desejando feliz natal uns aos outros, mesmo que o perigo os cercasse em cada esquina. Giovani já havia lido sobre o natal, e até mesmo ouvido falar dele, entretanto não se lembrava de em algum momento de sua vida, te - lo comemorado com alguém especial, por assim dizer, e nem mesmo sozinho. Percebendo que Lupita havia se afastado dos demais, por ter uma espécie de ligação especial com ela, Giovani foi até a mesma, mas sem saber, ao certo, o que fazer naquele momento, em que sua colega de destino e de prisão, parecia estar chorando copiosamente.

- Uma garota bonita nunca deveria chorar assim, desse jeito - Ele fala como quem não quer nada - Ainda mais tendo olhos e lábios tão bonitos quanto os seus, Lupi.

- Meus amigos me chamam de Lupita, e não de Lupi - Ela diz aquulo meio nervosa - E se não se importa, eu gostaria de ficar sozinha agora, Giovani.