capítulo 4

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Mila, Jac e Flo estavam voltando para casa juntas. As três riam de algo que a última falara.

- Tchau, meninas. Eu fico por aqui - despediu-se Mila, parando na calçada.

- Pensei que morassem juntas.

- Somos primas, Flo, não irmãs.

Florence assentiu com a lógica. Ela e Jac continuaram andando rua abaixo.

- E você tem irmãs? - perguntou a amiga.

- Tenho um irmão mais velho. Ele é um pé no saco.

- Já está na faculdade?

- Não, ele estuda no M.L.F também. Está no último ano.

- Jura? Qual é o nome dele? Nunca vi vocês juntos.

- Florian. Ele não gosta de ficar perto de mim na escola, por sei lá qual motivo. Acho que tem vergonha de mim.

- Que nada. Deve ser alguma bobagem superprotetora dele.

- É, talvez. - Florence não acreditava nisso, mas não discutiria com Jac. - Você não tem irmãos, não é?

- Não, e eu moro com meus tios. Não os pais de Mila, outros tios.

- E os seus pais?

- Não os vejo faz um tempo. - O olhar de Jac anuviou-se. Ela não quis dar maiores explicações. Florence, porém, não notou.

- Os meus pais não me deixam fazer nada, além de viverem brigando comigo. Parece que ninguém na minha família me suporta.

- Ei, não diga essas coisas. Eles se preocupam com você. O seu tio, Maurice, parece ser uma boa pessoa.

- Ele é, mas não o vejo com tanta frequência. Quero dizer, não via, mas agora...

Sem perceber, as duas haviam chegado à loja dos pais de Florence, onde também ficava sua casa, no andar de cima. Quando subiu a calçada para entrar, Florian saiu pela porta, segurando um maço de cigarros.

- Boa tarde, garotas - disse ele, acendendo o isqueiro. Florence deu um aceno de cabeça, incomodada, e virou-se para despedir-se de Jac, mas a garota parecia estar em outra órbita.

- Oi, sou Jacqueline - falou sorrindo e recolocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Algo em Florence entendeu aquilo como um mau sinal.

- Boa tarde, então, Jacqueline - respondeu o rapaz, dando uma tragada.

- Acho que estão me chamando lá em cima. Tchau, Jac.

- Tchau, Flo - ela respondeu, mas não saiu do lugar.

Ah, não.

- Vocês são parecidos - ela indicou o cabelo ruivo dos irmãos, exibindo suas adoráveis covinhas.

- Acha mesmo?

Certo, Florence não tinha paciência para aquilo. Ela foi para os fundos da loja e subiu as escadas até chegar em casa. Depois, foi para a sacada de onde podia ver a rua. Jacqueline ainda estava lá e havia aceitado um cigarro.

- Não acredito nisso - resmungou para si e ficou olhando os dois lá embaixo. A cada trejeito que a amiga fazia, ela se contorcia, a cada risada que Florian dava, ela bufava.

Depois de um tempo, resolveu sair pelos fundos. Ficar ali não adiantaria de nada.

φ

Andou o suficiente para se afastar dos caminhos que usualmente tomava. Sem Florian para repreendê-la e com os pais ocupados em algum outro lugar (provavelmente comprando reposições de estoque), poderia se dar essa liberdade.

Marion Le Foy para Garotos e Garotas Onde histórias criam vida. Descubra agora