60 - O Tempo Cura Tudo

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                                Chase

                    O tempo cura tudo

O tempo cura tudo. Nem tudo. Principalmente mágoa, decepção e tristeza. E eu sabia que Melissa cultivava tais emoções em relação a mim, e além de saber, Estrelícia me informara o estado da filha. Ouvir mentiras deslavadas da boca de uma jovem mal intencionada balearam a garota.

E, porque você não aboliu todas as dúvidas e acusações quando Melissa te acusou de ser infiel, Chase? Perguntei-me acusadoramente durante o percurso que fiz do meu carro até a entrada da casa da minha mãe, e a resposta que eu mesmo me dei, foi:

Eu era culpado. Não por sair com Natalya, eu não saí com a Sempsen, minha culpa era por outro motivo.

Contudo, após uma semana do sucedido, concluí que chegara a hora de me defender e sanar a mágoa da minha Maconheira.

Não bastara eu tirá-la dentre os abutres nos meus braços, tê-la levado até em casa neles e, abrigado seu corpo na cama e no seu cobertor. Eu precisava lhe contar que fora minha culpa, que intencionalmente deixara os rumores do noivado espalhar, acreditando que remediaria a situação das ações do hospital antes que o boato chegasse nos seus ouvidos. Infelizmente, não consegui fazer nem uma coisa, nem outra. Ainda assim, consertaria minha situação com ela.

E a cada passo que eu dava rumo à mansão Larkin, mais a expectativa de encontrar Ayo e pedir sua ajuda, tiquetaqueava em meu coração. Ameacei tocar a campainha, mas a porta se escancarou antecipadamente.

— Parece que adivinho toda vez que você vem a essa casa, não é? — Gertrude foi quem abriu “o mar” para eu passar, e ao me ver, seu rosto brilhou alegre.

— Creio que as câmeras que transmitem imagens da entrada da casa diretamente para sua cozinha te ajudam na adivinhação — cantei como se partilhássemos um segredo.

— Bobagem, nem sempre estou na cozinha. — Abanou a mão no ar. — Como vai, menino?

— Melhor agora que te vi, deliciosa. — Espiolhei sua estrutura de cima a abaixo com o semblante mais cafajeste que consegui encenar.

— Qualquer hora dessas, te darei umas palmadas, Chase Larkin! — prometeu travando o riso.

— Quando acontecerá? Eu adoro apanhar...

— Me respeite seu desavergonhado! Entre logo! A Sra. Larkin está com uma visita, o Dr. Larkin está no hospital, e o menino Ayo se encontra na sala de televisão com o jovem Callum. — Simulou superioridade, deu meia volta e me deixou parado à porta.

— Mas eu não ganho nem um beijinho? — gritei fechando a porta.

Pensei que ela não me responderia, mas sua voz me alcançou:

— Não se aproxime de mim, nem da minha cozinha, senão, te farei comer picles — ameaçou, gargalhando em seguida.

Eu odiava picles, e sabia que Ger cumpriria a ameaça, assim sendo, tomei o caminho da sala de televisão com o rabo entre as pernas.

Eu adorava provocar Gertrude, e por alguns segundos brincar com ela me distraiu, entretanto, ao me aproximar do meu destino, minha mente sinalizou que minha estadia naquela casa tinha um propósito.

Meus passos ressoaram no corredor, mas o som não foi o bastante para dispersar a atenção de Callum e Ayo que conversavam enquanto uma programação qualquer passava na televisão.

Ao ouvir a voz do nigeriano, seu tom sorumbático me alertou. Parei esperando que reconhecessem minha presença, mas eles se mantiveram concentrados no diálogo.

 No Próximo Verão (Duologia Romance de Verão)Onde histórias criam vida. Descubra agora