Especial fim de ano - Maya Baker

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Era véspera de natal e uma doce e pequena garota, de não mais que 11 anos se encontrava em seu quarto, chorosa

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Era véspera de natal e uma doce e pequena garota, de não mais que 11 anos se encontrava em seu quarto, chorosa. Já deveria ter se acostumado, mas os natais sem a sua mãe não eram a mesma coisa, e é claro, ela adorava passar o natal ao lado de seu pai e sua irmã mais nova, mas sentia falta do calor acolhedor que sua figura materna a proporcionava todo natal em um abraço quentinho antes de partir. Robert, seu pai parecia saber o quão triste isso a deixava e tentava ao seu máximo arrancar um sorriso do rosto de suas duas filhas. Sempre ganharam muitos presentes, mas a árvore parecia particularmente ainda mais recheada esse ano, tinham sorte de estar em um lugar com neve dessa vez, mas estavam longe do resto de sua família paterna (que ela mal via, fora da época de feriados). Passava essa época do ano longe da forma tradicional, mas era bom de certa maneira, sempre gostou de criar as suas próprias tradições, como a que estava prestes a se iniciar quando seu pai entrou em seu quarto, acompanhado de sua irmã mais nova, segurando uma caixa de som gigante em um de seus ombros, que provavelmente causaria um desconforto muscular no mesmo mais tarde.

— Minha filha, como ousas estar deitada nessa cama numa véspera de natal?! – O homem sorri abertamente, fingindo estar zangado. — Você sabe que pra isso só me resta uma opção, né? – Robert balança a cabeça negativamente enquanto posiciona a caixa de som no chão, e então sussurra algo para Alex, sua irmã mais nova, caminhando em seguida em direção a sua filha mais velha.

A garota mais pequena aperta um botão em um pequeno controle que ela mesma segurava e “Wannabe”, uma canção de um grupo chamado Spice Girls, começa a tocar. As garotas e seu pai tinham uma regra: Toda vez que essa música tocasse, eles precisariam parar tudo que estavam fazendo e dançar, mesmo que estivessem tristes ou ocupados com o que quer que seja.

Robert se aproxima de sua filha mais velha e a puxa para fora da cama, tentando conduzir uma dança extremamente desengonçada. Maya sempre adorou dançar, e era ótima nisso, mas seu pai? Seu pai era um desastre. Não demorou muito para que todos no quarto estivessem compartilhando sorrisos enquanto rodopiavam pelo ambiente.

— É agora! – Robert pega o controle do rádio e posiciona como se estivesse o usando de microfone. – IF YOU WANNA BE MY LOVER! – O homem certamente usara toda a potência que havia em suas cordas vocais para começar a cantar no ritmo da música, estendendo em seguida o “microfone” para sua filha, Maya.

— You gotta get with my friends! – A garota de cabelos longos continuou, se divertindo, em seguida entregando o controle para sua irmã mais nova.

— Make It last forever, friendship never ends!  - A mais nova continuou.

Depois de usarem toda a sua capacidade vocal e estarem ofegantes de tanto pular, a música acabou e a expressão de Maya, que antes era triste, agora era substituída por um sorriso de orelha a orelha.

— Obrigada, papai. E você também, Alex.

— Obrigada pelo quê? Eu fiz isso por mim! Spice Girls é um estilo de vida!

A garota sorriu, sabia que não era verdade e seu pai provavelmente não sabia o nome de sequer uma das integrantes do grupo musical, mas não questionou pois via o quanto ele se esforçava para tomar conta de duas garotas sozinho.

— Agora vai se arrumar, vamos sair. E Alex, querida, sua sapatilha brilhante é realmente muito linda, mas está frio lá fora. – A garotinha imediatamente fechou o seu sorriso e o transformou em uma cara emburrada. – Que tal você colocar uma meia bem bonita de um desenho que você gosta junto com aquela botinha nova que você ganhou? Pode ser?

— Tá bom, papai... Eu posso usar uma meia da Pucca e a outra de Monster High?

— Claro!

— Isso! – A garotinha sorri e vai correndo até o seu quarto vestir uma meia de cada um de seus pares de meia preferidos.

Então os três saíram em uma direção que as garotas não conheciam, deram sorte de seu quintal não estar tão coberto de neve ao ponto de impedir que tirassem o seu carro da garagem. O homem planejava uma surpresa para as filhas, como se todas as embalagens que as aguardavam em casa não fossem o suficiente. Ao se afastar um pouco da cidade, as garotas começaram a perceber alguns carros estacionados pela região, não eram muitos, porém também não eram poucos o suficiente para que fosse uma coincidência que estacionassem todos nas mesmas redondezas. E então elas viram, o que costumava ser um lago raso repleto de água corrente, agora estava completamente congelado. Sua superfície lembrava a de um espelho antigo e brilhante e o mesmo estava cercado das mais belas luzes. Algumas penduradas sobre árvores, outras levantadas por uma superfície artificial, entretanto, todas brilhavam como estrelas brancas e coloridas . A lua estava linda, não estava cheia, mas quase. Olhando ao redor, não eram a única família que resolvera patinar hoje. Robert desce do carro e se dirige até o porta-malas, retirando três pares de patins de gelo de dentro do mesmo. Suas filhas tinham brilho nos seus pequenos olhinhos, o brilho que ele adorava ver, abriu um sorriso inconsciente ao ver a sua caçula sorrir. Nenhuma das duas nunca havia patinado, mas Robert tinha experiência nisso, podia até parecer um homem que nunca saiu de dentro de um escritório, mas sua infância e adolescência tinha sido movimentada. Agora, tinha dinheiro para comprar o que quisesse e ainda sobraria bastante para viver confortavelmente e sustentar suas filhas, mas nem sempre foi assim, teve que trabalhar e estudar muito durante sua vida para que pudesse viver assim.

— Papai, não sabemos patinar. – Maya dizia enquanto descia do carro, seguida de sua irmã.

— E daí? Eu aprendo rapidinho! – Alex disse.

— Esse é o espírito, pequena. Eu vou ensinar vocês tudo que eu sei. – Robert segura cada uma de suas filhas pelas mãos e as leva até um banco perto do lago para que colocassem seus patins.

— E o que é que você sabe sobre patinar, seu Robert? – A garota mais velha levantava uma de suas sobrancelhas, desconfiada.

— Saiba que muito mais do que a senhorita imagina. Já fui instrutor de patinação quando mais novo.

— É sério? – As duas garotas perguntaram ao mesmo tempo, surpresas.

Robert apenas sorriu em resposta, terminando de colocar os seus próprios patins, indo em seguida guardar os sapatos que eles estavam usando antes da troca em cima do banco de trás do seu carro.

Patinaram durante algum tempo, as garotas eram espertas e pegaram o jeito rápido. Caíram, caíram bastante, mas nada tirava o sorriso gigante de seus rostos. Alex era mais corajosa, não quis segurar na mão do pai e tentou deslizar sozinha logo que pisou no lago congelado, o resultado não foi o melhor, é claro. Maya assemelhou a patinação a dança e até tentou se arriscar a praticar alguns giros, não ficaram bons de início... Bom, não ficaram bons no final também, mas prometeu a si mesma que praticaria melhor durante o resto de sua estadia na cidade. Robert estava orgulhoso, era bom ver duas pessoas que ele tanto amava em um ambiente familiar para ele.

Passaram no mercado antes de voltar para a casa, o pai tentaria cozinhar a ceia esse ano. Maya já previa o desastre, a última vez que seu pai tentara cozinhar tinha feito o alarme de incêndio de seu antigo apartamento apitar, podia ser bom em muitas coisas, mas cozinhar definitivamente não era uma delas.
Ao chegarem em casa, a garota mais nova saiu correndo em direção ao sofá, se jogando nele.

— Tô mortinha. – Ela disse. – Maya, nem pense em vir pra cá, eu sou espaçosa.

— Você é o quê? – A mais velha ri.

— Espaçosa.

— Ata, entendi. – Maya empurra as pernas de sua irmã e se senta ao seu lado.

— Aff, cadê o livre arbítrio dessa casa? – A pequena reclama.

— Fica quieta, Alex, você nem sabe o que é livre arbítrio.

— Sei sim!

— Ah, é? Então me explica o que é.

— É... É o que eu não tenho!

Maya resolveu parar de discutir quando viu seu pai se dirigindo até a cozinha.

— Papai, você tem certeza de que vai cozinhar? – Ela se levanta e sai correndo atrás do mesmo. – Tipo, certeza mesmo?

— Mas é claro que sim, não confia nas minhas habilidades de cozinheiro? – Ele pergunta e a garota apenas responde com uma careta. – É, nem eu... Mas vai dar certo! Eu acho.

— Eu posso ajudar? – A garotinha pergunta.

— Pode, filha. Eu vou colocar alguns ingredientes em um pote e depois você mexe, tá? -  Robert caminha pela cozinha em busca de tudo o que ele precisava (Se é que ele sabia o que ele precisava). O mesmo começa a quebrar alguns ovos em um pote pequeno.

— Vai casca de ovo na receita, pai? – A garota ri, provocando uma careta de seu pai.

— É pra ficar crocante.

E no final da noite, acho que você já esperava por este resultado: uma substância preta rodeada de muita, muita fumaça foi retirada do forno e algo que deveriam ser batatas poderiam ser usadas para arremesso em um estilingue.

— Pizza?

— Pizza.


— O que vocês acham de abrir os presentes enquanto a pizza não chega? – Robert pergunta assim que sai do telefone

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— O que vocês acham de abrir os presentes enquanto a pizza não chega? – Robert pergunta assim que sai do telefone. – Ainda não é meia noite mas a gente pode deixar essa passar.

— Sim! Ótima ideia! – Alex se levanta do sofá sorrindo e corre até a ponta da árvore de natal.

Maya sorri e se junta a ela. – Papai, você não acha que exagerou? – A garota diz notando o tanto de embalagens ao seu lado.

— Quem disse que fui eu? Vocês devem ter dado uma lista e tanto para o papai Noel esse ano.

Maya já era grandinha o suficiente para saber que um velhinho barbudo não descia por uma chaminé para entregar os seus presentes caso ela tenha sido uma boa criança, mas Alex ainda acreditava nele, então a maior resolveu permanecer em silêncio com o comentário de seu pai e pegou a primeira embalagem com o seu nome nela. Era uma caixa branca, selada com um laço dourado, que a mesma abriu com cuidado. Quando retirou a tampa de seu presente, seus olhinhos brilharam com o que tinha dentro.

— Papai?

— Esse chegou hoje cedo pra você.

A pequena revezava seus olhos entre seu pai e a caixa em suas mãos. Resolveu então, com tamanho zelo, pegar o objeto nas mãos. Era um par de sapatilhas douradas, de tamanho adulto, com petúnias gravadas em alto relevo sobre o seu tecido. Sapatilhas de ballet que ela conhecia muito bem, pois pertenciam a alguém antes de pertencer a ela. No fundo da caixa, a garota encontrou um pequeno cartão.

Esse par de sapatilhas esteve comigo nos momentos mais mágicos e eufóricos que eu já vivi. Talvez você possa usar no futuro, seria uma honra ter um pedacinho de mim com uma estrela como você em um palco. Feliz natal.

Com amor, mamãe.”

Maya se recusou a chorar, mas abraçou a sapatilha como se estivesse abraçando a sua própria mãe. Gostaria de mais. Gostaria de ter recebido uma ligação dizendo o quanto ela a amava e sentia sua falta, gostaria de um pedido de perdão por tê-la deixado pra trás, gostaria de se sentir amada, mas aquele simples par de sapatilhas douradas era o suficiente por enquanto. Viu a sua mãe usá-la em vídeos de sua juventude, quando ela ainda dançava e sempre desejou um dia se tornar como ela. Nunca sequer as calçou, durante todos esses anos, mas sempre as manteve guardadas em um lugar especial.

— Feliz Natal, mamãe.

ZAHIR - Inesquecível (SENDO REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora