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Observo o grande chalé de Hera, feito de mármore branco e ornado com delicadas colunas, encimadas por romãs e flores. As paredes são entalhadas com desenhos de pavões, mas não adianta nada ser linda e vazia. Enquanto o chalé de Hermes está quase empilhando pessoas, vários chalés ficam vazios. Isso me dá um dor de cabeça tremenda.

— Ah, céus — suspiro, parando de me torturar por algo que eu não posso mudar e me concentrando no que eu posso.

Continuo a caminhar e anotar na minha prancheta tudo o que eu preciso fazer hoje. Vou em direção ao chalé de Hermes, mas sou parada por Fabíola, uma das filhas do deus da corridas.

— Sol, tem um garoto na enfermaria que precisa de ajuda — ela avisa. Em um ato recorrente, ela ajeita seus óculos de grau que escorregam.

— Não tem ninguém na enfermaria? — questiono, a adrenalina já se espalhando. Começo a correr e ela me segue sem problemas. Passamos por Lina, filha de Afrodite, que acena animada para nós, mas logo volta sua atenção para o seu chalé, dando ordens aos seus irmãos mais velhos, enquanto eles penduram uma faixa de boas vindas.

— Não — Fabi fala normalmente sem nem ofegar. E eu percebo que ela está sendo educada em se manter no meu ritmo de corrida, quando claramente ela poderia estar na enfermaria agora.

Quando finalmente chegamos, vou direto para a única maca ocupada. Um garoto com mais ou menos a minha idade está desacordado. Ele tem cabelos pretos, é pálido e suas roupas estão rasgadas em várias partes. De cara já noto vários cortes, alguns bem feios.

— Quem o trouxe? — questiono. Chego mais perto dele.

— Ele chegou sozinho — ela responde, encarando o garoto um curiosidade.

— Sozinho? — repito, estranhando — algum monstro na fronteira?

— Vou conferir — e lá vai ela correndo novamente.

Respiro fundo, examinando como posso, já que medicina com certeza não é o meu chamado. Ao passar a mão por sua cabeça, reparo uma parte sensível e ao tirar a mão, reparo um pouco de sangue. Ele estremece, mesmo inconsciente.

Analiso minhas opções. Cura por magia é o meio mais rápido e eficaz. Eu só vou ter que deixar meu orgulho de lado para isso...

Fecho os olhos, me concentrando.

— Senhor Apolo, espero que ouça minhas preces. Eu não tenho talento para cura, então peço sua ajuda. Que o seu poder, que também corre em minhas veias, se manifeste — coloco as mãos na cabeça do semideus e sinto minhas palmas esquentarem e formigarem.

— Quem é você? — abro os olhos, me deparando com olhos castanhos acinzentados me encarando com curiosidade. Ele parece bem melhor. Retiro as mãos e dou uma olhada rápido pelo seu corpo. Perfeito.

— Solari Souza, líder do Acampamento Meio-Sangue. Seja bem-vindo. Qual o seu nome? — sorrio.

— Damien — ele responde e olha ao redor, confuso e alerta — onde está ele?

— Ele quem?

— Ogro — mal ele acaba de dizer, Fabi entra na enfermaria rindo. Com ela, Andressa, Miranda e Jasmine.

— Demos um jeito no monstro que te ferrou, bonitinho — Andressa avisa, a filha de Ares levanta sua espada com orgulho. Miranda revira os olhos e vai lavar sua adaga.

— Obrigado — Damien murmura, sentando-se.

— O nome dele é Damien — conto, indo até uma das pias e lavando minhas mãos — essas são Fabíola, Andressa, Miranda e Jasmine.

Deu a louca no Cupido | PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora