Sob As Estrelas

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3 semanas. 3 malditas semanas sem Azriel.

Depois do teste de Armen e da discussão entre eles, o macho sequer deu as caras. Ele não aparecia em seu quarto, não tomava café e Lotte acreditava que nem mesmo dormia na casa. Ela poderia ter passado dos limites, mas estava certa. Era uma possibilidade entre mil, o que eles fariam se ela não conseguisse usar o dom? Armen cortaria a asa dele e Azriel deixaria? Ou iriam utilizar outro tipo de pressão psicológica? Estava brava, sim, e com a ausência do macho as coisas não melhoraram.

Ela e a imediata continuaram as aulas diárias, com a loira expandindo e retraindo o poder, diversas vezes. Com alguns feitiços e proteções básicos, Lotte conseguia usar o poder para desativá-los. Tentaram utilizar nos membros do Círculo, missão muito bem sucedida. Armem parecia gostar dos avanços da loira, muita satisfeita e orgulhosa, sempre pensando um passo a frente. No momento, estavam testando o quão estável o poder ficaria se liberado, para que pudessem usar como uma barreira contra inimigos.

- Precisa de concentração, criança. - a imediata repetiu pela décima vez.

- Estou tentando.

Não era tarefa fácil, o corpo estava exausto depois dos treinos com Cassian, além de sentir o peso do próprio dom querendo esmagá-la. Por ser humana, as coisas não melhoravam, sua resistência era menor e os limites do corpo gritavam para que a mesma parasse. Mesmo quando era bailarina, nunca havia sentido tanto cansaço, como se estivesse uma pedra encima de seus ombros. Era pesado, forte e intenso, puxando as próprias forças da jovem.

- Talvez devêssemos testar em outro lugar... - Armem comentou baixinho, arquitetando algo na própria mente - Liberada, preciso sair.

A imediata a deixou no quarto sozinha. Sua relação estava boa depois de um pedido nada sutil de desculpas por parte da fêmea. A joia verde no criado-mudo havia sido a forma de remediar a situação; Lotte aceitará depois de uma semana, depois da raiva passar. A loira não sabia porque estava com tanta raiva, pois era impossível que a imediata decidisse punir Azriel por sua incompetência. Todavia, pensar no macho sendo feito de refém, em uma situação de perigo, completamente indefeso era como ter um desespero surgindo no próprio peito. Ninguém podia tocá-lo para causar mal, ninguém.

Já estava anoitecendo e Lotte só pensava em comer algo e dormir até o próximo dia, totalmente exausta da rotina. Por um lado era incrivelmente bom, os treinos estavam dando resultados e Cass parecia um pai orgulhoso toda vez que completava algo. Não era uma profissional, porém conseguia acertar socos e chutes agora, podia correr metade das escadarias da montanha e conseguia repetir mais de 100 vezes os exercícios. Na próxima semana, o general havia dito que usariam espadas, para treinamentos superiores, talvez até mesmo fosse ao acampamento para testar com outras fêmeas.

Era gratificante ver o quanto haviam se tornado próximos, principalmente com a presença de Astrid para alegrar os treinos. Vez ou outra, Nestha era quem a treinava quando o general precisava ir ao acampamento. A Archeron era pior mesmo, sendo mais agressiva e letal com os treinos, prolongando os horários e fazendo Lotte suar como um porco no Sol. Interiormente, a loira preferia a fêmea, pois estava tão exausta que até pensar doía, e devido aos últimos acontecimentos, os pensamentos de Lotte não conheciam nada além de um encantador.

- Grrrrrrr.

A jovem queria gritar, explodir, destruir cada coisa em sua frente. Os malditos pensamentos estavam voltados para Azriel desde que o expulsou do quarto, culpando a si mesma por ter sido dura. Ele estava tentando ajudá-la, mesmo que de forma errada, tudo para que Lotte descobrisse o mecanismo que a bloqueava.

Ele e o cabelo preto despenteado; ele e o sorriso torto; ele e o traje illyriano; ele e a incrível habilidade de deixá-la nervosa; ele, ele, ele. Era impossível que estivesse corroendo-se por um macho inalcançável, era completamente sem sentido que estivesse sentindo tanto a falta do macho a ponto de que seu dia ficava cinza e nublado quando não o via. Ela não negaria que ter ele como companhia era aconchegante e maravilhoso, pois estar com ele fazia com que risse mais. Ele era inspirador, um macho de honra, com sombras em volta. Até mesmo suas sombras eram encantadoras aos olhos verdes de Lotte.

Portadora da Luz: Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora