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"eu estaria melhor se isso realmente fosse um jogo" - jamais vu, bts.


JEONGGUK

Não passava de uma semana e parecia que eu conhecia Taehyungie Hyung durante minha vida toda.

Ele é estranho. Bem, não digo no sentido ruim da palavra. Ele é estranho porque nunca vi alguém que vê beleza numa folha seca de outono. Taehyungie Hyung gravou uma mensagem de voz descrevendo a sua cor, as linhas que a desenham e a graciosidade da queda de uma folha seca, dizendo que era como se elas dançassem em par com o vento, numa dança lenta e íntima.

Depois, mandou diversas fotos de folhas laranjas e secas de outono.

Nossas conversas eram assim, a maioria sendo monólogos das curiosidades ou visões de mundo peculiares que Taehyungie tinha. E eu não me importo que sejam assim, pois ele me faz esquecer da minha realidade, nem que seja por alguns meros minutos.

Depois daquele dia, que o conheci, não sai do quarto. Fico aliviado de já ter terminado o ensino médio e não ter que sair de casa.

Meu pai e Jiyeon sempre batiam na porta, perguntando se estava tudo bem ou se precisava de alguma coisa. Eu sei que eles só querem o meu bem e que estão preocupados e com medo de tudo isso, tanto quanto eu. Mas, sinceramente, eu não quero ver ninguém.

Bem, eu vejo Jimin. Ele sempre passa no meu quarto antes de ir para a faculdade. É o único que não me sufoca com perguntas, e eu o agradeço por isso.

Como todos os dias, ouço batidas na porta e uma voz abafada em seguida:

— Querido... não se esqueça de tomar seu café da manhã, está bem? — Jiyeon falou com a voz mansa — Seu pai e eu estamos saindo, até mais tarde. Ah, e... tome os remédios.

Não respondi, segui parado na mesma posição por longos minutos, encarando o branco do teto. Porém, fui interrompido dos meus pensamentos quando bateram na porta outra vez.

— Kook... posso entrar? — era Jimin.

— Entra. — murmurei, sentindo minha garganta arranhar.

A porta se abre lentamente e logo o corpo de Jimin se esgueira para dentro do quarto. Estava arrumado, os fios escuros penteados e uma mochila nas costas.

— Você dormiu? — perguntou, tirando algumas peças de roupas do chão e colocando no pequeno cesto no canto do quarto.

Suspirei, dirigindo-lhe um olhar cansado.

— Não muito.

— Você tem que dormir, Kook, se não-

— Vou piorar, já sei. — bufei, levantando-me rapidamente. Me arrependo no segundo seguinte, pois sinto uma tontura insuportável, na qual precisei fechar os olhos para tentar cessá-la.

— Kook... — ele se aproximou ao ver o meu estado. Me afastei, tomando outra péssima decisão de me pôr de pé. Quase me desequilibrei, mas Jimin foi rápido e me segurou pelo braço. — Já chega, eu vou te levar pra cozinha e você vai comer.

— Isso não é porque eu não comi, Hyung... você sabe.

Ele pressionou os lábios, dando um suspiro breve.

— Eu sei... mas, mesmo assim, você tem que comer.

Sabendo que ele não me deixaria em paz enquanto eu não comesse, deixei que me ajudasse a andar até a cozinha. Eu odeio depender de alguém para fazer algo. Mas o que eu poderia fazer? Essa tontura, intrusa e imprevisível, sempre demora para passar.

até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora