No Próximo Verão (Duologia Romance de Verão)

01- Cotidiano

                 
                              Melissa

                             Cotidiano

Do Latim quotidianus/cottidianus.a.um.

Significado:

O que acontece diariamente; o banal; comum.

Cotidiano é uma forma de reunião dos atos habituais e permanentes, que uma pessoa desenvolve no decorrer do seu dia a dia.

Na estação estival, eu e meus amigos íamos ao cinema, saíamos para lanchar no Goodfellow, corríamos no parque e passávamos a maior parte dos nossos dias num chalé. Eu também via filmes; programas de tv; jantava; andava de bicicleta; ou simplesmente caminhava por Blossom com tio Ben e tia Margot. Com minha mãe, só saía quando ela tinha tempo. Ainda assim, eu gostava dos meus verões, pois era a estação que interrompia meu ciclo, minha rotina comum.

E para uma garota às portas de cursar o terceiro ano do ensino médio, e comparado a outras meninas, meus atos habituais e permanentes eram simplórios; consistiam em ir à escola, voltar para casa, fazer a lição escolar, assistir séries, reality shows e ajudar Margot com os afazeres de casa.

Sim, as garotas da minha idade saíam, namoravam, davam trabalho aos pais, eu, assava biscoitos, tortas e bolos, e raramente ia à casa dos meus amigos devido à separação de classe social e opiniões retrógradas.

Viorica, minha amiga, se é que eu poderia denominá-la assim, fazia parte da elite de Blossom. Seu pai era político, e sua mãe, demasiadamente boa para se misturar com a ralé.

Entretanto, com certeza eu nomearia Dale como meu amigo. Ele era rico, e seus pais advogavam para as famílias mais influentes da cidade, incluindo a família de Viorica.

Théos era o bad boy da turma, e assim como eu, um mero mortal. Seus progenitores prestavam serviços para uma das famílias nobres de Blossom, portanto, apregoavam para o garoto o seu lugar.

Os pais de Viorica e Dale faziam o mesmo, com a ressalva de que apregoavam a superioridade dos filhos. Obviamente meus amigos nunca comentaram sobre o assunto, ou agiram como seus genitores, e muito embora meus familiares não impusessem regras, me proibissem de frequentar a casa deles e de ir a festas da elite, me apartar da burguesia funcionava perfeitamente para mim. Os burgueses eram elitistas, excludentes, julgadores, conservadores e me antagonizavam.

Sendo assim, eu preferia a companhia dos meus semelhantes, estar com minha família era muito melhor do que as festas promovidas no Blossom Garden.
Meu tio Benjamin apesar de ser chucro, era honesto e sincero.

Margot era sensacional, implicante, incentivadora e conselheira na medida certa. Ela era membro da Igreja Metodista Para o Cultivo da Piedade, e apesar da pouca idade, também ajudava no Clube de Solteiras em Busca de um Varão.

Quanto a minha mãe, ela viajava bastante, e não passávamos muito tempo juntas. Então meu tempo era dividido entre os estudos, meus tios e meus amigos. Mas, minhas terças, quintas e sábados eram sagradas, pois nesses dias aconteciam as reuniões do clube de solteiras. E na maioria dessas reuniões a Sra. Kimberly Grace Daniels me auxiliava com a organização e distribuição dos lanches.

Eu gostava da companhia de Grace, ela era a única fofoqueira ao qual suportava, pois, suas fofocas eram sobre seu filho folgado, imaturo, mulherengo, porém, solteirão. Confesso, eu me divertia, e a cada evento, esperava um novo episódio das criancices do homem.

É, eu também participava do grupo, mas ressaltando, somente como ajudante de Margot, a responsável pelo cardápio e compras do evento.

Fazer as compras para as reuniões era um ato rotineiro, e o fazíamos aos sábados pela manhã, sendo verão ou não. Contudo, no primeiro sábado daquele verão, atipicamente a reunião fora cancelada, e Margot decidira ir às compras à noite. E eu que repentinamente me vira doida para sair de casa; sentei a bunda no banco do carona, coloquei uma das músicas da minha playlist especial e dei espaço para ela falar.