15

1.6K 205 14
                                    

A primeira atitude de Ares é se aproximar tanto de mim que nossos corpos quase se tocam. Mas não se tocam.

E isso só piora tudo.

— Deve ser tão bom... — Sua voz é... Hipnotizante — sentar no alto do seu pedestal e julgar à vontade. Te faz se sentir bem? É prazeroso?

Engulo em seco.

— Porque eu quero sentir prazer também — continua — estou cansado de ser o errado o tempo todo.

— Você só colhe o que planta — consigo dizer.

Você só colhe o que planta? — Retruca, sabendo muito bem que não. Não há nada de tão ruim que eu tenha feito para merecer a confusão que Afrodite e Eros me colocaram.

— Não há como nos comparar — digo duramente — e você sabe disso.

— Eu não sei... — Se inclina, me fazendo prender a respiração por um instante. Sua boca fica há centímetros da minha orelha direita — nós temos uma conexão. Forte.

Em momento nenhum Ares me toca. E, por mais louco que pareça, eu me frustro com isso.

— Vamos atrás da sua garota — coloco as mãos na beirada e me ergo, me sentando e rapidamente levantando.

— Eu tenho ela bem aqui — responde, me fazendo estremecer. Mas eu totalmente culpo a mudança de temperatura por sair da água.

— Farrah! — Grito, saindo a passos largos da sala. Sou bem resolvida comigo mesma o suficiente para admitir que estou a beira de fazer algo muito estúpido. E não posso me permitir isso.

— Sim, senhorita Souza? — A fada surge atrás de mim.

— Você estava ouvindo? — Questiono, uma mistura de raiva e vergonha fazendo meu rosto esquentar e minha voz soar como um gincho.

— Não — ela não parece estar mentindo, mas o que eu sei? E não importa realmente se ela estava ouvindo ou não. Nada importa agora além de Afrodite e Eros.

— Você ou alguém ouviu algo sobre onde Eros e Afrodite podem ter ido? Qualquer coisa ajuda — falo.

Ela pensa por um momento.

— Bom, ela disse que eles precisavam falar com Emory — conta.

— Quem é Emory? — Por favor, não mais uma deusa...

— Filha de Afrodite, uma semideusa.

Franzo as sobrancelhas, confusa. Não há nenhuma Emory no Acampamento.

— Onde ela mora?

— Eu não sei.

Antes que eu possa insistir, a fada completa com um sorriso malicioso:

— Mas senhor Ares sabe.

Não sei se isso é bom ou ruim. Se Afrodite tem uma filha que não está no acampamento e que aparentemente é próxima o suficiente para receber visitas, Ares deveria ter me contado.

— Obrigada. Onde posso me trocar?

— Não precisa perder tempo com isso — é toda simpática — feche os olhos!

Fecho, mas minhas mãos estão fechadas em punho, prontas para meter o soco nela se tentar algo.

— Olhe só! — Manda.

Abro os olhos novamente e me surpreendo com o espelho a minha frente. Eu estou parecendo a Barbie, toda de rosa. Dos enfeites no cabelo até a bota de salto alto.

Eu amei.

— Obrigada — agradeço — não é a melhor roupa para matar monstros, mas certamente me faz feliz.

Deu a louca no Cupido | PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora