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2 meses. Mais de 2 meses frequentando em seus sonhos a Corte Primaveril e Tamlin, o Grão-Senhor.
Todas as noites em seus sonhos, Lotte viajava até Prythian. O fascínio evidente pela terra fantasiada fez com que a jovem descobrisse os outros livros da saga, os devorando nesses últimos meses. A história de Tamlin a havia feito questionar consiga mesma se estava cega pelo mesmo, como se quisesse apagar o passado tóxico e abusivo. Por alguns dias, deixou o livro de lado, ponderando sozinha sobre como o encararia em seus sonhos sabendo os erros do mesmo.
Ele havia sido um monstro.
Era o que queria acreditar e o que devia querer. Entretanto, no último mês o macho havia se tornado uma extensão dela, um bom amigo. Não um caso amoroso, eles nem questionavam isso. O fato era, que apesar das diferenças, ambos eram muito parecidos. Eles tinham passados semelhantes, escolhas erradas e muito sofrimento interno. A preocupação excessiva com os entes queridos, chegando a beirar uma obsessão. O pavio curto e o humor ácido também, além da infantilidade e a forma como viam o mundo. Eles poderiam ser a mesma pessoa em dimensões diferentes se Prythian fosse real.
Como irmãos.
Lotte acreditava nisso, porém culpava sua própria carência e falta de socialidade com a própria espécie. Crescida sozinha, batalhando nas ruas pelo próprio pão de cada dia. Sem família, sem amigos, sem lar. A infância havia sido crítica e as coisas não melhoraram tanto depois de completar 18 anos. O apartamento alugado, o emprego miserável e a falta de um lugar para chamar de lar. Por isso a obsessão por livros, eles a faziam sonhar e imaginar estar dentro das histórias, com pessoas que ela consideraria uma família. E ver Tamlin, um ser totalmente solitário, largado e dentro da própria dor e escuridão a inspirava para que o ajudasse, para que o erguesse.
Entretanto, mesmo após descobrir o motivo da solidão e da corte abandonada, Lotte nunca o questionou ou perguntou sobre. Ela estava esperando que ele pudesse confiar e se abrir voluntariamente, dando o tempo e espaço necessário para o mesmo decidir. Era tão boba de pensar assim, pois ele não era mais que um personagem em seus sonhos vívidos. Então ela apenas vivia um dia de cada vez ao lado do macho, aprendendo sobre a cultura, sobre a história, sobre caça e pesca e tudo o que ele estava disposto a compartilhar.
Ela conseguirá fazer com que ele tomasse banho diariamente, transformando os cabelos opacos em sedosos novamente e fazendo com que o mesmo voltasse a seu físico de guerreiro e tivesse olhos esperançosos novamente. Era como cuidar de uma flor murcha, trazendo vida. Ele já estava mais a vontade, sempre disposto a conversar e fazer piadas com a total falta de agilidade de Lotte. Caçoava de suas roupas estranhas, e de sua forma de impressionar-se com tudo, como se fosse tudo inédito para ela. E era mesmo. Charlotte nunca havia tido sonhos assim, as vezes questionava a si mesma o quão longe sua mente podia chegar e o quanto ela estava ferida ainda para fazer de um personagem seu melhor e único amigo.
- E sua corte? Onde está seu povo? - ela não aguentava mais.
Estavam em outra tarde ensolarada, bem no centro do rio, com varas nas mãos e os pés enfiados na água. Estava calor, porém com um vento gelado, como em todas as tardes. Sentados na grama verde e encobertos do Sol por uma linda figueira grande e robusta. Ao longe, animais pulavam e corriam, os pássaros no céu voando e os que permaneciam nas copas das árvores cantavam alegremente. Como em todos os dias, Lotte só via Tamlin. Mais nenhum ser podia ser visto, mesmo que o rio fosse um tanto distante do castelo do Grão-Senhor. Como se o povo o evitasse.
- Você é muito indiscreta... Tsc. - ele soltou baixo depois de ponderar por uns minutos. Era evidente o desconforto do macho com o questionamento da jovem, como se temesse contar a verdade. Como se a vergonha o fizesse esquecer tudo.
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Portadora da Luz: Entre Dois Mundos
خيال (فانتازيا)Charlotte Evans era mais uma garota típica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tímida, mas tagarela e criativa. Uma alma pura, um coração bom. Ou uma leitora, uma assídua leitora. Sua vida inesperadamente é c...