Louis só parou quando chegaram a uma rua deserta e distante. Ele não dissera nada durante todo o trajeto.
Florence desceu da mobilete para poder olhá-lo nos olhos, mas sua cabeça permaneceu abaixada.
— Obrigada.
— Me desculpa.
Só então ele se levantou. A culpa em seu semblante fez o coração dela apertar.
— Me desculpa, Florence.
Ela o abraçou, aproximando sua boca da orelha dele. Perguntou, calmante:
— Pelo que está se desculpando?
— Eles te levaram por que eu não quis participar da corrida. Eu devia ter adivinhado que não deixariam barato.
Ela o segurou pelo rosto, sentindo a pele macia e quente. Sorriu.
— Você adivinhou, veio me salvar.
— Não. Eu passei pela botica para te ver, já que você tinha dito que estaria trabalhando lá hoje. Quando vi a placa de fechado na porta, imaginei o que deveria ter acontecido.
— Meus pais.
— Eu vou falar com eles.
— Não. Vão achar que estou saindo com você escondida.
Não que isso fosse totalmente mentira, ela pensou. Suas mãos não deixaram o rosto de Louis no momento em que deviam, e as dele deslizaram pelas costas dela. A sombra de um beijo parou entre os dois, mas Florence recuou no último instante.
— Meus pais vão me matar.
Ele suspirou e passou um dedo pelas rugas que se formavam entre as sobrancelhas dela.
— Vou levar flores no seu túmulo. — As rugas se intensificaram. — Brincadeira. Falo besteira quando fico nervoso.
— Por que está nervoso?
Um segundo de silêncio.
— Vamos voltar. Eu gosto de você viva.
φ
Florian estava quase enlouquecendo. Sua mãe não parava de gemer e gritar e repetir e repetir as mesmas três palavras:
— Onde ela está? Onde ela está?
Seu pai, descontrolado e irritadiço, alternava entre mandar Marie calar a boca e xingar qualquer um que atravessasse seu campo de visão.
No banco do carona, ele respirava, contava de um a cinco, tentava distrair a mente. Nada deu muito certo.
— Vamos voltar para casa. Se ela não aparecer, iremos à polícia.
Sua mãe se calou - finalmente - buscando a aprovação silenciosa de Bernard. Ele resmungou em concordância.
Florian suspirou. É claro que estava preocupado com a irmã, o sol já não estava tão claro no céu e aproveitadores adoravam garotas sozinhas nas ruas, mas ele não acharia um absurdo se ela tivesse aproveitado para dar uma fugida.
Na verdade, torcia para que fosse isso.
Deram meia-volta e, no caminho para casa, os faróis iluminaram a silhueta amedrontada que atravessava a rua.
— Florence! Florence! Florence!
Bernard freou bruscamente e Marie abriu a porta, saltando para fora logo em seguida. Correu para a filha, examinando seus braços, rosto e pescoço.
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Marion Le Foy para Garotos e Garotas
RomanceO liceu Marion Le Foy finalmente abriu suas portas para as garotas e Florence Faure foi uma das poucas selecionadas para entrar no primeiro ano do ensino médio do tão disputado colégio. Lá, ela e outras vinte e nove meninas lidarão com os desafios...