Cap. 1 Natal

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Acho que todo mundo espera mais pelo Natal do que o próprio aniversário, deve ser pelo significado de amor e união que o dia representa, como dizia a minha mãe quando eu queria algo que todo mundo tinha menos Eu, logo ouvia "você não é todo mundo". Então já faz um tempo que todos os dias são iguais pra mim, é o que penso na porta da casa dos meus pais em Crown Heights, no Brooklyn, enquanto termino meu cigarro.

Afinal de contas, um cigarrinho é o que preciso para ter coragem e estar relaxada para encarar a noite.

Ops! Deixe-me me apresentar, meu nome é Arizona Robbins e sou a única solteira na minha família. Tem também a tia Margareth, mas isso é assunto para os próximos capítulos.

Voltando a falar de mim, tenho 32 anos gente,  trinta e dois. Não é pouca coisa já que sou cobrada constantemente por não ter me casado na casa dos vinte anos.

Toda essa  cobrança e olhares críticos voltados a mim é porque a filha da vizinha conseguiu cursar a faculdade, administrar um casamento e ainda ter filhos, a minha irmã Teddy está casada com Owen e tem dois filhos, ambos vivem na Alemanha. Sem contar a minha roda de amigos,  todos já estão casados ou namorando,  meus primos e primas também e para completar,  meu irmão Tim está namorando.

Enfim,  eu sou a única solteira.

Nos reunimos na casa dos meus pais para comemorarmos mais um Natal, minha tia Maggi como sempre trouxe um convidado ilustre,  pois segundo ela ser solteira tudo bem mais passar os feriados sozinha não rola.

Esse ano ela trouxe o papai Noel, seria até engraçado ter o bom velhinho distribuindo presentes as crianças se o mesmo não estivesse lambendo a esfirra da minha tia no corredor do segundo piso da casa achando que ninguém estava vendo.

Enquanto minha mãe terminava de preparar a ceia com a desculpa de ter feito vista grossa para as coisas absurdas da tia Maggie, eu estava distraída observando o que ela fazia. Eu estava em pé encostada no balcão que divide a sala de jantar da cozinha bebendo meu vinho branco quando minha mãe e minha prima Mayse se aproximaram.

- Arizona, minha filha! Quando é que você vai sair dessa fossa? Você já passou da hora de ter um namorado.

- Por que você não procura o John? Ele gosta tanto de você. -falou minha prima Mayse-

-Eu estou bem gente. E não vou ligar pra ninguém.

-Ainda está fumando Arizona?

-O quê?  Não. O uber estava cheirando a cigarro.

-Ninguém gosta de namorar pessoas mentirosas... E que fuma. -minha mãe falou e saiu andando-

-Também não gostam de sogras chatas. -resmunguei e fui atrás para me enturmar com o pessoal, apesar de receber os mesmos olhares de piedade todos os anos- Eu estou bem, por que não vamos abrir os presentes? -dei  um jeito de desconversar aquele assunto chato e que ninguém merece mais ouvir e sem contar que John nunca foi meu namorado,  ele era um amigo que resolveu transar com a minha ex-

Logo após a troca de presentes meu irmão pediu sua namorada Emma em casamento, todos ficaram felizes, menos eu, porque o assunto "a solteirice de Arizona " voltou à tona novamente.

Ninguém ousou falar nada,  apenas me olhavam com piedade por eu não ter ninguém em um dia tão especial, e sem contar que o meu presente foi um pijama gigante quadriculado azul marinho dado por minha prima.

No final da noite todos os convidados já estavam bêbados, foi quando resolvi voltar para o meu ap, isso mesmo. Enquanto todos à minha volta constituíam suas famílias, Eu foquei em trabalhar e estudar, hoje sou designer de games.

Meu trabalho pode parecer ser sem futuro ou instável aos olhos de muitos, porém, no primeiro ano da graduação criei um game para quem curte skate e níveis de dificuldade que me rendeu um contrato exclusivo com uma das maiores empresas de jogos do país. Sem contar que consegui comprar à vista uma cobertura com vista para o Central Park.

Depois de formada passei a trabalhar em home office,  então tudo o que tenho que fazer é atualizar novas versões dos meus jogos e criar novos para enviá-los  ao escritório.

Então se uma mulher com duas graduações, uma em administração de empresas e a outra em designer de games , totalmente independente, está infeliz por não ter se casado, eu realmente não sei o que é a felicidade.

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Esse negócio de marcar encontros pela internet está me dando a maior dor de cabeça, quem diria que logo Eu, Callie Torres,  empresária de sucesso no mundo dos games estaria aqui, no Queens, comemorando o Natal com a família de uma desconhecida.

Neste exato momento estou vestindo um suéter verde com um desenho de uma árvore de Natal bem no meio do peito e vendo o álbum de fotos do meu encontro, por Cindy ser filha única, os pais dela estão empolgados com a minha presença achando que farei um pedido formal de namoro.

A senhora Smith me mostrou o quarto de sua filha, a mulher falou e mostrou cada detalhe dentro do cômodo como se ali fosse um museu.

Ouvi com atenção sobre a coroa da rainha do baile, bonecas e vestidos. Pense no maior ponto rosa do planeta?  Acho que nem a Barbie tem um quarto tão rosa como esse.

Antes da ceia Cindy pediu licença a mãe para conversar comigo em seu quarto, assim que a Sra Smith saiu, a louca me agarrou e decidiu fazer sexo comigo. No início eu até relutei, mas depois acabei cedendo.

Durante o jantar Cindy se sentia a namorada do ano, a garota queria me alimentar a todo custo e quando chegou a hora da troca de presentes a coisa desandou.

-Aqui querida, seu presente. -disse sorrindo -Comprei três calças cáquis de tamanhos diferentes .

Cindy fechou os olhos e estendeu as mãos esperando que eu lhe entregasse seu presente,  porém não foi o que aconteceu.

-Desculpa. Não tem presente.

-Você não comprou o meu presente? -perguntou frustrada-

-Não. Eu te perguntei se iríamos trocar presentes e você me respondeu que não.

-Como assim não?!

-Pensei que não se importava. E a gente nem se conhece.

-Então você me conhece o suficiente para gozar na minha boca mas não me conhece o suficiente para me dar um presente ? Callie você gozou duas vezes na minha boca e agora me diz que não tem presente?! Quero cem pratas.

-Tá louca? Te dou quarenta.

-Não sou uma prostituta.

-Ok. Toma sessenta e até nunca mais. Você está tentando ter uma namorada na noite de Natal,  só que não vai rolar. -retirei do meu corpo o suéter verde horroroso e passei a mão na minha caixa de presentes e fui embora.

Voltei pra casa o mais rápido que pude,  nunca me senti tão feliz em deixar alguém para trás, não que Cindy fosse uma má pessoa, eu que não estou pronta para um relacionamento.

Assim que pisei em casa me senti abraçada e protegida, minha cobertura com vista para o Central Park se tornou o melhor lugar do mundo naquele momento, aqui não tem mulheres malucas e desesperadas para um relacionamento. Aqui só tem eu e o meu precioso sossego. 

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Olha só quem voltou?  Eu 👑. Com fogo no parquinho🔥❣🔥❣ e saudade docês tudim. Qualquer erro arrumo depois 🎄☃🎆

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