C A P Í T U L O 32

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Julie Molina

É sábado, início de noite e eu estou parada na frente do meu espelho, me encarando. Como é noite do Peter K, estou usando um pijama branco com estampa de abacate, e vou sair assim para ir até a casa da Carrie. Eu queria que fosse aqui na minha casa, mas mês passado já foi, então...

Suspiro e abraço com força meu travesseiro com estampa aquarela. Quero muito ir nessa noite do Peter K, mas se Luke estiver em casa, as coisas podem chegar a ficar meio estranhas se a gente se esbarrar pelo corredor em algum momento. Eu estou rezando para que seja tudo tranquilo.

Jogo meu travesseiro de volta na cama, abaixando a cabeça enquanto prendo meus cabeços em um rabo de cavalo. Na mesma hora, minha mãe entra em casa.

- Por que tá levantando essa bundinha de formiga pra cima? - ela franze a testa, vejo pelo reflexo do espelho, e eu reviro os olhos.

- Eu amo minha bundinha de formiga, ok? - ergo de volta o corpo quando termino, passando a mão nos fios quebrados que ficaram soltos. - Foi você quem fez essa bundinha de formiga.

- Não foi um bom trabalho, porque é de formiga.

Me viro para minha mãe e ergo uma sobrancelha, a fazendo dar risada.

- Estou brincando, você é linda! - ela vem até mim e segura meu rosto entre as mãos, beijando minha testa em seguida. - Mas podia trabalhar um pouco nos glúteos.

- Mãe, para de falar do meu bumbum e vamos logo.

Faço bico e atravesso meu quarto branco, para pegar no chão a minha mochila preparada para essa noite.

- Isso é injusto, sabia? - ela diz enquanto a sigo pelo corredor. - No fim de semana, é pra você ser minha, mas agora você vai dormir na Carrie e amanhã vai passar o dia com seu pai. Muito injusto.

Dou risada.

- Bom, antes tivesse entrado com o pedido da minha guarda antes do meu pai. - dou de ombros e minha mãe me lança um olhar furioso, me fazendo rir ainda mais. - Não se preocupe, amanhã eu vou dormir aqui de qualquer jeito. Eu prometo, então nem pense em fazer plantão.

- Pode deixar.

Minha mãe aperta minha bochecha, como fazia quando eu tinha três anos, e eu resmungo. Eu já não tenho bochecha direito, ela vai e fica puxando.

Com a mochila nas costas e o travesseiro nas mãos, saio do apartamento com minha mãe. Eu iria de moto, mas (A) eu tô de pijama; (B) eu não tô afim de pôr uma roupa normal pra depois trocar pelo pijama; (C) minha moto está dando problema; e é isso.

...

- Valeu pela carona, mãe.

Beijo a bochecha dela, que sorri e acena enquanto saio do carro. Assim que piso na calçada de frente para a propriedade Patterson, penso nos acontecimentos daquela noite que quase destruiu minha amizade com a Carrie. Posso até me ver indo embora, enquanto Luke observa da calçada e diz que a Carrie não é a única com sentimentos.

Suspiro e caminho até a porta de entrada, dando a deixa para minha mãe ir embora. Toco a campainha e pouco depois Carrie abre a porta para mim. Ela está usando um pijama de blusa preta e shorts combinando.

- Até que enfim! - ela ri e sai me puxando para dentro da casa. - Já tava começando a achar que não vinha.

- E por que eu não viria? - ergo uma sobrancelha, rindo junto com ela.

All For Us (JUKE)Onde histórias criam vida. Descubra agora