46 - A Vida Nos Surprende

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                               Chase

               A vida nos surpreende

Não há uma pessoa consciente no planeta que sua vida não se baseie em rotinas, e eu, como todo ser humano, tinha meus costumes diários. Alguns eram de conhecimento geral, tais como: almoçar com meu filho às segundas ou terças-feiras no Salsa alle Erbe, dependendo do meu plantão no hospital, e visitar as crianças do Orfanato Rainbow algumas vezes no mês.

Eu amava a rotina de estar com meu filho, um filho que não saíra das minhas entranhas, contudo, era meu maior tesouro, e o ser humano mais extraordinário do mundo. Um ser que me mostrou que basta sonhar, a realização vem com o tempo, que me ensinou a gostar de comida africana, respeitando minha preferência pela italiana, que escolhia as roupas adequadas para cada ocasião, pois nos momentos de folga, as blusas e calças destroyed eram meu uniforme.

Ayo era tudo para mim, eu reaprendi a sorrir com ele, e por ele, jurei nunca esmorecer. O nigeriano me resgatara de um futuro incerto, não o contrário. Eu devia minha vida, minha sanidade e felicidade ao meu filho.

Quanto às crianças, ao visitá-las, eu contava histórias para elas, e adorava ver o sorriso, a surpresa, até mesmo a raiva por conta dos vilões que atrapalhavam o happy end dos protagonistas.

Além dos afazeres, ou melhor, o prazer de estar com meu filho e com as crianças, minha rotina consistia em fazer compras todo sábado à noite no Blossom Supermarket. Após fazer minhas compras e guardá-las, eu me dirigia a casa noturna Gaia, digamos que meu segundo emprego, emprego ao qual ninguém, fora minha família e pessoas que assinavam um documento de confidencialidade sabiam.

No entanto, no sábado que marcava o início da estação estival, meu dia diferiu dos demais. Naquele ano, Ayo e eu decidimos passar o verão em Blossom, no chalé da família, chalé ao qual eu também residia.

Minha obrigação como pai, era prover o sustento e a recreação para meu filho, sendo assim, fui ao supermercado prover nosso alimento. Ainda no estacionamento, recebi uma ligação de Candice informando que vira meu pior pesadelo passeando pela cidade.

Audrey Philips era meu pior pesadelo.

A informação me atordoou, eu reclamei com alguém que esbarrou seu trole no meu, e só percebi minha estupidez ao não receber um pedido de desculpas. Voltei-me intentando consertar a situação, e vi uma mulher com uma juba ruiva se distanciando de mim.

Encerrei a ligação com Candice, e me dispus a esquecer o pesadelo me desculpando com a ruiva. Eu a segui, e ao me aproximar, seu perfume cítrico atingiu meu sistema límbico e estimulou minhas ações.

No percurso do estacionamento até a entrada do supermercado, contemplei suas curvas que a jardineira azul ciano parcialmente escondia. Desejei enterrar meu nariz nos fios rebeldes mal controlados pela trança, sentir a textura da sua pele e ver seu rosto, e confirmar se era salpicado de sardas como eu imaginava.

Eu gostava das tímidas e recatadas, pois se submetiam aos meus comandos e se entregavam naturalmente aos próprios desejos. E aquela ruiva parecia-me tímida, a julgar por seus ombros curvados, cabeça baixa e roupa fora de moda.

A soma dos adjetivos despertou minha obstinação em tê-la, e se o destino cooperasse, ainda naquela noite, eu a teria numa cama gritando meu nome, implorando para ser chupada.

Apressei-me em alcançar a mulher que andava depressa, e por fim entramos no supermercado comigo a alguns passos na retaguarda. A ruiva fez uma pequena parada, resolvendo que direção tomar, e ao decidir, fui na direção oposta, intentando bater nossos carrinhos, mas a garota desviou sem nem me olhar.

 No Próximo Verão (Duologia Romance de Verão)Onde histórias criam vida. Descubra agora