10. Pity party

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Quando Namjoon chamou Seokjin para ir à festa de seu pai, tinha sido para ir como convidado. Não imaginou que o espírito de trabalhador de seu crush fosse o impelir a arrumar um jeito de ganhar dinheiro com o convite. Devia ter adivinhado, Seokjin parecia gostar muito de dar um jeito de ganhar algum dinheiro extra. Contudo, esperava que não acontecesse justamente na festa chata do pai. Tinha planos, e foi obrigado a reformular tudo por causa disso.

No dia seguinte foi à conveniência e descobriu que seu atendente preferido tinha falado com o amigo e este ofereceu a ele uma vaga como garçom na festa, e posterior lavador de louça no final. Seokjin lhe falou que seu amigo sempre fazia isso quando possível, e ele não viu por que negar. Pediu a substituição da folga para ir, e estava resolvido assim.

— Um bom motivo pra negar seria eu ter te convidado pra ir comigo — Namjoon argumentou.

— Eu ainda vou estar lá. Nos intervalos eu converso com você.

— Eu queria você em tempo integral, foi pra isso eu te chamei.

Seokjin ficou envergonhado com sua fala, e Namjoon achou muito bem feito que se sentisse dessa forma. Não sabia por que Seokjin era tão viciado em fazer qualquer bico que aparecesse, mas achava um absurdo que ele tivesse conseguido um na festa em que, supostamente, Namjoon teria mais oportunidades de dar em cima dele. Era certo que transformava qualquer evento numa oportunidade, mas seria ótimo poder fazer isso também no aniversário do homem que tinha contribuído com uma mínima parte na sua concepção. Pelo menos não estaria sozinho, enchendo a cara, tão entediado no meio dos tios, primos e amigos enfadonhos do velho e barrigudo Kim. O que era mais deprimente que ficar bêbado a sós?

— Mamãe diz que quando eu ficar mais velho, eu vou ser igual ao papai. — Taehyung chegou perto de Namjoon, que estava sozinho na varanda da área de festas do hotel. — Deus me livre. — Escorou-se no batente, dando um bom gole de sua taça e apontando para dentro. — Eu amo o cara, mas olha aquela barriga horrorosa dele, parece que tá cheio de verme. Todo magrelo e só a barriga apontada pra frente. Isso não é futuro que se deseje pro próprio filho!

— Nossas mães, além do péssimo gosto pra homem, compartilham a mesma opinião sobre os filhos. — Olhou para dentro, onde o pai conversava animadamente com um grupo de pessoas. — Deus me livre também, esse castigo seria demais pra mim. — Cruzou os braços, arfando. — Ainda bem que eu puxei minha mãe.

— Eu acho você mais parecido com o papai do que eu.

— Vai se foder! Eu sou gostoso pra caralho, nunca que eu seria parecido com ele! Tá doido?

Taehyung riu, sabendo que iria irritar o irmão fazer qualquer comentário que o ligasse ao pai. Queria que fosse diferente, que Namjoon se desse bem com o pai deles, mas entendia os motivos do meio irmão mais velho. O pai não tinha sido bom para ele. Abandonou a sua mãe para ficar com a mãe de Taehyung, e o rapaz acreditava que, apesar do trauma que esse tipo de coisa causava, Namjoon poderia viver com isso. O problema tinha sido que o pai passou a agir como se a família anterior fosse um mero detalhe. Pagou pensão para Namjoon até que ele completasse a maioridade e ligou para ele em aniversários, e essa foi toda a responsabilidade paterna que teve com o seu filho mais velho. Taehyung amava o homem, mas mesmo sendo o filho da família atual, tinha sua experiência com a relapsia do sujeito. Não fosse por morarem na mesma casa, dificilmente o veria.

Curiosamente, Namjoon se dava muito bem com sua mãe, e às vezes achava que a mãe gostava mais dele do que do próprio filho. O mesmo não acontecia com a mãe de Namjoon e ele, Taehyung; nunca foi tratado mal quando ia na casa de seu hyung o visitar, mas sentia que sua presença deixava a mulher desconfortável. Mesmo criança, podia sentir. Foi parando de ir lá aos poucos, e agora que Namjoon morava sozinho, não o fazia mais. Adulto, já não a culpava mais por isso. Seu pai tinha sido mesmo um canalha com ela. Podia ser errado, mas era justificável.

Ride (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora