the human blood devil

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ATENÇÃO!!!
ALERTA DE GATILHO:
violência física, abuso psicológico, relacionamento abusivo, assédio, menção de abus0 s3xual.

Ato II

(Dois anos antes)

Seul, em plena primavera, era belíssima, e Taehyung amava, era sua estação favorita do ano. Ele amava a brisa amena e as flores, principalmente as cerejeiras, era uma época cheia de vida, e ele gostava disso, de sentir a vida e de sentir o cheiro que ela exalava.

Era meio-dia, e ele estava almoçando no refeitório de sua universidade sozinho. Desde que havia saído da casa deles, não falava com seus amigos com tanta frequência. Por um tempo a solidão foi boa.

Beijar pessoas sem conhecer, fazer sexo sem precisar saber o nome, beber e rir com quem não conhecia, era bom.

Ele não perguntava sobre a vida dessas pessoas, e elas não perguntavam sobre a sua vida.

Ele não precisava ouvir eles perguntando:
"Você está bem?", " Tem notícias do Jeon?", "Quer falar sobre?", e não saber o que responder.

Ele não precisava ouvir eles falando sobre como Jeon estava, e nem encontrá-lo nos lugares por terem o mesmo círculo de amigos.

Mas a solidão é entediante, e muitas vezes, solitária.

No almoço ele via seus colegas de turma se sentarem em grupos, e geralmente esses grupos tinham muito em comum para se observar.

Tinha o grupo dos artistas. Pessoas apaixonadas e que dedicavam sua vida a fazer arte. Nesse grupo tinham pessoas diversas. Estrangeiros, de peles com cores mais claras ou escuras, com cabelos curtos, longos, coloridos, trançados e até raspados. Brincos divertidos e bolsas criativas.

Tinha o grupo dos ricos, que tinham roupas de marca e jóias que custavam mais que um salário mínimo. Deles, Taehyung não gostava. Os deuses não trabalhavam para ter dinheiro, não havia sentido ter que trabalhar para ter abrigo e comida sendo que havia aquilo para todos, tanto no Olimpo e Submundo, quanto na terra. Ele achava aquilo burrice, e se vestir com roupas caras só por serem de determinada marca, era ainda mais burro.

Tinha o grupo dos "nerds", eles eram invejados por serem inteligentes e dedicados, ganhavam todo tipo de olimpíada e sempre ganhavam as melhores oportunidades, ao invés de serem massacrados como no ensino médio. A maioria deles era gentil, e Taehyung tinha simpatia por eles, mas não se considerava alguém ali dentro.

Observar tudo ali sozinho, sem as piadas de Seulgi, sem as risadas de Roseanne e sem os olhares gentis de Jennie, era horrível, e o dava vontade de chorar.

Não ter ninguém, no fim das contas, era o pior de tudo.

Naquele dia, mesmo que estivesse na primavera, e que o almoço fosse peixe — e ele amasse —, Kim não conseguiu ficar feliz. Sentia uma tristeza profunda em seu cerne, e queria chorar.

Ele invejava as crianças, porque elas podiam chorar livremente, e os adultos não.

Os adultos tinham que engolir o choro, a dor, porque os outros não se importavam uns com os outros.

No fim das contas, no mundo humano era cada um por si, mesmo que estivessem todos no mesmo barco.

E ele continuou mexendo o garfo de um lado pro outro no peixe com desânimo, até que na mesa na frente da sua, outro grupo se sentou.

E de frente pra ele, bem no meio da mesa ao lado, havia um homem específico.

Pela primeira vez, em um ano, ele sentiu o estômago embrulhar de ansiedade, e o coração bater de novo, extremamente forte como o batucar de tambores.

Call me by your name • kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora