Votem e comentem
Na mesma noite, Azriel atravessou até o próprio quarto na Casa do Vento. O coração acelerado e a respiração cortada, além do rubor nas próprias bochechas e o tremor no próprio corpo.
Parceira.
Ele não devia ficar tão envergonhado, principalmente depois dos inúmeros flertes que jogou em Lotte durante aquele tempo. Mas admitir em voz alta em sua frente tornava a situação diferente, fazia com que se tornasse mais íntimo, fazia com que fosse real, fazia com que ele perdesse a cabeça ao pensar na reação da loira.
Lotte era inteligente e deverás astuta, ela provavelmente deveria entender a frase, pois sabia tanto sobre a parceria quanto eles. Ela devia imaginar que chamar alguém de "parceira" significava algo completamente diferente, que significava o quão preciosa era para a outra pessoa.
Mas ela é muito ingênua.
As sombras estavam certas. Lotte tinha total conhecimento e era esperta, além de observadora, porém era muito inocente em situações desse tipo. Ele sabia sobre o passado com o ex-amante, sobre o quanto a feriu e o quanto ele destruiu o sonho dela, sabia sobre os abusos e agressões, também sabia o quão inexperiente ela era com homens. Afinal, só havia tido um em sua vida e o mesmo destruiu ela.
Por isso, toda vez que Azriel lembrava, muitas vezes quando a via dançar com Lyria e Astrid, ele sentia tanta raiva e vontade de estrangular o homem. Pelas agressões, pela maldade, pelas cicatrizes internas e pela perna quebrada. Mas principalmente, por ter tratado uma fêmea tão maldosamente, por ter um ego tão grande e presunçoso ao ponto de levantar uma mão para ela.
Parceira.
Ela era sua parceira, mesmo que ainda não soubesse. Era sua, para cuidar, proteger e apoiar. Ele estava apaixonado por aquela humana, por seu jeito e por seus olhos, ele queria curá-la e ajudá-la. Azriel queria ela, total e completamente para ele.
[...]
Quando o Sol estava prestes a sair, com os pássaros começando sua cantoria e quando o céu decidiu mudar de cor, Lotte acordou em seu quarto no alto da montanha.
- Bom dia, Hawk. - a coruja estava com os olhos e o bico praticamente em seu rosto, a observando cuidadosamente.
Não demorou para se aprontar, vestindo o belo couro illyriano que Azriel havia lhe dado na noite anterior. O couro era lustroso e escamoso, como pele de dragão. Era quente por dentro e ajustava-se tão bem no corpo da loira que ela cogitou que o macho tivesse conseguido de alguma forma suas medidas. A jovem sentiu certa vergonha ao imaginar as mãos do macho a medindo, porém não pôde evitar o fraquejo nas pernas com a imagem.
A pequena mochila estava sobre a cama quando a loira parou de admirar o próprio traje novo e brilhante, o quão confortável e flexível e maleável ele era, além de deixá-la com um aspecto de guerreira poderosa. Ela riu ao imaginar que os illyrianos usavam os trajes somente para exibirem seus corpos musculosos e manterem suas poses de guerreiros.
- Você ficará? - a coruja estava com o rosto enfiado em uma das asas, coçando com o bico urgentemente.
Um piar raivoso junto de um levantar de voo foi a resposta dada por Hawk. A missão dada por Rhysand tinha como objetivo principal pôr Azriel dentro do maldito castelo das Rainhas Mortais, o que apesar de parecer fácil e rápido, também poderia tornar-se difícil dependendo dos encantamentos de proteção. Lotte não sentia que as mocreias facilitariam sua entrada na propriedade, também sabia que poderiam haver diversos contratempos considerando o quão ruins as coisas estavam.
O escudo ao redor de Velaris dizia por si só sobre a imensidão do poder de Lotte, contando com suas habilidades recém adquiridas em combate e com os ensinamentos em magia, o que fazia com que a mesma tivesse um mínimo de confiança. Ela tinha progredido rapidamente, quebrar feitiços e barreiras, anular poderes e inibir magia, ela tinha treinado muito para situações semelhantes. Os ensinamentos com Amren a tinham feito considerar conhecer o próprio dom, estudando sobre ele conforme praticava. Além de que uma das principais causas para sua evolução precoce fosse o pavor da loira pela imediata, que sendo ou não um monstro enjaulado, conseguia assustar até mesmo o Grão-Senhor.
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Portadora da Luz: Entre Dois Mundos
FantasyCharlotte Evans era mais uma garota típica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tímida, mas tagarela e criativa. Uma alma pura, um coração bom. Ou uma leitora, uma assídua leitora. Sua vida inesperadamente é c...