Capítulo 58 - "O quê que eu estou fazendo?"

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Sabe o querer, mas não poder?

Pois então, este é o dilema pelo qual Juliette se encontra naquele exato momento em que sua boca está há milímetros da boca de Sarah.

A empresária sente que quer, que parece certo aquilo que está prestes a acontecer, mas sabe que não pode e que da mesma forma que parece certo, ela é consciente de que não é por conta de Viviane. E em virtude disso mesmo, que quando seus lábios estão prestes a sentir o toque dos de Sarah, Juliette se afasta abruptamente, evitando o beijo.

- Não posso fazer isso, Sarah! Não é certo com Viviane. - justifica apressadamente. - Já estou errando com ela ao lhe omitir sobre você. E, se eu te beijar, será uma traição maior ainda com a minha noiva. Eu não posso fazer isso com ela.

A decepção de Sarah é dupla tanto por ver o quanto Juliette se importa de verdade com a noiva, quanto por ser rejeitada por seu amor.

- Me desculpa! - a empresária pede ao detectar a expressão decepcionada e entristecida na outra mulher perante o que havia dito.

- Você gosta mesmo dela. - é mais uma afirmação do que propriamente uma pergunta.

É duro e doloroso ver que Juliette gosta tanto de outra assim.

- Estamos juntas há mais três anos. E...

O celular da empresária toca interrompendo sua fala. Puxando o aparelho de dentro da bolsa, Juliette vê no visor que é Viviane.

- Hum... É da construtora. - inventa sem coragem de contar a verdade e magoar mais ainda a outra mulher a sua frente. - Eu preciso atender. Com licença. - ela se afasta para falar mais à vontade com Pocah.

Sarah apenas assente, tentando se refazer da decepção de segundos atrás. Por muito pouco não sentiu novamente os lábios de seu amor.

Será que se Juliette lhe beijasse, lembraria de algo? Se esse for o caso, a loira ficará sem saber, pois pelo que pode notar, a empresária não irá lhe beijar enquanto tiver a noiva entre elas.

Mais distante da médica, Juliette fala com a noiva sem tirar os olhos de Sarah que está imersa em pensamentos e com o olhar encarando um ponto qualquer daquele parque.

- Ju, você ainda está na construtora?

Por mais que não seja do seu agrado, ela mente a resposta.

- Sim, por quê, Pocah?

- Ah, então deixa, querida. Não quero lhe atrapalhar.

- Você não atrapalha, Viviane. O que foi?

- Você poderia vir me apanhar na revista?

- O que houve? Seu carro quebrou?

- Não! Eu é que não estou me sentindo bem pra dirigir e não quero chamar um Uber.

- Posso, sim, buscá-la, claro. Já estou indo.

- Obrigada, querida. Ficarei na recepção a sua espera.

Elas se despedem e após a ligação ser encerrada, Juliette vai até Sarah e inventa que precisa voltar a construtora. Da mesma forma como achou melhor mentir para Pocah, a empresária também mente para Sarah com o intuito de não deixá-la mais triste.

- Aconteceu algum problema no seu trabalho?

- Não exatamente. Vamos! Eu te deixo no seu hotel antes. - comunica e Sarah apenas aceita sem contestar.

O caminho é silencioso com cada uma das duas ocupantes do carro presas em seus próprios pensamentos acerca do que quase ocorreu no parque. Sarah queria tanto que tivesse acontecido aquele beijo, mas infelizmente não aconteceu. Já Juliette apesar de não ter deixado que o beijo ocorresse pelas razões mencionadas a Sarah, no fundo, agora, se via, querendo ter consentido aquilo para, deste modo, ter descoberto como seria beijar a loira acomodada ao seu lado. Mas não seria certo permitir que aquilo acontecesse. Enganar Viviane desta forma seria um golpe baixo de sua parte. Apesar de que já tinha feito pior ao ter um caso com Sarah, engravidado-a e ainda vir omitindo esses fatos de Pocah.

Another Life - Versão Sariette [Intersexual]Onde histórias criam vida. Descubra agora