Deu a louca no Cupido | PJO

05

Antes que eu possa fazer meu cérebro voltar a funcionar, há uma movimentação atrás de mim.

— Solari! — me viro, vendo Michael cruzar o enorme salão em que estamos junto com outros campistas. Todos vestidos mais ou menos para batalha e segurando armas.

— Que bagunça é essa? — o tom de Hera é uma mistura de incredulidade e irritação.

Michael me abraça forte por um momento. Me sinto em casa nos braços do meu irmão.

— Filho, você está ótimo — Apolo elogia Michael, com um sorriso orgulhoso. Como se ele o tivesse criado e mimado até agora —  cada dia mais parecido comigo.

— Deuses me livrem — murmura meu irmão, sem ao menos perceber. Mas depois que diz, finge de sonso, uma das melhores qualidades dos filhos de Apolo —  cuidou bem da Sol, pai?

— É até engraçado você dizer isso — Apolo sorri, parecendo distraído — porque Sol em português é sol. Então sim, eu cuidei do sol hoje.

— Por que eu ainda tento? — Michael resmunga e eu dou umas batidinhas em seu ombro.

— Deveria desistir como eu — murmuro para ele.

— Não sou bom em desistir — retruca.

— Isso você não puxou dele — sorrio, mas nossa conversa é interrompida.

— Exijo que saiam imediatamente do Olimpo — Zeus manda, seus olhos passando por todos nós, meros semideuses azarados — aqui não é lugar para vocês.

Outch. Tão simpático, não é mesmo?

— Nós temos plena noção que o lar dos nossos pais não é lugar para nós, soberano — falo, apago qualquer traço deboche da minha voz, sendo séria — e estamos nos retirando.

— Você fica — Ares se pronuncia. Seu olhar sobre mim parece queimar. Me mexo desconfortável e posso jurar que meu corpo está esquentando.

— Sem chance — Clara, sua própria filha, encara o pai com os mesmos olhos que parecerem queimar, mas de maneira diferente — ela vai.

Clara estava em missão, então imagino o que ela deve estar sentindo por voltar ao Acampamento e descobrir que seu pai sequestrou sua amiga e líder. E ela nunca foi próxima de Ares mesmo...

— Vamos resolver isso de forma pacífica  — sussurro para ela, que parece apertar a espada com força.

— Eu sou filha do deus da guerra, acha mesmo que vou ser pacífica? – a ruiva sussurra de volta.

— Ela fica — Zeus diz com impaciência, nos interrompendo.

— E por que ela ficaria? — Hera estreita os olhos para o marido. Por favor, Zeus, não irrite essa mulher! Vou terminar virando um monstro!

— Vamos lá, Hera, nem mesmo o seu ciúme pode te cegar a essência divina nela — Hermes zomba.

— Essência de Afrodite, claramente — completa Deméter, me observando com o olhar crítico.

— E onde está ela, afinal? Dite costuma ser a mais fofoqueira daqui — Apolo comenta.

— Provavelmente ela causou essa confusão — Ártemis se pronuncia.

— Afrodite nunca daria sua essência a ninguém — Hestia diz.

— Ela é egoísta demais para isso, de fato — Atena diz.

— Como se você não fosse — Hermes sorri para a deusa da sabedoria.

— Poderíamos sair de fininho enquanto eles conversam. Daqui cem anos eles percebem que saímos — murmura Miranda. Com isso, todos os deuses viram para nós. Fecho os olhos por um momento, estressada. Eles sempre prestam atenção na hora errada.