17 de novembro de 1976 - Café da Manhã

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Entrei na enfermaria vazia usando a roupa de enfermeira que madame Pomfrey mandara. Como monitora-chefe, eu às vezes era responsável por turnos na enfermaria para cuidar de alunos machucados (especialmente durante os fins de semana em que Madame Pomfrey visitava o povoado). Mas dessa vez eu realmente estava aliviada de não ter que cuidar de algum idiota que fez um feitiço errado. Era Remo. Quando entrei no quarto, ele lia a edição matinal do jornal. Seu rosto estava marcado por cicatrizes recém-fechadas, apesar de algumas aparecerem pelos braços também.

-Ei, como se sente? - perguntei, despertando-o de sua imersão n'O Profeta

Ele levantou uma das sobrancelhas, sarcástico, por mais cansado que parecesse. Eu carregava um prato repleto de suas comidas preferidas: wafles, pudim, suco de abóbora, chocolates diversos, e por aí vai.

-O que está fazendo aqui? - ele perguntou e por mais que não quisesse ser rude, seu sarcasmo era péssimo.

-Nossa, obrigada - resmunguei. Coloquei o prato na mesa ao seu lado e sinalizei para que ele se movesse na cama, de modo eu pudesse sentar na beiradinha. Ele o fez e eu sentei, ajeitando aquele chapeuzinho ridículo que madame Pomfrey adorava.

-Não, eu quiz dizer... - ele provavelmente estava tentando dizer Eu esperava que Tiago, Sirius e Pedro viessem para que eu pudesse conversar com eles sobre ontem de uma maneira discreta. Ele olhou para o prato de comida e ajeitou-se na maca, com um sorriso -Oi, Lily.

-Você está péssimo - resmunguei mais uma vez. Toquei, sem pensar, em um dos ferimentos em seu preito, cobertos por uma atadura nova. Seu rosto se contrceu em uma careta e, gentilmente, Remo tocou minha mão e empurrou-a para longe, de uma maneira que pude entender que não era pessoal. Aquelas feridas ainda doiam - por dentro e por fora. Mais uma das consequências de ter o corpo totalmente reestruturado em menos de dezoito horas.

-Nossa, obrigado - ele retrucou, sarcástico.

-Seus meninos foram pegos voltando para o castelo hoje de manhã e agora estão detidos - contei -Então fui mandada como substituta. Vim trazer café da manhã, chocolate e fofocas - tirei do bolso uma bolsinha cheia de doces chiquei da Honeydukes e coloquei junto ao prato de Remo -Tiago Idiota Potter me deu isso aqui.

-Não comece a falar mal dele senão começarei a agir como ele - então, em uma péssima imitação da voz de Potter: -Estou tão apaixonado por você e tudo mais...

-E tudo mais? - perguntei em meio às risadas.

-E tudo mais - concordou ele.

-Não, você não é nem um pouco tão idiota quanto Potter - comentei, ainda rindo.

-Acho que não - concordou ele, comendo pedacinhos da torrada que eu trouxera para ele -Você gosta um pouquinho dele, não é? Quero dizer, todo mundo é um poquinho apaixonado por ele.

-Nem todos gostam de biltres arrogantes - retruquei, forçando um sorriso.

-Mas você saiu da Torre da Grifinória com ele na festa de Halloween - comentou ele com um sorriso sarcástico. Pude sentir minhas bochechas queimarem. Droga, Remo.

-Eu estava bêbada - resmunguei -Ele tinha me embebedado para que eu não o odiasse.

-Também estava bêbada na casa de Lene durante as férias? - continuou -Ou então em março do quinto ano, quando beijou ele na Casa dos Gritos? - ele fez uma pausa para rir de mim, que o encarava, perplexa -Você não é a única que sabe das coisas, Evans.

O Diário de Lílian EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora