1 de março de 1976 - Lua Cheia

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Sei que faz um tempo que eu não escrevo, mas eu precisei escrever hoje para organizar os meus pensamentos dentro de minha própria cabeça. Nessa noite, algo muito inesperado aconteceu. E quando digo inesperado, quero dizer que nunca, nem em meus mais estranhos sonhos, imaginei que algo assim aconteceria. E, especialmente, não imaginava que iria descobrir assim.

Eu estava no dormitório sem sono algum em uma noite estrelada de lua cheia. A lua iluminava o dormitório e eu me recostei na janela com um livro no colo e a varinha na mão. Eu me sentia extremamente grata pela vista que tinha da escola naquele momento; eu via tudo o que acontecia nos jardins de Hogwarts.

Comecei a ler aquele maravilhoso livro sobre poções que o professor Slughorn havia me recomendado e eu havia pegado na biblioteca naquele mesmo dia. Estava perdida em meio às páginas enquanto a lua atingia seu ponto mais brilhante naquela noite iluminada.

Pelo canto do olho vi um movimento suspeito na descida no jardim. Imediatamente, coloquei meu livro de lado para tentar ver melhor. Mesmo sob a luz da lua, era dificil ver de que se tratava aquele movimento suspeito.

Minha curiosidade falou mais alto naquele momento, e, em um movimento de estupidez, deixei meu dormitorio naquela noite para ver de perto qual era o grande problema. Por instinto, subi as escadas do dormitório masculino e entrei no dormitório de Potter e seus amigos para conferir minhas duvidas: eles estavam ausentes - os quatro meninos que eu acreditava estarem nos jardins.

Sai do castelo sorrateiramente e corri pelos jardins, guiada apenas pela luz emitida pela minha varinha e pela luz da Lua cheia.

-Venha Almofadinhas! - disse uma voz que eu reconheci como a de Pedro - Tiago disse que viu Aluado correr para a casa abandonada!

-Não o chame de Tiago, seu idiota - retrucou a voz de Sirius Black - Ele é Pontas! Será que eu sempre terei de lembrar-te os apelidos?

-S-sinto muito - disse Pedro. No momento em que eles começaram a andar eu os segui.

-Ora, deixe disso! - ele parou repentinamente e eu dei um passo para trás, assustada. Ele revistou o redor com o olhar, intrigado com algo -Tem certeza de que ninguém nos seguiu?

Meu coração começou a bater mais rápido. Minha cabeça martelava, o que indicava minha preocupação. Estava arrependida de estar ali, queria ter continuado em meu dormitório, mas a curiosidade me impedia de voltar. "Agora que eu já estou aqui..." retrucava minha mente.

-Sim, tenho sim. Eu olhei tudinho, Sirius, eu juro - disse Pedro com sua voz inquieta e estridente.

-E eu tenho certeza de que terei de revisar os apelidos com você - suspirou Sirius, com a voz cansada e entediada, como se tivesse algo muito mais importante para fazer naquele momento. -Vamos mais rápido, senão Tiago, digo, Pontas vai nos matar.

Eles começaram a ir mais depressa e eu comecei a correr, mantendo distância suficiente para que eles não me vissem. Os dois meninos pararam perante ao Salgueiro Lutador, onde uma terceira figura os esperava, com ares de impaciencia.

-FInalmente! Onde estavam vocês? - perguntou Potter, com ares de superioridade, como se o mesmo fosse o lider daquele grupo de meninos.

-Estávamos vindo, não precisa exagerar - retrucou Sirius. Ele parecia ser o Beta, enquanto Potter era o Alfa daquela matilha. Comecei a imaginá-los como diferentes tipos de hierarquia, colocando sempre Sirius em uma posição que pudesse desafiar seu superior. -Então, onde ele está?

-Passou por esse buraco - Potter apontou um buraco no chão, ao lado do Salgueiro. -Eu estava esperando vocês para poder entrar nele.

-Já estamos aqui, já podemos ir - disse Sirius, indo na frente e pulando no buraco. Potter empurrou Pedro e foi logo depois dele.

Então eu estava sozinha, com a faca e o queijo na mão. Podia pular no buraco e descobrir os mistérios por trás disso tudo, ou podia apenas dar meia volta e voltar para a torre da Grifinória. Minha mente martelava a frase "volte para a torre", mas meu coração gritava em plenos pulmões "descubra o que está havendo". Segui a voz que falava mais alto, e quando me dei por mim, estava descendo um escorregador de terra no subterrâneo.

Cai em um corredor de madeira em uma casa que parecia abandonada há anos. Havia poeira e teias de aranha por toda a parte, e a escuridão era iminente. Saquei minha varinha e murmurei "Lumus". A mesma acendeu um baixo feixe de luz, suficiente para enxergar o que vinha a frente.

-Tiago! - gritou uma voz indignada em um dos cômodos. Comecei a me guiar pelo som, até chegar em um cômodo que parecia ser um quarto abandonado, com uma cama e uma penteadeira.

-Eu só disse que ele podia ter matado alguém - murmurou o garoto de cabelos pretos que se encontrava de costas pra mim - Não disse nada além da verdade! E além do mais, temos todo o direito de estar aqui!

-Tiago, vire-se - ordenou Lupin, com sua voz calma revelando um sorriso.

Potter pareceu confuso e relutante, mas vagarosamente se virou. Meu coração parecia tentar saltar por minha boca e eu tentei me esconder.

-Mas que diabos...? Evans! - gritou a voz furiosa de Potter, marchando em minha direção. Engoli em seco e me recompus, fazendo minha melhor cara de brava. Potter agarrou meu braço com mais força que eu esperava e me puxou para dentro do quarto em frente ao de seus amigos. - Quem você pensa que é me seguindo até aqui a noite? Você podia estar morta, sabia? Os Trouxas não ensinam aos filhos sobre perigos?

Ele gritava, furioso, segurando-me pelos ombros.

- Merda, Potter, solte! - soltei-me de seu toque - Você tem ideia do nível de problemas em que vocês podem se meter saindo assim do castelo, dessa forma? Por Merlin! E você me pergunta quem sou, não é? Sou Lílian Evans. Sou uma das bruxas mais inteligentes de nossa geração segundo nossos professores. Estou mais preparada que qualquer um de vocês para qualquer batalha. A verdadeira pergunta é quem é você, Tiago Potter, e se você se orgulha de ser esse menino mesquinho que você é. Eu teria vergonha se fosse você. Teria vergonha por dar tanto desgosto para todos...

Então ele me puxou pela cintura. Arregalei os olhos, assustada. Ele me puxou, colando nossos lábios e me beijando enquanto ouvíamos o soar da meia-noite.

O Diário de Lílian EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora