Prólogo

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Que os deuses amam ter um caso com humanos, deixando alguns herdeiros na Terra, não é novidade para ninguém. Muitos semi-deuses descobrem sua genética muito tarde - às vezes, sequer descobrem -, o que traz vários problemas para eles. Ser filho de um deus com uma humana deve ser difícil, mas ser um deus puro na Terra deve ser fácil, certo?

Errado.

Taehyung, filho de Afrodite com Ares, tinha toda a certeza de que era difícil. A imortalidade trazia dúvidas aos humanos que percebiam que ele nunca envelhece; não poderia se relacionar com um humano, porque doeria demais o perder; tinha que controlar seus poderes sempre que passava por momentos de alta tensão, senão seria descoberto. São incontáveis problemas, mas não podemos negar que também o trazia benefícios sobrenaturais - literalmente.

O Kim puxou mais a aparência de Afrodite, o que o fazia ser uma das pessoa mais atraentes da Terra, e logicamente ele tirava proveito disso, já que poderia conseguir o que quisesse com seu rosto perfeitamente simétrico, o corpo escultural e a aura encantadora. Mas não, ele nunca transou, talvez por ainda sonhar em ter um romance, ou talvez por medo de se apegar e sofrer depois. A segunda alternativa era a mais provável.

Então o rapaz vivia como uma pessoa de classe média, mesmo tendo uma fortuna em suas contas bancárias, trabalhava como garçom e saía para baladas nos fins de semanas com seus amigos; semi-deuses, diga-se de passagem.

Já era quase fim de tarde quando Kim estava a caminho de seu trabalho, em uma das filiais de uma rede internacional de restaurantes. E, enquanto ele levava a vida de um mortal mesmo sendo deus, outro fazia exatamente a mesma coisa, talvez de uma forma um pouco mais chamativa e perigosa. Mas Jeon Jeongguk sempre gostou do perigo.

O Jeon era um dos sete Príncipes Infernais, mais precisamente Asmodeus, filho de Hades com Perséfone. Ser o demônio da luxúria fazia Jeon ser ainda mais atraente do que poderia ser apenas sendo humano, a boa postura e o carisma entre empresários e pessoas importantes o fazia ficar ainda mais popular, o fazendo sair um pouco de seu posto de empresário para, às vezes, ser modelo, ator ou qualquer coisa que ele poderia promover com sua aparência e talentos.

O Jeon estava a caminho de uma reunião com seus sócios em um restaurante, e não demorou a chegar no estabelecimento bonito e refinado de quatro andares. O primeiro e o segundo para clientes do cotidiano, o terceiro um pouco mais especial e só se conseguia com reservas que poderiam demorar meses, e o quarto para eventos restritos.

Após chegar ao quarto andar do estabelecimento pelo elevador, o empresário foi recebido pelos atendentes do local, sendo acompanhado até sua mesa com sorrisos nervosos, e cumprimentos formais, não era à toa; ele era o dono do local. Alguns patrocinadores já estavam à sua espera, e ele retirou seu celular do bolso apenas para checar o horário.

19 horas em ponto: o horário combinado.

Aquele andar, diferente dos três primeiros, não era muito barulhento e não tinha muitas vozes falando ao mesmo tempo. Haviam pouquíssimas mesas, e menos pessoas ainda, o silêncio foi tampado por uma playlist de Jazz, o cheiro de comida sendo feita estava exalando pelo ar.

Jeon vestia uma roupa social, camisa social branca que caía extremamente bem em seu corpo musculoso, blazer e calça preta, junto de um par de sapatos pretos polidos e brilhantes, o cabelo perfeitamente penteado para trás e a boa postura revelavam um ar de superioridade e seriedade, aquela era como uma reunião não tão formal. O tipo de reunião que se fala num momento sobre negócios, depois sobre esportes enquanto se come, e se bebe.

Quando se sentou na cadeira central da mesa redonda, onde poderia ver todos os outros e o movimento do restaurante, Jeon fez uma leve reverência para os outros homens ali, com um sorriso fraco.

Call me by your name • kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora