"corremos o risco de chorar um pouco, se permitirmos que nos conquistem" - o pequeno príncipe.
TAEHYUNG
Adoro admirar os olhos do Jeongguk. São negros, redondinhos e refletem tudo o que sua alma sente. Sei quando ele está feliz apenas olhando-o nos olhos, pois ele sempre sorri primeiro com eles, para depois abrir um belo e grande sorriso. Sei quando ele está incomodado ou irritado, pois suas sobrancelhas grossas franzem e seus olhos arregalam. Sei quando está terrivelmente triste ou perturbado, pois seus olhos ficam caídos e perdidos, sem rumo. Como agora.
Jeongguk não falou uma palavra depois do Dr. Choi dizer sobre a possibilidade de retirar o seu tumor espinhal. Desde ontem ficou calado, encarando algum ponto fixo, preso em seu próprio mundo. Seu rosto estava tenso a todo momento, seus lábios franzidos e as sobrancelhas também. Ele não dizia nada, nem para mim, e isso estava me deixando angustiado pra caramba.
Quero ouvir sua voz, quero que ele me olhe, quero que ele ria. Eu sei que é pedir muito, ele já estava arrasado com o tumor na coluna, imagine agora, sabendo que uma metástase se alojou no seu cérebro. Além do mais, deve decidir por si próprio se irá fazer a cirurgia. Dr. Choi deixou claro que a decisão é completamente dele.
Jeonggukie... Meu Jeonggukie...
Apenas eu estou com ele no quarto. Eu e Jeonggukie, sozinhos num quarto sem graça de um hospital, ouvindo nada além de silêncio e o bip da máquina de monitoramento. Seus batimentos estavam calmos, normais. Mas, eu sei que dentro da sua cabecinha está uma bagunça. Seus olhos dizem isso.
Numa última e desesperada tentativa de ouvir uma palavra sua, sentei na maca à sua frente. Peguei em sua mão e deixei um beijo no dorso. Caso não demonstre nada ou não se manifestar, eu o deixarei em paz e esperarei sua vontade de falar. Contudo, ele me olhou. Os olhos caídos e quebrados, transmitindo mais fragilidade que uma caixa de papelão cheia de vidro. Ele suspirou pesadamente, abriu um sorriso torto e caiu em choro.
Meu peito apertou mais do que já estava.
Me aproximei mais, encostei nossas testas e sequei todas as lágrimas que desciam.
— Tae... eu não sei o que fazer. — ele murmurou com a voz embargada — Me diz o que tenho que fazer.
— Jeonggukie... — acariciei sua bochecha molhada, enquanto minha garganta começava a arder — Eu não posso lhe dizer o que fazer... não posso ditar sua vida. A escolha é sua, meu amor.
— E se eu escolher errado? — me olhou desesperadamente, agarrando minha mão que acariciava sua bochecha — E se eu morrer na cirurgia?
— Não será uma escolha errada. Será a escolha que você achou melhor para você.
— Eu vou morrer de qualquer jeito, Tae. A cirurgia é arriscada demais, você ouviu o Dr. Choi...
Me senti um inútil. Meu Jeonggukie está aqui, na minha frente, implorando por uma resposta, por uma direção a tomar, enquanto se debulha num choro desesperado e assustado. Há um garotinho assustado nos meus braços e eu não posso ajudá-lo.
— Olhe para mim, Jeonggukie. — peguei seu rosto entre as mãos e o fiz me olhar — Respire fundo. Não conseguirá chegar em uma decisão sem respirar fundo. Respire, Jeongguk... Isso mesmo, assim...
Enquanto ele puxava o ar do jeito que podia, fazia junto com ele. Com o tempo, se acalmou um pouco, mas as lágrimas ainda caiam silenciosamente. Então, ele me olhou no fundo dos meus olhos e suspirou.
— Tae, se eu morrer, não fique triste.
Franzi a sobrancelha ao ouvi-lo.
— O que?
VOCÊ ESTÁ LENDO
até o último suspiro
Fanfictiontaekook | ☕︎ Num dia chuvoso e cinza, Taehyung esbarrou em um garoto aos prantos. Curioso em relação a ele, o convida para tomar um chá quente. Esse ato, inocente e despretensioso, desencadeia uma cadeia de sensações, experiências e sentiment...