All For Us (JUKE)

C A P Í T U L O 45

Julie Molina

Depois de um banho quentinho e bem perfumado, eu volto para o quarto e reviro o guarda-roupas até achar algo perfeito para vestir - como é só um grupo de estudos na casa da Kayla, eu não quero parecer muito arrumada, mas também não quero estar muito simples.

De frente para o espelho, eu puxo pelas pernas minha saia presta de cintura alta, com estampa de linhas brancas se cruzando nas horizontais e verticais, num estilo 90s. Depois ponho uma regatinha branca, e por cima um moletom azul escuro com gola alta e tecido solto ao redor do meu corpo. Estou decididamente, bonitinha, o suficiente para agradar Luke - não que eu precise ficar agradando homem o tempo inteiro. Sei lá, eu só quero ficar bonita pra ele.

Como eu não lavei o cabelo, o prendo em uma rabo de cavalo bem alto, usando um scrunchie branco - eu basicamente tenho uma coleção de scrunchies. Depois de calçar os tênis brancos, eu pego minha mochila, que já tem todo o material, e então desço. Antes de fazer qualquer outra coisa, vou até Sofia, na sala.

- Hum... Sofia? - chamo baixinho, e ela tira os olhos da TV e se vira para mim. - Eu preciso sair para estudar com uns amigos, vai ficar bem aí? - nossa, falar sobre esse tipo de coisa com ela é tão desconfortável, quando aquelas etiquetas incomodando na roupa.

- Vou sim, não se preocupe. - ela abre um sorriso gentil. - Eu fiz sanduíche e estou vendo meu reality show preferido... Estou acomodada!

Sorrio meio sem graça, afirmando com a cabeça.

- Ok. Qualquer coisa você pode me... Err... Hum... Me ligar.

- Não acho que vou precisar, mas obrigada mesmo assim, Jules. - Sofia pisca pra mim, ainda sorrindo antes de voltar a prestar atenção na TV.

Eu mais do que rápido saio da sala, quase correndo pelo corredor. Quando saio de casa, solto o ar que eu sequer notei que havia prendido. Lidar com a Sofia às vezes é fácil, porque consigo me sentir um pouco mais a vontade. Mas tem vezes que eu simplesmente tenho que me controlar para não parecer fria demais. É ruim ter que viver assim.

...

Dois ônibus depois, uma pequena caminhada e eu enfim chego na casa da Kayla. Paro na calçada, encarando a enorme casa luxuosa e moderna, pensando pela décima vez no que caralhos eu estou fazendo. Eu realmente preferia estar em casa, e é exatamente isso que eu fico me relembrando o tempo inteiro, mas aí meu orgulho vai e se joga no meio da discussão que eu tenho comigo mesma, metendo uma baita ciúmes na história. Confio em Luke, - pelo menos estou aprendendo a confiar - mas não gosto da ideia dele estar perto da Kayla, ainda mais na casa dela. Nossa, como eu odeio sentir ciúmes.

Respirando fundo, eu olho ao redor, reparando no carro do Reggie e do Scott, mas nada do jipe do Luke. Franzo a testa momentaneamente, e logo um monte de paranoias começam a passar pela minha cabeça. Calma, Jules, tá tudo bem, foi ele quem te mandou mensagem, lembra? Respiro mais uma vez, e então caminho em direção a porta da casa.

Toco a campainha, e basta alguns segundos até que alguém atenda a porta pra mim. Eu esperava que fossa a Dorota, a empregada da casa, - que trabalha para os Armstrong há anos - mas na verdade é a Kayla. Ela apoia o corpo na batente, sorrindo com certa... Argilosidade.

- Sabia que ia mudar de ideia. - diz. - O que mudou?

- Hum... O Luke pediu para que eu viesse. - dou de ombros casualmente, como se eu estivesse querendo dizer que esse tipo de coisa é normal. Noto que os músculos do rosto da Kayla fica mais tenso, assim como seu sorriso.