09

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Em sua luta eterna contra a caminhada, Ares nos teletransporta até a entrada do shopping. O lugar é enorme. O maior shopping que eu já estive, com toda certeza. Encaro um mapa à minha esquerda, onde uma projeção espetacular do prédio exibe a planta do lugar. Parece tecnologia de ponta mostrada em filmes, mas é magia.

— Isso vai levar horas — suspiro — algum andar em especial que ela gosta?

— Quem? — Ares me encara confuso.

O olho impaciente.

— Afrodite, é claro.

— Você ficaria bem naquele vestido — ele aponta para um ousado vestido vermelho exibido em uma loja perto. É exuberante, deve valer mil vezes o que eu ganho no Acampamento.

— Eu fico bem com qualquer roupa, mas esse não é o ponto — retruco — quais andares que Afrodite geralmente frequenta?

Ares leva um tempo pensando e depois levamos mais tempo vasculhando as lojas preferidas da deusa do amor. Para minha sorte, são só nove. Com o tamanho desse shopping, poderia ser pior.

— Estou faminta — anúncio quando terminamos metade, já indo em direção a praça de alimentação.

— O que você quer comer? — Pergunta Ares.

— Hmmm — observo cada fachada com rapidez, escolhendo uma brasileira com animação. Não há ninguém onde deve ser a fila, para nossa sorte.

— Olá, bem-vindos ao Sabor Brasileiro, em que posso ajudar... — o atendendo para no meio da frase, encarando Ares com choque — posso... Posso ajudá-lo?

Me apoio no balcão, cansada.

— Oi, aqui. Bem aqui! — aceno tentando chamar sua atenção, mas sou ignorada. Ugh, flashbacks traumáticos de infância rolando agora. Ei, pai.

— Eu não vou querer nada, mas minha... — Ares pausa, me olhando em dúvida — parceira de busca, vai. Fale com ela. Agora.

Com a ordem de Ares, o atendente se vira para mim com um sorriso apertado.

— O que vai querer?

Avalio o cardápio por um momento e peço arroz com strogonoff e batata palha, brócolis para me manter saudável e Guaraná trincado de gelo. Ganho uma sobremesa surpresa grátis.

Antes que eu possa pedir para Ares pagar, o atendente diz que é tudo por conta da casa, um presente para o deus da guerra.

— Esperem só alguns minutos que entregaremos o pedido — ele diz, se afastando de nós e indo para os fundos.

— Vai se sentando que eu levo para você — Ares me diz e eu assinto, ansiosa por descanso.

Acho uma mesa vazia próxima e me sento, esperando meu parceiro de busca. Minhas unhas me fazem suspirar. Elas estão perfeitamente feitas, longas e moldadas, brilhando como se eu tivesse passado alguma base de ótima qualidade. Elas nunca ficaram tão grandes ou bem cuidadas, graças a minha falta de tempo e serviços no Acampamento. Provavelmente Afrodite vive com cada parte do seu corpo perfeitamente em ordem, brilhando saudável e atraente. Vaca sortuda.

— Aqui está — me assusto um pouco com Ares colocando a bandeja na mesa e se sentando à minha frente.

— Obrigada — começo a comer, mas estranho ele não ter nada para si — não vai comer?

— Estou bem — diz apenas. Ele com certeza pode estalar os dedos e uma bandeja com néctar e ambrosia vai aparecer aqui, então por que se importar, certo?

Assinto, e começo a comer. Está delicioso, me fazendo lembrar da minha infância.

— Diga algo — peço, incomodada pelo silêncio desconfortável entre nós. Se ele estivesse comendo tornaria tudo mais normal, porém só me encarar me deixa desconcertada.

Deu a louca no Cupido | PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora