capítulo 11

85 11 15
                                    

— O que está acontecendo aqui? — Maurice indagou, mas todos estavam chocados demais para responder qualquer coisa.

— Vamos, querida. Vamos trocar essa roupa. — A professora de inglês passou um braço ao redor dos ombros de Florence.

As duas desapareceram pelo corredor. Todos os alunos estavam calados, exceto Pierre, que gemia e chorava, encolhido. Mila ainda mantinha uma distância segura de Louis, mas ele não pensava em continuar a briga. Florian havia acabado com ela.

— Pierre, o que aconteceu? Deixe-me ver seu olho — pediu Maurice.

— Argh! É vi-vidro! Tem vidro no meu olho!

Os óculos quebrados do rapaz jaziam ao lado dele, com pequenos estilhaços de vidro ao redor. Louis sentiu algo viscoso escorrer pelas bochechas e, quando as tocou, seus dedos saíram pintados de vermelho forte.

— Deluc, vá rápido chamar a enfermeira. Florian, me espere na minha sala. — Maurice lançou um olhar rápido a Louis. — Você está sangrando, vá para a enfermaria.

Os três saíram da sala, Deluc correu para as escadas e Florian se arrastou na outra direção. Louis aproveitou o momento a sós para dar uma olhada em si próprio, no banheiro. Um corte logo abaixo da sobrancelha vertia sangue, ele estremeceu e tentou fechar os olhos, mas, quando piscava forte demais, o ferimento repuxava e doía.

Pegou um bolo de papel, molhou um pouco, e cobriu o machucado com ele. Lembrou de Florence ensinando-lhe esse truque no primeiro dia de aula.

Tentando ignorar o sangue ensopando o papel toalha, ele começou a andar em direção à enfermaria. No caminho, passou por Deluc, a senhorita Moreau, e a professora de inglês, Olivia. Eles corriam, mal repararam nele.

Com um suspiro, empurrou a porta da enfermaria. Provavelmente demoraria um pouco até ser atendido.

Olhou para o lado e viu uma garota trocando de roupa: Florence. Ela tentava vestir uma camisa, mas a ponta havia se agarrado ao fecho do seu sutiã.

— Acho que está presa — ele disse, debilmente. A mão dela então se contorceu para trás e puxou a camisa. Ela o olhou por sobre o ombro e deu um pequeno sorriso. Ele desapareceu quase instantaneamente.

— Você está sangrando.

— Só nos encontramos assim, não é?

Ela saiu de cima da maca onde estava sentada e foi até ele. Louis notou que ela usava roupas de menino: camisa xadrez e calças marrom. As peças caíram estranhamente bem nela.

— Vamos limpar isso.

Os dois foram até a pia no canto para lavar e desinfetar o machucado. Florence era cuidadosa e precisa, e ensinou-o a maneira certa e menos dolorosa de se mexer num ferimento.

— Você não deveria ter batido nele.

— Pierre passou dos limites dessa vez. Por que ele fez aquilo com você?

— Eu roubei a revista de mulheres nuas dele e o chantageei. As meninas e eu dividimos o dinheiro que ele havia conseguido. Talvez tenha merecido.

Louis balançou a cabeça, incrédulo, e começou a rir.

— Não acredito. Que genial! Gostaria de ter visto a cara dele.

— Eu e Jac vamos usar o dinheiro para comprar refrigerantes. Quer vir com a gente, em comemoração?

Louis responder sem hesitar:

— Claro! — Logo após aceitar o convite, lembrou-se do seu emprego na fazenda. Quando ia falar que não podia, porém, viu o sorriso de Florence, tão animado, e desistiu.

Marion Le Foy para Garotos e Garotas Onde histórias criam vida. Descubra agora