C A P Í T U L O 35

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Julie Molina

- Eu sou uma idiota.

Me jogo nos puffs, almofadas e travesseiros que estão no chão para a noite do Peter K. Cubro meu rosto com as mãos, enquanto fungo baixinho, mesmo que já tenha parado de chorar. Eu diria que essa é a pior noite da minha vida, se esse título já não pertencesse a noite em que eu quase morri por causa do coração.

- Não, você não é. - Carrie senta do meu lado e esfrega minhas costas com a mão. - Mas me conta o que aconteceu.

Olho para ela, ainda segurando a cabeça entre as mãos, e solto o ar entre os lábios abertos.

- Fala, não tem problema. - Carrie insiste.

- Tem certeza? - esfrego o nariz com a mão. - Carrie, não precisamos falar do Luke.

- Eu tô bem, é sério. Passado é passado. - ela sorri gentilmente e alisa minha bochecha suavemente com o dedo indicador. - Agora fala.

Eu respiro bem fundo, e então começo a contar o que aconteceu. Digo sobre como fui parar no quarto dele, mas não deixo explícito o que aconteceu entre nós dois lá dentro, apenas que rolou uns "pegas". Depois conto sobre a discussão bizarra e infantil que veio depois, destruindo tudo o que estava sendo concertado a passinhos de formiga. Quando termino de falar, percebo o quão idiota nós dois fomos. Dois imbecis orgulhosos. E, ainda sim, eu não quero ir lá pedir desculpas e dizer o que eu quero. Que merda!

- Sei lá... - murmuro com a voz ainda um tanto embargada. - Acho que só não queremos ficar juntos, né? Se não era só dizer logo essa porcaria.

- Hum... - Carrie murmura, toda séria enquanto olha para o filme pausado na televisão. - Talvez. Mas eu conheço vocês dois; são dois orgulhosos de merda.

Isso eu sei, porra.

- Uma hora, vocês vão sentir tanta falta um do outro, que vão cagar para quem vai falar primeiro o que sei lá querem falar.

- Será? - mordo o lábio inferior e suspiro. - Seu irmão é confuso. Ele disse que me quer, mas não quer dizer a palavra certa ou o que sente exatamente por mim.

- E isso realmente importa? - Carrie ergue uma sobrancelha, e eu começo a me questionar se ela está ficando sem paciência com todo esse melodrama desnecessário. - Olha, Jules, meu irmão não é o tipo de cara que você pensa que é. Ele não pode ver uma rabo de saia? Não, ele não pode. Mas eu nunca o vi gostar tanto de uma garota como gosta de você. Nos últimos dias, ele tem estado estranho, e eu sei que é por sua causa. Sempre foi você quem ele realmente quis, não importa quantas garotas já tenham saído do quarto dele de madrugada.

É isso o que eu não entendo. Ele pode ter a garota que quiser, porque elas matariam por uma noite com Luke, - dava para montar uma *Seleção com mais do que 35 garotas para ele - mas, ainda sim, o idiota quer justo a mim. Sinceramente, não é tão ruim saber que tem um gostosão interessado em mim, até porque eu também estou interessada nele desde que o vi pela primeira vez. O ruim, é a forma complicada como lidamos com tanto sentimentos e hormônio misturado.

- Então por que isso é tão complicado? - cubro o rosto com as mãos. - Por que ficar com ele é tão complicado?

- É medo. - Carrie dá de ombros. - Vocês dois tem medo de relacionamento, simples.

Eu suspiro e rolo de um lado para o outro várias vezes entre as almofadas, remoendo as palavras de Carrie nos meus pensamentos. Ela tem razão, eu sei que tem, e por isso eu sinto ainda mais medo. Gostar tanto de alguém é como aprender a andar de bicicleta; você sente um friozinho na barriga, não quer que te soltem porque tem medo de cair, mas quando finalmente acontece e você sente o vento no seu rosto, percebe que essa é uma das sensação mais incrível que seu coração vai ter o prazer de sentir.

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