Assim como havia sido intimado, Sunoo estava no banheiro da aeronave esperando Niki, aproximadamente às 03:00 e alguma coisa da madrugada.
Ele estava inexplicavelmente tenso, como se tivesse feito algo de errado e agora soubesse que levaria uma bronca. Não se sabe se foi a entonação com a qual Niki disse aquilo; se foi o seu sotaque falando francês ou o a repentinidade do ato, mas havia o deixado alerta.
Sunoo mal se lembrava que um dia já havia estudado francês, quanto mais que havia estado nas mesmas aulas que Riki e que o maior era fluente na língua.
Não demorou muito até que um par de mãos geladas invadisse a camiseta leve que o Kim estava usando, agarrando a cinturinha fina do garoto e o puxando delicadamente contra seu corpo.
"Niki chegou, e não parece querer me dar uma pisa e depois me chutar pra fora do avião!"
Era idiota, mas foi o que o Kim pensou após o breve susto que foi sentir suas costas se chocando contra o corpo grande do japonês, e o pequeno contido ao receber um beijinho na bochecha esquerda. Não estava acostumado com muitas demonstrações de afeto entre eles, mas até que não odiava essa ideia de abraços por trás, beijinhos pelo rosto, pescoço e muito mais de vez em quando.
A obrigando a usar um tom desinteressado, Sunoo deixou sua cabeça pender para o lado, deixando seu pescoço á mostra e dando espaço para os beijos do maior antes de falar:
- Ce que tu voulais avec moi? *- Puxando em sua memória, usou o francês que sabia que tinha mas não usava há anos para perguntar ao mais novo, que riu soprado antes de olhar de relance para seu reflexo no espelho da parede e respondê-lo:
- Je voulais juste le voir. Je ne peux pas?*
- Peut-être. Mais je doute que tu veuilles vraiment juste me voir.* - Niki riu de uma forma deveras cínica ao escutar o menor, o que o irritou um pouco.
- Et tu as vraiment raison.* (Recomendo que vão até o final do capítulo, no glossário para ler a tradução e voltem)
Então quem sorriu agora foi Sunoo, que sem mais delongas se virou, enlaçando seus braços ao redor do pescoço do maior e aproximando seu rosto do dele, então roçando a ponta de seus narizes suavemente antes de dizer:
- Vous avez ma permission.
Riki não pensou duas vezes antes de tomar os lábios do menor, dando início a um ósculo necessitado e cheio de sentimentos, como se não fizessem isso há tempo. Todos os seus beijos eram assim, carregados de algum tipo de tensão, os deixando alertas a tudo e nada ao mesmo tempo; como se fossem pequenos serem reprimidos que puderam se libertar naquele momento. A mente de Sunoo estava a mil, mas a de Riki já tinha a plena certeza do que o homem sentia em relação ao menor, e sabia muito bem de todos os contras sobre isso.
O japonês empurrou o garoto contra a parede, abraçando sua cintura e chegando mais perto de si, grudando ambos os corpos. Seus lábios dançavam em sincronia, uma bolha invisível havia se formando envolta daquele pequeno espaço, os fazendo esquecer de tudo ao redor. As mãos finas e medianas de Sunoo mergulharam sem pudor algum nos fios sedosos e agora escuros de Niki, afagando-os com vontade á medida que suas línguas se encontravam, deixando-os inertes naquela espécie de dança descuidada. Haviam apenas eles; seus corpos; suas bocas; seus olhos; suas emoções.
Sunoo lembrava-se muito bem de ter escutado em algum lugar algo como "brinque com meu corpo, mas não brinque com meus sentimentos", e mais do que nunca ele se arrependia de não ter se atentado antes á está sábia frase, quando ainda podia fugir do que sabia que estava acontecendo em seu pequeno coraçãozinho. Mas como na maioria das coisas em sua vida, ele havia de tocado tarde demais.
Em algum momento ali, Niki findou o beijo com alguns selinhos e o ergueu, pondo-o em cima da bancada de mármore da pia e aproveitando para encarar os olhos pequenos e brilhantes do Kim, este que ainda estava completamente inebriado pela sensação de suas bocas juntas, mas correspondia o olhar. Takara sempre foi de falar pelos cotovelos, e muitas vezes acabava por contar das diversas características de seu melhor amigo para o irmão, e quando ela disse que as expressões de Sunoo poderiam enganar todas as pessoas do mundo mas seus olhos o entregariam no mesmo instante, não estava mentindo. Os olhos são a janela da alma, mas os olhos de Sunoo não mostravam, eles falavam.
Tudo aquilo que não saía de sua boca, seus olhos gritavam, acabando sem dó nem piedade com os personagens que o Kim vivia a montar e diversas situações. E então Niki pôde respirar tranquilo, pois agora estava mais seguro de como aquilo poderia acabar. Não queria se machucar, definitivamente não queria, mas sabia que em um estalar de dedos Sunoo poderia simplesmente pisar em si e fingir que nada nunca aconteceu, deixando-o sozinho com suas inseguranças e demônios internos. Pensar naquilo doía, porque ele sabia que mesmo tento convivido mais de metade da sua vida com o Kim, ele não o conhecia verdadeiramente. Não sabia até que ponto Sunoo poderia chegar, do que era capaz de fazer e do que não era, estava dando tiros no escuro avançando com aquilo, mas não queria parar. Ele odiava aquilo, aquela pitada de alegria e fé em seu peito; aquela esperança.
Caso a mesma já não estivesse mais do que morta, gostaria de amaldiçoar Pandora por ter aberto a maldita caixa que liberou todos os males do mundo mas ter fechado a mesma antes que a esperança saísse, pois caso ela não o tivesse feito, ele não estaria sentindo o que sentia agora. Ele não teria essa pequena luz, essa esperança cega de que talvez, de alguma forma aquilo desse certo.
Sunoo notou a quietude do mais novo, e mesmo sem saber exatamente do que aquilo se tratava, puxou o mesmo e o abraçou, como se confirmando mais ainda tudo o que o garoto pensava naquela hora.
Niki por sua vez apenas retribuiu o abraço de forma desajeitada, afundando seu rosto no pescoço de Sunoo para inalar o cheiro suave do mesmo e sentindo um nó se formar em sua garganta. Talvez Sunoo fosse feito de ícor, o fluído etéreo que era presente no sangue dos deuses gregos; conta-se que quando um Deus era ferido e sangrava, o ícor tornava o sangue venenoso para os mortais. Niki não era nenhum mortal, mas sabia que era completamente vulnerável ao menor, logo definitivamente descogitava a possibilidade de algum dia ferir Sunoo, porque provavelmente as consequências pensariam mais para si próprio do que para o Kim.
Ele estava completamente ferrado.Glossário
* : - " o que quer comigo?"
- " queria apenas te ver, não posso?"
- " Talvez. Mas duvido que queira realmente apenas me ver."
- " e você está certo."
- " você tem minha permissão."
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𝐈&𝐜𝐫𝐞𝐝𝐢𝐛𝐥𝐞.(hiatus)
Random"Agora ouça a batida do meu coração Vou descobrir um novo mundo Quebrei e bati inúmeras vezes A pedra bruta se tornou uma joia" "Grite, minha imaginação se tornará realidade Eu coloquei uma bandeira da vitória por lá Eu vou lutar vou explodir sua me...