Gênio de Olhos Estrelados

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- Pela Mãe, Az, você está pálido. - A Grã-Senhora já estava ao lado do espião quando este saiu dos aposentos de Elain.

Azriel estava parado na porta, ainda assimilando e conectando cada imagem passada por Elain. Todas se referiam à Lotte, em todas ele a via sofrer, chorar e sangrar. Ele a via num canto, chorando como uma criança e tão encolhida. Os ombros balançavam e ela tinha o rosto pálido e os olhos opacos, a expressão de terror e espanto.

- Não, por favor...

Ele ainda ouvia ela sussurrando e repetindo palavras desconexas, chorando e berrando, tentando afastar alguém invisível. Ela estava sofrendo e apavorada, com tanto medo que tremia e se debatia, as unhas cravando na própria pele e raspando até sangrar. O couro illyriano estava sendo perfurado com tanta pressa e medo, e os cabelos loiros pareciam tão secos e opacos quanto os olhos esmeraldas.

Azriel nunca tinha imaginado vê-la em pior estado como na vez em que fora perseguida e apunhalada pela besta na fronteira da Estival. Talvez aqueles olhos cobertos de terror fossem a imagem mais angustiante e apavorante que ele presenciaria, e talvez fosse atormentado por muitas noites quando lembrasse do que Elain havia mostrado.

- Eu preciso... Ir. - talvez ele estivesse paralisado, pois não conseguia sentir seu corpo. Os instintos e sentimentos estavam em alerta e batiam contra seu interior, mas o corpo ainda temia o que havia visto nos olhos verdes que tanto amava.

- Az, você não parece bem. O que você viu? - pelo que sabia, Elain não deixará ninguém ver a visão senão ele. Nestha parecia preocupada, mas talvez estivesse mais ansiosa para saber se Lotte seria a salvação ou destruição de Velaris.

- Lotte. Eu preciso ir até Lotte. - e antes que os outros pudessem tocá-lo, Azriel fora engolido pelas sombras e pela escuridão, atravessando o tempo e o espaço em busca de sua parceira.

[...]

Quando a figura de Azriel apareceu atrás do corpo pútrido da besta-homem, Lotte quis morrer de felicidade. Tanto por saber que ele estava bem e a Corte também, quanto para contar o que descobrirá naqueles poucos instantes com o macho illyriano.

A felicidade não durará 1min completo, pois os olhos dela logo voltaram ao corpo da besta. Ele era um macho, um inocente e alguém havia violado seu corpo e o transformado em um monstro para benefícios próprios. Lotte não queria imaginar a tortura de ter seu corpo transfigurado, ou de ter sua mente violado por um mestre, ou a humilhação de ser tratado como um cão-de-caça.

Então as lágrimas brotaram e ela se permitiu chorar e viver o luto pelo macho caído, pela vida que alguém lhe derá novamente apenas para usá-lo como fantoche. Azriel estava irradiando raiva, muito bravo por ter deixado a parceira em perigo, porém a irritação sumiu quando os olhos avelãs e acolhedores perceberam as lágrimas caindo pela face delicada e suja de terra.

- Amor...

Azriel atravessou o pequeno espaço entre eles rapidamente, largando as espadas gêmeas que estavam em suas mãos prontas para um combate com a besta que atacava Lotte. Ele atravessou rápido e duro, deixando-se cair de joelhos para que pudesse vê-la melhor. Com agilidade, Azriel verificou qualquer lugar do corpo de sua parceira em busca de possíveis ferimentos e sangue, observando as expressões de choro dela mesmo que não estivesse ferida.

Portadora da Luz: Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora