capítulo 6

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Quando estavam saindo pelos portões do liceu, Flo, Mila e Jac presenciaram uma cena esquisita.

Três garotos de jaquetas de couro e calças jeans escuras abordaram Louis na saída. Suas posturas indolentes os faziam parecer um tanto rebeldes. O tipo de jovens que gostavam de causar confusão.

— Se esqueceu da gente, Lou Lou? Faz tempo que não vemos você, cara.

Florence lembrou-se do que o homem da oficina havia dito a Louis sobre delinquentes. Olhou discretamente para as meninas, indicando que iria ficar.

— Vejo vocês amanhã. Jac, quer fazer o trabalho depois da aula, na minha casa?

— Tudo bem. Pode ser. — E então continuou, em voz baixa: — Nos conte o que ouvir.

Ela assentiu e acenou em despedida para as duas. Louis repetiu, firme:

— Já disse que não quero nada com vocês. Preciso ir.

— É assim que trata seus velhos amigos? Olha, eu não sou de cobrar favores, mas lembra-se de quando precisou dormir no depósito? De quando te demos nossas roupas antigas e cigarros?

— O que você quer, Denis?

— Sabe, vai ter outra corrida. Dessa vez, contra os Crânes. E você é o único que pode ganhá-la.

— Não. — Ele sacudiu a cabeça com veemência. — Tchau, Denis.

Louis subiu na mobilete e acelerou. Denis gritou, acima do ronco do veículo:

— Não vai se livrar de mim tão fácil, Lou Lou!

Florence esperou que fossem embora para tomar o caminho para casa. Seu coração batia mais rápido, e um sentimento ruim espiralava em seu peito.

φ

Louis estava cansado de ser perseguido por aqueles garotos. Ele nunca quisera fazer parte da pequena gangue deles, por isso mesmo não se consagrara membro, mas, por um período de sua vida, aquela havia sido sua única escapatória. Agora, porém, ele conseguira outras oportunidades. Só queria se afastar daquele conturbado passado.

Chegando à fazenda, ele encontrou seu patrão fumando um cachimbo na varanda de sua casa. Tomou coragem. Tentou parecer o mais humilde possível.

— Com licença, senhor. Podemos conversar um minuto?

— O que é, garoto?

— A escola passou um trabalho em dupla, e eu precisaria fazê-lo na casa de um colega de classe. Eu gostaria de perguntar se posso tirar um dia de folga das tarefas.

— Deixe-me dizer-lhe uma coisa, garoto. Sou seu patrão, não seu pai. Você tem deveres a cumprir nessa fazenda e, se não estiver satisfeito, arrume outro emprego. Não sou de ficar fazendo concessões.

Louis baixou a cabeça e respirou fundo. Com muita relutância, ele conseguiu murmurar:

— Certo, senhor.

Em breve ele estaria formado. Em breve ele teria um bom emprego. Em breve ele teria sua própria casa e dinheiro suficiente para viver bem.

E, quando esse dia chegasse, ele mandaria aquele homem ir pastar no inferno.

φ

Florence estava lavando a louça enquanto Florian fumava e lia alguma coisa na mesa da cozinha. Ela não era de puxar assunto, mas, pela sua curiosidade, precisou perguntar:

Marion Le Foy para Garotos e Garotas Onde histórias criam vida. Descubra agora