A Ilusão da Morte

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O castelo conseguia ser estupidamente frio e temeroso, a aura de podridão ainda estava impregnada dentro das paredes de pedra, revestindo-as como argamassa. Mesmo com seu poder queimando todo e qualquer rastro das barreiras, ainda tinha uma presença maligna e cruel prevalecendo dentro dos corredores, dos cômodos, de cada pequeno tijolo, como se toda a construção estivesse corrompida infinitamente.

O encantador seguia ao lado dela, suas espadas gêmeas nas mãos prontas para qualquer coisa que estivesse a espreita. Eles passavam pelos corredores com seus ouvidos atentos, com as respirações irregulares e com palpitações constantes em seus corações.

- O que estamos procurando mesmo? - Lotte ousou perguntar, em um sussurro quase inaudível com medo de atrair atenção.

Eles não andavam por muito tempo, com Azriel os atravessando para cada parte do enorme castelo. As sombras que pertenciam ao macho os cobriam quando avistavam passos e Azriel a cobria com as enormes asas quando pressentia qualquer perigo. Seus sentidos pareciam mais aguçados e ele não estava confortável com a situação.

Para Lotte, a sensação de podridão era quase sufocante. Mas para Azriel, com seus sentidos avançados, a sensação era cem vezes pior. Ele podia sentir todo traço de magia negra incrustado dentro das pedras que compunham o castelo, conseguia sentir os sentimentos de ódio, rancor e podridão, da crueldade e desgraça que aquele lugar caía, sem contar o cheiro. Ah, o cheiro de morte. Ele tentava o possível não respirar mais que o necessário, tentando filtrar o cheiro nojento e repulsivo da morte.

- Não tinha parado para pensar nisso.

- Quê? - a loira quase gritou - Quer dizer, você não sabe? - a voz voltou para um sussurro.

- Qualquer coisa que pareça suspeita, um mapa, uma carta, algo que possa relacionar com os ataques das bestas ou com os desaparecimentos das Cortes.

Azriel estava tenso como pedra, um pouco temeroso, algo ali exalava um poder diferente do que ele já virá. Ou talvez já havia visto em um passado turbulento e traumático. Todavia, o encantador estava preparado para lutar contra qualquer coisa que parasse em seu caminho. Com a pequena amostra da besta, Azriel agora possuía conhecimento o suficiente pata derrota-las facilmente e com as recentes habilidades de Lotte, ele não tinha dúvidas sobre quem ganharia.

Conforme seguiam pelos corredores, o odor putrido de magia se intensificava, causava repulsa e nojo, era quase uma droga. Não havia ninguém conforme eles seguiam, parecia exatamente como o castelo de Tamlin quando a loira o conheceu. Era vazio, sem vida e fedorento.

- Não está muito quieto?

Ironicamente um castelo tão bem protegido por magia negra também era o mesmo que não possuía alma alguma. Onde estariam os funcionários? E os guardas e as Rainhas? Não havia bagunça, todos os móveis eram bem cuidados e quase não havia sinal de sujeira. Azriel já tinha reparado nisso antes de Lotte mencionar, mas ele não queria pensar que estavam caindo em alguma armadilha sem ter certeza.

[...]

Quando foi puxada para baixo o desespero tomou conta de Lotte. Ela não queria morrer ou ser torturada ou qualquer outra coisa. Ela não queria ser a mocinha dos livros que lia, essas precisavam fazer sacrifícios que Lotte não sabia se teria coragem para fazer. E por falar em coragem, a loira tinha certeza que também não possuía essa virtude, o pavor que rodeava sua mente e fazia seu corpo tremer já indicava que o medo era maior.

Ela desceu naquele buraco-de-minhoca até bater com as costas no chão duro feito de pedra. Seus ouvidos não estavam prontos para escutar o impacto de seus ossos contra o piso preto e ela chorou de dor quando tentou levantar daquele lugar. Não estava quebrada, mas estava dolorida e com medo, o impacto tinha sido o bastante para lhe machucar. Lotte sabia que a anti-magia iria curá-la antes de sair daquele lugar, mas até que o poder agisse ela ainda sentiria a dor.

Portadora da Luz: Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora