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"mais profunda, a ferida só fica mais profunda" - stigma, V.


JEONGGUK 

Meus pés balançavam enquanto eu sentia o metal gelado do estetoscópio tocar no meu peito. 

— Respire fundo, Sr. Jeon. 

Fiz o que ele disse. Puxei e soltei o ar lentamente, e as sobrancelhas grossas do médico franziu enquanto ouvia alguma coisa no meu peito. 

— Seu coração e seus pulmões estão bem. — disse ele, colocando o estetoscópio em volta do ombro. 

— O que não tá bem é o resto, não é? — brinquei, abrindo um sorriso para ele, mas ele não retribuiu — Ah, qual é, Dr. Choi, tô tentando amenizar as coisas. 

Dr. Choi riu soprado, colocando as mãos na cintura. 

— Eu sei, mas isso não teve graça. Agora, espere aqui, logo os resultados dos seus exames saem. — disse ele, indo em direção a porta — Vou chamar seu amigo para entrar. 

— Sim, senhor. — murmurei sem emoção. 

Encarei as paredes brancas e sem graça daquele consultório e suspirei alto. O cheiro de analgésico e morte paira sobre o ar. Ótima maneira de começar uma segunda feira. 

Gostaria de sentir o cheiro de sol que Taehyung tem. Eu sei que não dá pra imaginar o cheiro de sol, mas quando ele me abraça, sinto a tempestade nublada dentro de mim se dissipar, como se ele fosse aquela luz do sol brilhante que aparece depois de cair uma grande chuva. Taehyungie é o meu sol. 

Fiz uma careta.

Isso foi meio brega. 

— Gguk! — ouvi a voz de Namjoon ao entrar na sala. 

— Oi. — tentei sorrir, mas não consegui, deve ter saído algo como uma careta misturada com uma outra mais alegrinha. 

— Você não está com uma carinha boa. 

— Claro que não... 

— O que tá te incomodando? — ele perguntou, sentando no espaço ao meu lado — Bem, além de... tudo. 

Dei outro suspiro baixo, deitando minha cabeça no seu ombro. 

— Tive uma baita tontura e um enjoo no dia que o Tae foi jantar lá em casa. — murmurei, quase sussurrando.

— Não terminou bem, não é? 

Balancei a cabeça negativamente. 

— Jiyeon pediu para ele ir embora... — estalei a língua, tirando minha cabeça de seu ombro — Deu tudo errado. 

— Ei, calma... 

— Calma? — soltei uma risada nervosa — Ele deve me odiar agora. 

— Claro que não, Jeongguk, ele adora você. 

— Eu não falo com ele desde sábado, não respondi as mensagens dele. Como ele não me odeia? 

Desci da maca num pulo, passando as mãos pelos meus fios, no intuito de descontar minha irritação. 

— Você pode conversar com ele quando chegar na faculdade hoje... — disse Namjoon calmamente, acompanhando meus movimentos com os olhos — Ele vai entender. 

— E se ele não entender? E se ele estiver cansado de lidar com um doente como eu? — soltei as palavras, sentindo-as rasgar a garganta. 

Namjoon piscou lentamente, engolindo em seco. 

até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora