Capítulo 36

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                                                             LUNA

Minha noite foi horrível, quase nem dormi, são 5h30 e já estou passando o café e pensando em tudo o que Théo me disse, suas palavras não saem da minha cabeça. Com uma xícara nas mãos, sento-me no sofá e ligo meu celular. Nele há várias ligações perdidas e algumas mensagens. Jud está avisando que passará aqui por volta das 9h00, Duda reclama por eu não atender suas ligações e ameaça a vir pessoalmente se eu não retornar. Lucy diz que Deus fez justiça e que precisamos comemorar. Balanço a cabeça para a sua imaturidade, mas sorrio quando ela diz que a Thaís está indo no próximo final de semana visita-la. Bella me mandou um áudio e quando o escuto reflito ainda mais sobre as coisas que Théo me disse. Ela está brava e diz que já chega de me privar de ser feliz. Deus resolveu meu problema e tenho a obrigação de ser grata. Culpa-me por seu irmão chegar arrasado em casa dizendo que se cansou. Esvaziando a xícara, respiro fundo e gravo um áudio para Duda, digo que dormi cedo ontem e por isso não atendi sua ligação. Minto que estou bem e peço que não se preocupe. Penso e repenso no que dizer a Bela e acabo desistindo de lhe mandar uma resposta. Deitada no sofá, deixo o tempo passar e quando está quase na hora da Jud chegar, vou para o quarto e troco de roupa, amarro o cabelo em um rabo de cavalo e fico imaginando o porque dela vir ao invés de me esperar em seu consultório. Semana retrasada, ela veio tantas vezes que virou uma velha conhecida do porteiro, agora tem acesso livre e está na minha porta. Recebo-a com um beijo e sentamos na sala. Ela pergunta como estou e diz saber da morte de Lucas.

– O Théo terminou comigo, porque eu não fiquei feliz com o que aconteceu e lhe pedi para ir embora, pois queria ficar sozinha.

– O que você sentiu quando ficou sabendo?

– Eu não sei. Primeiro foi o susto, depois culpa e...

– Culpa pelo quê? – ela me corta.

– Por terem o matado, machucado, sei lá. Se não fosse eu, ele não teria sido preso.

– E estaria solto violentando outras mulheres, você preferia isso?

– Não, é claro que não!

– Na vida somos responsáveis pelos nossos atos, Luna. O que ele fazia era tão inaceitável que até os próprios presos se incomodaram. Ele não conseguia enxergar que o que fazia era muito errado e por isso se gabou para os colegas de cela que provavelmente são ladrões ou traficantes e eles pensando nas filhas ou sobrinhas aqui fora fizeram justiça com as próprias mãos. A culpa de sua morte foi dele, apenas dele. Coloque na sua cabeça que foi ele quem procurou por tudo isso. Ele cavou sua própria cova ao falar demais como fez no tribunal. Esquece isso, o Lucas agora é uma página rasgada e queimada. Vamos falar do Théo, daquele homem que te ama tanto e que está perdendo as esperanças em ser feliz ao seu lado.

– Ele merece uma mulher melhor, Jud.

– Então melhore, mas seja essa mulher. Chega de baixa estima, Luna, você é linda! Você acha que se não fosse linda, inteligente, carismática, divertida e muito amorosa, o Théo teria se apaixonado por você?

– Mas ele desistiu de mim.

– Ele está desistindo porque a Luna que ele se apaixonou se prendeu aí dentro e você não quer libertá-la. Você o ama, não ama?

– Mais que tudo nesta vida.

– Seria capaz de fazer qualquer coisa para o ver feliz, não faria?

– Faria.

– Então faça. Liberte a mulher por quem ele se apaixonou, o faça sorrir, o faça sonhar, lhe faça feliz.

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