Capítulo Quatro

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Antes de ir para a escola, me masturbei. E foi incrível.

E quando vi Lino em um dos bancos da escola, que tinha um formato curvo e foi pintado de branco recentemente, lhe estendi uma pequena vasilha.

— O que é isso? — Ele levantou o olhar do livro que estava lendo. Seus olhos analisaram minha mão estendida.

—Comemos pizza lá em casa ontem — digo — e eu separei as azeitonas pra você.

Lino era a segunda pessoa que eu conhecia que gostava de azeitonas. A primeira pessoa é o meu pai. Quando separei as azeitonas para ele, meu pai pegou duas, escondido, achando que eu não notaria. Lino pegou a vasilha da minha mão e abriu a tampa, ele cheirou e depois, sorriu.

— Obrigado — disse.

— De nada. Não está muito nojento?

Ele nega e come uma, depois come mais três. Sempre com um sorriso no rosto.

— Bia está no banheiro — ele diz antes que eu pergunte algo — ela ainda está uma fera por você não ter se inscrevido no concurso. Mas você foi lá, ela disse.

— Fui — admito.

— E o que decidiu?

—Ainda não sei.

— Às vezes — diz —, quando eu não sei quais decisões tomar, eu penso nos prós e contras. Existe muitos, meu pai disse. Mas é só pensar quais os melhores e os piores. Não dá pra pensar em todos.

Prós também podem ser contras. Tudo está contra.

Menos o fato de que eu gostaria muito de escrever algo. É assustador.

Lino come mais azeitonas. Ele limpa os dedos em um pano que guarda no menor bolso da mochila.

— O concurso deve ser a minha azeitona — comento.

Lino franziu a testa e disse:

— Isso não faz sentido.

Ele estava guardando o pote de azeitonas na mochila quando sua mão se moveu para trás, rápido, e ele gritou de susto. Mal tive tempo de perceber o que aconteceu antes que risadas irrompessem por todo lado. As azeitonas de Lino estavam espalhadas pelo chão e o pote a uma boa distância de nós. Chutado. Manoel e outro amigo de Álvaro estavam mais próximos de nós. Acho que Rubens quem chutou. Seu rosto está vermelho de tanto rir.

— Por que você fez isso? — Lino perguntou com a cabeça abaixada.

Ele tinha uma voz irritante e rouca e fez o máximo para imitar a voz de Lino. Rubens era alto, maior que eu, mas era magro e desengonçado. Eu queria tê-lo empurrado, queria que as pessoas rissem dele como riram de Lino. Não precisei fazer nada. Bia apareceu e estava furiosa.

— Eu vou matar você se fizer isso de novo — ela diz, gritando.

As pessoas ao redor olham, mas não muitas. Vejo os outros do grupo de idiotas ao longe. Manoel, Hugo, Nino, Kaká e Álvaro.

— Vai me matar como? Com um pau de borracha?

Os amigos dele riram até estarem com a mão na barriga. Álvaro tinha um pequeno sorriso no rosto. Ele estava gostando de tudo isso.

Bia foi pegar a vasilha e me deu. A guardei. As azeitonas estavam perdidas, infelizmente. Virei-me para Rubens e disse:

— Você é um idiota.

Ele nem mesmo ligou. Só olhou para mim e se voltou para Lino.

— Foi só uma brincadeira, Lixo.

Maiores Que Muita Coisa (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora