10 de setembro de 1971 - Amizades

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Na sexta-feira, eu estava saindo da aula de Poções, a última do dia, acompanhada de Severo. Ele insistiu em me levar até a torre da Grifinória. As aulas de poções com o professor Slughorn eram muito interessantes, uma das minhas preferidas até agora, junto com Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas. Nós dois conversávamos animadamente enquanto andávamos pelas escadas. De repente, Severo parou e olhou em volta.

- O que há de errado Sev? - perguntei - Se for Pirraça de novo, deixe que eu chamo o Barão Sangrento e... O que aconteceu?

Ele mexia as mãos, nervoso. Seus olhos andavam se um lado para o outro como se esperasse que alguém saísse do chão e arrastasse para a Floresta Proibida.

-É que eu não quero que eles nos vejam... - ele falou, baixando a voz.

-Eles quem? - perguntei, mas ele virava o rosto para não me olhar. Agarrei-o pelo queixo e virei seu rosto de modo que ele teve que me olhar - Quem, Severo?

-Avery e Mulciber - ele sussurrou -Eles são da Sonserina e...

-Ah - disse, zangada, compreendendo onde ele queria chegar - Então me deixe aqui e vá embora!

Severo andava agindo assim desde que chegamos em Hogwarts. Sempre preocupado e olhando para os lados, preocupado com tudo o que Avery e Mulciber, dois garotos que mais pareciam trasgos, iriam pensar. Se ele soubesse como aquilo me irritava... Ele nem parecia a mesma pessoa desde que começara a andar com esse pessoal da Sonserina!

Cada vez mais começava a pensar que teria sido melhor se ele não tivesse feito amigo algum na Sonserina.

-Lily... - ele pegou minha mão, desesperado - Não fique brava, por favor. Avery e Mulciber, bem, você não entenderia.

-Não entenderia, não é? - falei, dando-lhe as costas e seguindo meu caminho sozinha.

Uma mão me alcançou poucos segundos depois. Severo segurou meus dois braços de modo que eu era obrigada a encará-lo. Crispei os lábios e o fuzilei com os olhos. Estava com tanta raiva que era capaz de gritar com ele.

-Severo, solte-me - pedi, tentando manter a calma, mas ele não soltou -Severo Snape, solte-me neste momento!

-Você ouviu a moça - disse uma voz atrás de Severo - Solte Evans, Ranhoso, agora.

Severo me soltou e se virou devagar para encarar Potter. Agora ele tinha mais seguidores, além do moreno que o acompanhava no trem: um menino baixo e gordinho, com cabelos castanhos claros e olhar ansioso, Pedro Pettigrew, e um menino comprido de olhos e cabelos castanhos e uma cicatriz que cortava o rosto, Remo Lupin. 

- É que não pega bem andar com uma Grifinória? Ou pior, com uma nascida trouxa? Uma, como é que vocês chamam... Ah - falei, com deboche - uma Sangue Ruim?

-Lilian, não é isso... - seu olhar suplicava por desculpas - Você consegue me desculpar?

-Obrigada, mas dispenso suas desculpas, Severo. - o olhei uma última vez -Ou melhor dizendo, Comensal Snape.

-Lilian! - eu via que ele estava desesperado. Todas as vezes em que conversamos desde que chegamos na escola ele tagarelava sobre como ele e seus malditos amigos sonhavam em tornar-se Comensais. Eu não havia compreendido até o momento o que aquilo significava.

-Você está bem, Ruiva? - perguntou Potter, encarando Severo.

-Estou bem - vociferei - E não preciso da sua ajuda, Potter.

Virei de costas e andei o mais rápido que pude até a pintura da Mulher Gorda, ignorando os gritos de Snape e Potter me chamando. Senti que meus olhos estavam se enchendo de lágrimas no momento em que a Mulher Gorda me perguntou o que havia acontecido.

O Diário de Lílian EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora