capítulo 15

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Louis só parou quando chegaram a uma rua deserta e distante. Ele não dissera nada durante todo o trajeto.

Florence desceu da mobilete para poder olhá-lo nos olhos, mas sua cabeça permaneceu abaixada.

— Obrigada.

— Me desculpa.

Só então ele se levantou. A culpa em seu semblante fez o coração dela apertar.

— Me desculpa, Florence.

Ela o abraçou, aproximando sua boca da orelha dele. Perguntou, calmante:

— Pelo que está se desculpando?

— Eles te levaram por que eu não quis participar da corrida. Eu devia ter adivinhado que não deixariam barato.

Ela o segurou pelo rosto, sentindo a pele macia e quente. Sorriu.

— Você adivinhou, veio me salvar.

— Não. Eu passei pela botica para te ver, já que você tinha dito que estaria trabalhando lá hoje. Quando vi a placa de fechado na porta, imaginei o que deveria ter acontecido.

Meus pais.

Eu vou falar com eles.

— Não. Vão achar que estou saindo com você escondida.

Não que isso fosse totalmente mentira, ela pensou. Suas mãos não deixaram o rosto de Louis no momento em que deviam, e as dele deslizaram pelas costas dela. A sombra de um beijo parou entre os dois, mas Florence recuou no último instante.

— Meus pais vão me matar.

Ele suspirou e passou um dedo pelas rugas que se formavam entre as sobrancelhas dela.

— Vou levar flores no seu túmulo. — As rugas se intensificaram. — Brincadeira. Falo besteira quando fico nervoso.

— Por que está nervoso?

Um segundo de silêncio.

— Vamos voltar. Eu gosto de você viva.

φ

Florian estava quase enlouquecendo. Sua mãe não parava de gemer e gritar e repetir e repetir as mesmas três palavras:

— Onde ela está? Onde ela está?

Seu pai, descontrolado e irritadiço, alternava entre mandar Marie calar a boca e xingar qualquer um que atravessasse seu campo de visão.

No banco do carona, ele respirava, contava de um a cinco, tentava distrair a mente. Nada deu muito certo.

— Vamos voltar para casa. Se ela não aparecer, iremos à polícia.

Sua mãe se calou - finalmente - buscando a aprovação silenciosa de Bernard. Ele resmungou em concordância.

Florian suspirou. É claro que estava preocupado com a irmã, o sol já não estava tão claro no céu e aproveitadores adoravam garotas sozinhas nas ruas, mas ele não acharia um absurdo se ela tivesse aproveitado para dar uma fugida.

Na verdade, torcia para que fosse isso.

Deram meia-volta e, no caminho para casa, os faróis iluminaram a silhueta amedrontada que atravessava a rua.

— Florence! Florence! Florence!

Bernard freou bruscamente e Marie abriu a porta, saltando para fora logo em seguida. Correu para a filha, examinando seus braços, rosto e pescoço.

Marion Le Foy para Garotos e Garotas Onde histórias criam vida. Descubra agora