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— Estão todos aqui? — Hera questiona para ninguém em especial, observando o salão se enchendo.

Logo ao ouvir a ordem de Zeus, Ares nos transportou para o templo do Todo Poderoso. Quase todos os deuses maiores estão aqui e alguns deuses menores também. Nos cantos alguns seres tentam passar despercebidos, sedentos por fofocas.

— Por que tem um filho de Afrodite no meu chalé? — Apolo reclama, entrando no recinto a passos largos.

Fico quietinha.

— Por que tem um filho seu no meu chalé? — Atena o encara com nojo. Tento não levar para o lado pessoal, mas é difícil, porque ela está falando de um irmão meu.

— Dionísio...? — Zeus o olha incomodado.

— Eu não tenho nada com isso — o deus da de ombros, indiferente. Seu olhar cruza com o meu por um momento e vejo um brilho de diversão lá. Ele sabe.

— Que confusão! — Assobia Eris, claramente se divertindo. Reconheço ela por causa de uma missão em que nos esbarramos. Ela tentou me matar, mas não foi nada pessoal. Dei uma surra nela e ficamos quites.

— Bom, acho que vocês não tem alternativa além de reclamar seus filhos — comento como quem não quer nada  — é isso ou vão ter crianças que não são suas dizendo por aí que são seus filhos.

Todos os olhares se viram para mim e meu coração dispara. Não posso negar, estou morrendo de medo. Entretanto respiro fundo e aguento firme, enquanto os deuses raciocinam o que está acontecendo.

— Merda — Hermes quebra o silêncio e ri. Artemis e Hefesto também dão risada, mas todos os outros não parecem achar a menor graça.

— Por que fazer isso? — Zeus me questiona lentamente, seu olhar duro.

— Porque vocês não ligam, então eu tinha que arrumar um jeito de chamar a atenção de vocês — respondo, sustentando seu olhar com dificuldade e assumindo toda a responsabilidade — acredite em mim, eu não queria ter que fazer isso, mas vocês não me deixaram escolha.

— É patético — bufa Apolo, o que me irrita profundamente.

— É, é patético que tenhamos que arrumar uma maneira de encurrala-los para assumirem ser nossos pais, simplesmente porque vocês não ligam o suficiente para fazer isso sozinhos — retruco com raiva — estalar os dedos deve ser tão difícil.

— Nós somos deuses! Não temos toda a disponibilidade do mundo — Demeter reclama.

— Vocês são deuses, é, nós sacamos isso — luto contra a vontade de revirar os olhos — mas ainda são pais. Não importa se não é uma situação convencional, vocês tem que dar um jeito! Não podemos viver amontoados no chalé de Hermes, contando com a boa vontade dos filhos dele e torcendo para não recebermos nenhum campista novo. Tem crianças dormindo no chão... No telhado! — Bato o pé no chão frustrada. — No acampamento somos uma família e vou fazer o que for preciso para cuidar deles.

Atena fica a minha frente e eu preciso erguer o queixo para encarar a deusa da sabedoria. Ela é tão intimidante que paro de respirar por um momento.

— Você é uma boa líder, Solari. Eu respeito isso. — Estala os dedos enquanto seus olhos cinzas me julgam rigorosamente.

E então ela desaparece.

— Qual será o castigo da semideusa? — Dionísio questiona Zeus, claramente querendo ver o circo pegar fogo. O olho feio, porque ele é o diretor do acampamento e deveria estar do meu lado.

— Eu sei o castigo perfeito! Se juntar a mim e se tornar uma caçadora — sugere a deusa da caça com um sorriso ambicioso — faríamos ótimo uso dela lá.

Deu a louca no Cupido | PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora