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>>Maratona 3/3. Até amanhã 😉

Gabriel: exatas três semanas depois; terça feira dia vinte e dois de março de dois mil e vinte dois por volta de duas da tarde; primeiro dia do sexto mês de gestação

"Vou só abastecer, viu?" - Eu disse pra Yasmin que estava sentada no banco do carona do meu carro, focada no celular lendo um processo e rabiscando algo num guardanapo que ela pegou no restaurante onde almoçamos. - "A consulta é de hora marcada?"

Ela negou com a cabeça: - "Ordem de chegada a partir das oito e meia."

Olhei o relógio vendo que faltavam vinte minutos pro horário e não disse mais nada, apenas segui com o carro pro posto de gasolina.

"Bom dia, pode encher aí parça." - Avisei e quando ele saiu eu estiquei o braço para tocar a barriga de Yasmin. Ela tomou um leve susto, me olhou com os olhos arregalados, mas depois se ajeitou pros braços dela não empatarem meu carinho e voltou a olhar pro celular. Me inclinei e dei um beijo demorado entre seu rosto e seu pescoço, mas Yasmin me empurrou com o braço de volta pro meu banco.

"Sai, Gabriel."

"Tá vendo isso, princesa do papai? Nenhuma atenção pro Bi aqui. Tá vendo como que tua mãe é? Vai se ligando aí que ela parece um amor mas é cheia de marra." - Falei com minha voz de pai, ainda tocando sua barriga. Yasmin revirou os olhos.

"A menina dentro da minha barriga e já sendo botada contra mim."

"Ela é a princesinha do papai. Né papai?" - Apertei de leve a barriga dela que eu tenho a impressão de estar mais dura.

O frentista voltou com a maquineta de cartão e eu senti Yasmin se debruçar sobre mim, mas nem consegui me aproveitar porque notei que era pra olhar pra ele na minha janela. - "Moço, cê me tira uma dúvida?" - Ele fez que sim com a cabeça e eu estreitei os olhos prestando atenção. - "Esse boneco é cheio de água?"

Ela apontou pra um boneco gigante do posto que ficava balançando. O frentista respondeu: - "Não, senhora, é de ar."

Ela fez um bico. - "De ar?" - Eu fiquei mais sem entender nada ainda quando ela começou a chorar. - "Tadinho, ele não merecia isso."

Ficamos eu e o cara olhando pra uma Yasmin que chorava copiosamente o tempo todo dizendo que estava com pena de um... boneco inflável?

"Ô mano, valeu aí. Desconsidera o choro, ela tá grávida." - Eu disse guardando o cartão. Ele disse que não tinha problema, e eu saí com o carro tentando chegar na clínica e acalmar a Yasmin ao mesmo tempo.

Meu Deus, que loucura.

"Sabe porque eu tô chorando agora? Porque você deve tá me achando muito insuportável e você não tem esse direito por que eu sou perfeita." - Ela disse com os olhos fechados mas o rosto todo molhado.

"Esqueceu do convencida." - Resmunguei rindo.

"Claro, se eu não me amar quem vai? Nem meu pai me amou." - Ela disse e eu a olhei assustado, jurando que agora esse chororô piora, mas... Yasmin estava rindo. - "Desculpa, é tão triste que fazer piada é a melhor solução."

Ela simplesmente fungou, secou o rosto e voltou a mexer no celular. Dessa vez, alisando com as unhas o meu braço que estava estirado pra tocar sua barriga.

Dirigi até a clínica completamente apavorado. Que caralho esses hormônios são capazes de fazer...

Yasmin: dois dias depois; quinta feira dia vinte e quatro de março de dois mil e vinte dois de manhã; vinte e três semanas de gestação; sexto mês;

Procuro Alguém - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora