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O começo das aulas estava cada vez mais próximo, desde o dia em que vi aquele menino fiquei cada vez mais mal humorada pensando em respostas mais afiadas que poderia ter dado a ele

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O começo das aulas estava cada vez mais próximo, desde o dia em que vi aquele menino fiquei cada vez mais mal humorada pensando em respostas mais afiadas que poderia ter dado a ele. Não sei como não gaguejei no momento que o respondi, pois minha dicção é péssima, pior ainda quando conversa com um estranho arrogante.

Depois de ajudar minha mãe a fechar a loja, caminho pela calçada indo até minha casa. No portão encontro minha avó, Aida, olhando para cima distraidamente. Sorrio e me aproximo da senhora já de idade que nota minha presença e sorri com seu rosto enrrugado.

 — Oh, minha filha... Sua voz cansada diz.  Sente aqui com a avó, vamos ver as estrelas.

Ainda sorrindo me sento ao seu lado na grama, fico observando o céu estrelado junto dela. Fazíamos isso desde quando eu era pequena, minha avó sempre teve uma grande fé e amava falar sobre Deus comigo. Ela não ia para a igreja, não tinha uma religião, mas ainda sim é a mulher com mais fé que vi em toda minha vida.

Deus é um artista e tanto, né? Ela diz sorrindo e eu concordo.

 Oh, se é...

 Você parecia estressada hoje. Ela se curva olhando para mim. Aconteceu alguma coisa, minha querida?

— Ah, não é nada... só...  Começo sentindo meu nariz arder e meus olhos marejarem.

 Seus pais? Eu concordo.

 Eles andam tão estranhos... certo que eu também mudei bastante, não sou carinhosa com os dois como era...

 Normal na fase da adolescência, não se culpe por isso. Sua voz me conforta.  Desde que vocês se respeitem e saibam conversar quando algo...

 Esse é o problema!  A interrompo.  Os dois nunca me contam nada, sempre sou a última a saber das coisas, sempre. A senhora é a única que realmente ouve e se importa comigo.  Deito minha cabeça em seu colo e me esparramo na grama sentindo seu toque em minha cabeça.

 Está certa por um lado, eu amo você e sabe que sempre pode contar comigo.  Ela diz fazendo meus olhos arderem ainda mais em seu colo.  Mas seus pais também amam muito você, filha... só que ultimamente tudo está desandando, os negócios do seu pai não estão indo muito bem e sua mãe, sabe como ela é uma mulher nervosa demais.

 Eu sei e eu entendo. — Falo fungando meu nariz.  Mas não precisam descontar tudo em mim.

 Claro que não precisam... sua mãe anda brigando com você? Se quiser posso conversar com ela.

 Brigando? Não... só distante.  Enxugo meu rosto com a manga de minha jaqueta jeans.

 Vai passar, minha querida... você tem eu, jamais te abandonaria. Espere, logo as coisas irão se acalmar.  Ela tosse.

 Sabe de alguma coisa?  Pergunto de olhos fechados sentindo vovó afagar meus cabelos.

 Não, não sei... mas irei te contar caso fique sabendo de algo.

 Por mais doloroso que seja, promete me falar? — Pergunto.

 Prometo... mas não é nada, você vai ver.  Sua voz confortante faz meus nervos se acalmarem.

 Tomara que não seja... Respiro fundo e me levanto.

 Vi seu material escolar... ele é lindo.  Vovó diz e eu sorrio. Havia decorado meus cadernos com fotos de coisas que eu gosto.  Achei aquele menino um bonitão.  Ela diz e eu rio alto.

 O Shawn Mendes? Ele é lindo, não é?  Me divirto lembrando que havia decorado pelo menos três dos meus cadernos com uma foto do Mendes.

— Muito bonito mesmo, minha neta tem um ótimo gosto.  Ela me abraça de lado.

Vovó sempre elogiou tudo que fiz, sempre guardou minhas cartinhas desde que eu comecei a escrevê-las para ela. Ninguém havia comentado algo sobre os materiais, mas dona Aida, sim. Sempre me bota pra cima e me anima falando o quão incrível eu sou. Por mais que eu, às vezes, realmente estivesse errada, ela sempre me defendeu e já me livrou de muitas surras...

 Por que não dorme lá em casa hoje? Fiz um bolinho de fubá ótimo... do jeitinho que gosta. — Fala se levantando e me estendendo a mão.

 Vou sim, só preciso avisar a mãe... posso?  Ela concorda enquanto se espreguiça.

Vovó também morava no Paraná conosco, e veio junto quando decidimos nos mudar. Papai sempre foi o filho mais apegado com a mais velha e eu com certeza sou a neta mais próxima. Ela teve dois filhos, meu pai e um outro tio que mora na minha cidade natal. Os vejo apenas uma ou duas vezes por ano, sinto falta dele e dos meus primos. Vovó mora comigo desde pequena, pode até não ser na mesma casa, mas esteve sempre ao nosso lado e apoiando meu pai. Casou novamente alguns anos antes de eu nascer, o verdadeiro pai de papai e meu tio os abandonou quando eram pequenos, de vez em quando nos visita, porém minha avó não gosta muito de vê-lo.

Fui criada perto do outro marido de vovó, eu o considero como meu avô, pois ele me ensinara muitas coisas legais e também me considera sua neta. O senhor Leonardo faz minha avó muito feliz e isso é o que importa. Vê-la feliz.

Depois do papo com minha avó eu me senti muito melhor, falar com ela me deixa mais calma e faz eu me sentir muito bem. Acho que, se me perguntassem qual a pessoa que mais me apoia e que eu realmente posso sentir que me ama com todos os meus defeitos, esse alguém é a minha avó... ela é meu porto-seguro.

A partir do capítulo 5 as coisas iram ficar mais interessantes, por enquanto esses cinco capítulos são mais detalhados para vocês entenderem tudo!!

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A partir do capítulo 5 as coisas iram ficar mais interessantes, por enquanto esses cinco capítulos são mais detalhados para vocês entenderem tudo!!

𝗙𝗘𝗘𝗟𝗜𝗡𝗚𝗦 ↯ 𝘉𝘦𝘢𝘶𝘢𝘯𝘺Onde histórias criam vida. Descubra agora